sábado, 29 de abril de 2023

 

ESCRITO NA PAREDE - XXIV


CAMINHADA OU LEITURA  EM MADRID? AMBAS!



E brutal mesmo é, entre a caminhada e a leitura, descansar sentado num livro, pensar e observar rodeado de livros...




João Vírgula

(Leitor de Valmedo)

 

"Sin palabras" - Manolo Quejido, 1977 - (Exposição Palácio Velasquez, Abril 2023)

João Plástico

(Artista de Valmedo)

sexta-feira, 28 de abril de 2023

 

ARTISTICO RETIRO EN LA NATURALEZA...


Quando estava com um pé em Castela chamavam-lhe Felipe e era o quarto mas quando punha o outro pé em Portugal tornava-se Filipe e passava a terceiro, viveu 60 anos, 5 meses e 9 dias e desde os 16 anos de idade que reinou por mais de 4 décadas para gaúdio dos seus apoiantes que lhe chamavam "O Grande" e "O Rei Planeta" e para desgosto dos seus detractores que o apelidavam de "O Opressor"... O ano de 1640 foi-lhe agridoce, depois de 60 anos de união ibérica Portugal tornou-se independente mas por outro lado, talvez para digerir as frustrações em retemperadores passeios num idílico retiro e após 10 anos de obras recebeu de presente um grandioso parque: o Real Sitio del Buen Retiro!


"El Gran Estanque" - Jean-Charles Forgeronne

Hoje, passados 383 anos da sua inauguração, o Parque del Buen Retiro é desde 2021 considerado Património Mundial da Unesco apesar de ocupar "apenas" 125 hectares, uma pequena parte da área original, afinal o parque tinha sido destruído quase na totalidade durante as invasões napoleónicas e desse tempo resta somente o grande lago conhecido como o Gran Estanque, construído já  Felipe IV morrera... Mais tarde, em 1902, foi erguido o grande monumento que impera nas suas margens...


"Palacio Velasquez" - Jean-Charles Forgeronne

Duas visitas obrigatórias durante um passeio por entre as mais de 15000 árvores do Retiro são o Palácio Velasquez, construído em 1881 e que hoje acolhe exposições de arte contemporânea, não só interessantes mas gratuitas e por estes dias e até meados de Maio é possível conhecer Manolo Quejido que apresenta obras disponibilizadas pelo Museo Reina Sofia e depois também é de ver o Palacio de Cristal, uma curiosa estrutura em ferro e vidro construída em 1887 para servir então de estufa para uma exposição de plantas e flores das Filipinas...


"Palacio de Cristal" - Jean-Charles Forgeronne

Até terminar o passeio na extremidade sul do parque, à beira de museus e do Paseo del Prado, ainda se passará por uma estátua única no mundo, por árvores exóticas e com muita história para contar, por fontes, por um bosque de recordações e até por uma ermida... 


João Palmilha

(Viajante de Valmedo) 

quarta-feira, 26 de abril de 2023

 

SEXTO INCIDENTE TRANSFRONTEIRIÇO


LA CHICA, LA MOCHILA Y EL PORTUGUÉS...


Cinco minutos antes estava tudo bem, a viagem tinha decorrido tranquilamente dentro do horário previsto e faltavam poucos minutos para chegarmos ao hotel, afinal qual o viajante ou turista que não fica contente ao saber que para ir do aeroporto para o centro de Madrid basta apanhar o metro que ainda por cima se revela eficiente, pontual e nada caro? O único senão para quem acaba de chegar e toma contacto pela primeira vez com a emaranhada rede dos transportes públicos da cidade é que, dependendo do destino final, poderá ter que efectuar várias trocas de linha mas isso é um mal menor, desde que não surja nenhum inesperado incidente, claro... E agora, na estação de Goya, tínhamos acabado de entrar numa carruagem da linha 2 e que iniciava já a sua marcha em direcção a Ventas quando sinto a falta de algo: "A mochila! Onde está a minha mochila?" - lanço desesperadamente para a N., numa última esperança de que ela a tivesse consigo...
Mas claro que não tinha, troca de olhares desesperados, tentei raciocinar e rever o filme dos acontecimentos e a coisa tornou-se óbvia: quando saímos em Goya vindos de Mar de Cristal e para consultar o mapa do metro para uma última orientação tínhamo-nos sentado por um breve minuto num banco à beira de uma jovem castelhana de ar moderno e ligada às redes sociais como toda a gente por aquelas bandas anda... 



