terça-feira, 24 de janeiro de 2017



EFEMÉRIDE # 12


OS ETERNOS PEQUENOS VAGABUNDOS



Quis o destino que PHILIPPE NORMAND fosse o primeiro dos sete pequenos vagabundos a desaparecer, passam hoje precisamente 4 anos (24 de Janeiro de 2013).  Jean-Loup, o menino de abastada família parisiense que, à última da hora, vê alterados os planos da suas férias e é enviado para um campo de férias nas Ardenas belgas. A sua personagem era a mais felizarda porque no meio de todas aqueles aventuras ainda foi premiada com as atenções da Marion-des-Neiges, a loira canadiana de olhos doces...
Para além de actor também fez carreira como cantor de estilo romântico mas sem alguma vez ter repetido o sucesso obtido em 1969 com "OS PEQUENOS VAGABUNDOS", à semelhança do que aconteceu com os seus colegas de filmagens que prosseguiram as suas vidas profissionais nas áreas mais diversas...
A série foi um megasucesso por cá e por toda a Europa e as razões para isso são fundamentalmente duas: a característica dos protagonistas e heróis serem miúdos como nós e depois também apresentava um enredo de aventura e mistério assente na busca do mítico ouro dos TEMPLÁRIOS...    Quando um dos rapazes diz a certa altura "não podemos confiar nos adultos" delimita esse mundo à parte que habitava em cada um de nós, com muitas imitações dos mais velhos, é certo, mas também com regras muito próprias, típicas de quem queria descobrir coisas novas, penetrar nos mistérios e ser herói em tantas aventuras... Nós, que éramos miúdos de aldeia sem amarras nem limites físicos, com carta branca para explorar e descobrir, identificávamo-nos com os pequenos vagabundos, éramos uns pequenos vadios em busca de uma qualquer verdade oculta, quiçá um fabuloso tesouro....




Claro que havia outras séries de culto dedicado: BONANZA, LANCERO SANTO,  MAIORAL, O CASAL MCMILLANVINGADORES, ROBIN DOS BOSQUES ou o fantástico DANIEL BOONE  (BÓNE, no nosso inglês da época....) mas, quando chegava ao conhecimento público a exibição dos Pequenos Vagabundos na Tarde de Cinema da RTP, o frenesim e a expectativa eram tão grandes que não se falava de mais nada naqueles dias que antecediam o grande acontecimento... E nesses dois domingos à tarde consecutivos (4 episódios por domingo) era preciso chegar cedo ao café porque não iria haver cadeiras suficientes....





E naqueles dias mais próximos todas as aventuras dos pequenos vadios andavam à volta do "tesouro do castelo sem nome", nós, exploradores de um mundo oco feito de calcário e familiarizados com o fascinante ambiente das grutas (Alvados, Santo António ou Mira de Aire) desatávamos a explorar qualquer buraco subterrâneo de dez palmos de profundidade à cata da entrada para o maravilhoso mundo oculto dos tesouros... Chegámos até a a pendurar uma resistente corda no cimo da ponte do OLHO DA LAJE e descer até aos fundos da ribeira, palmo a palmo, proeza tão igual àquela que fizeram o cowboy e o Jean-Loup quando subiram ao cimo do castelo sem nome....
E durante anos, sempre que ia à vila em dia de mercado ou mais tarde já aluno no liceu, dava por mim a olhar para o maravilhoso castelo lá no alto e imaginava um cavaleiro templário de guarda a um tesouro imenso, à espera que alguém descobrisse o segredo...



E até dei por mim a cogitar um dia se a minha infantil preferência pelas loiras não se devesse à Marion-des-Neiges, essa musa intemporal que com o quente pulsar do seu coração permitiu o deciframento do enigma...  Mais tarde preferi as morenas, mas isso são outras aventuras....

Hoje, Les Galapiats, depois da demanda do tesouro templário, teria outras infindáveis temporadas, Jean-Loup tinha ido ter com Marion ao Quebéc, talvez tivessem casado e tido filhos, talvez não, mas andariam todos em busca da Arca da Aliança, tentariam decifrar o enigma das Pirâmides, descobrir a localização da Atlântida ou do Santo Graal....




João Breve

(Cronologista de Valmedo)

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