E então, certo estava agora que a mochila tirada das costas e pousada no banco para consulta do mapa por lá tinha ficado: "É por aqui, vamos..." - lembro-me de ter dito para a N. de guia de viagens aberto e já a caminhar... 
Saímos na próxima estação, galgámos escadas e passadeiras em frenético passo apressado com  as maletas de rodas quase aos trambolhões em busca do cais contrário e lá apanhámos o comboio de volta a Goya, "Já não está lá a mochila!", dizia a N., desconsolada, "Ninguém leva a mochila!"- retrucava eu o mais tranquilo possível - "Ainda pensam que pode ser um atentado terrorista, não mexem..." dizia eu sem muita convicção lembrando-me dos atentados de Atocha... E passados alguns minutos que pareceram uma eternidade estávamos de novo no local do crime mas sem ter a certeza de que era mesmo ali e ao sair do metro a primeira coisa com que nos deparámos foi com duas simpáticas agentes da segurança que lado a lado iam na mesma direcção, ganhei coragem a abordei-as: "Pardón, necessito ayuda! Yo perdi mi mochila..." - Abrandaram um pouco o passo, trocaram um olhar cúmplice e uma delas respondeu: "Lo sabemos, vamos!" e apontou para o fundo da plataforma onde ainda vislumbrei ao longe a bendita chica madrilena a abandonar o banco onde uma abandonada mochila me esperava... Ninguém me disse e também não perguntei mas tenho a certeza de que foi a chica que ligou para a segurança não por temer um atentado (se assim fosse porque continuaria sentada ao lado mochila até as autoridades chegarem?) mas porque naqueles breves momentos terá reparado que se tratava de um casal de turistas portugueses um pouco perdidos e um pouco esquecidos, apenas isso... E por isso, muchas gracias, incógnita chica...


João Palmilha

(Viajante de Valmedo)

 

"Gran Via" - Madrid

Jean-Charles Forgeronne

(Fotógrafo de Valmedo)

terça-feira, 25 de abril de 2023


EFEMÉRIDE # 97

25 de ABRIL PSIQUIÁTRICO


"Mural ao 25 de Abril" - Mário Belém

Hoje, passados 49 anos, apesar de derrubada a cinzenta ditadura, estamos certos de que a liberdade trazida pela revolução de Abril não é plena, continua muito povo oprimido por aí e para muitos outros o bem-estar social e a felicidade continuam a ser miragens... Ao contrário de tantos outros já gastos e acomodados e que por tanto se apegarem às memórias do antigamente não reparam que o país vive um definhamento constante, há gerações nascidas depois do 25 de Abril que se revoltam e muito e já que que não é à mão armada valem as tintas e a imaginação por esses muros e paredes afora... É o caso de Mário Belém, nascido em 77, pintor e muralista que sintetiza num pilar da Ponte a esquizofrenia do 25 de Abril, desde lamelas de valium apanhadas do chão a seguir a uma qualquer sessão em S. Bento até à espessa maionese onde toda uma nação pratica diariamente a natação... 


"Legenda"


Já Miguel Januário, nascido em 81 e artísticamente conhecido por "Mais ou Menos" - (+/-) é mais sintético na sua obra em pleno passeio junto o Tejo, diz-nos ele que a liberdade trouxe novos escravos... 



(+/-) 

João Plástico

(Artista de Valmedo)

segunda-feira, 24 de abril de 2023

 

O POEMA ELÉCTRICO 24


José Gomes Ferreira morava na antiga Calçada dos Caetanos (hoje Rua João Pereira da Rosa), em pleno Bairro Alto, numa famosa casa cor-de-rosa e na época em que à sua actividade jornalística juntava a de tradutor de filmes sob o pseudónimo de Álvaro Gomes, talvez sob influência de Fernando Pessoa com quem havia colaborado, apanhava diariamente o eléctrico 24 na Praça Luís de Camões como se atesta pelas palavras do próprio:  "Todos os dias passo pelas Amoreiras quando vou para o laboratório de Campolide, marcar filmes numa moviola..." 
E por causa dessas viagens o poeta criou o poema XVIII que integra a sua obra "Eléctrico":


" Há lá renda que se assemelhe
a este tecido de árvores no Ar...
(Hei-de pedir à Maria Keil
para as pintar.)

Árvores do Jardim do Aqueduto
sem flor nem fruto,
nem nada de seu...

Só este azul de pássaros a cantar
que vai da terra ao céu."



"Jardim do Aqueduto" - Jean-Charles Forgeronne

A 1 de Julho de 1905 era inaugurada a linha do eléctrico 24 ligando a Praça Luís de Camões a Campolide e assim funcionou durante 90 anos até ser suspensa em 1995 por causa da construção de um parque de estacionamento subterrâneo na Praça de Campolide... E como é comum neste país acontecer a coisa que se fecha muitas vezes não voltar a abrir, parque de estacionamento concluído e elétrico nem vê-lo durante mais de 20 anos, mobilizou-se o povo lisboeta unido em petição para exigir a reactivação  da linha e, quase milagre, precisamente há 5 anos, simbolicamente a 24 de Abril de 2018 voltou o 24 a andar por carris desde Campolide ao Bairro Alto... Feliz ficaria o poeta ao disso saber, ele democrata e anti-fascista, militante convicto das justas causas populares...


"O 24 em Campolide" - Jean-Charles Forgeronne


João Conde Valbom

(Olisipógrafo de Lisboa)

 

LIVROS 5 ESTRELAS - XXXIII


AS MARAVILHOSAS AVENTURAS DE JOÃO SEM MEDO


É um daqueles livros que pode e deve ser lido em tenra idade como depois ser relido já adulto porque apesar de haver quem o catalogue como objecto de literatura infantil isso não faz justiça à riqueza proverbial da obra e isso aconteceu comigo: depois de há muito tempo ser obrigado pela escola a ler as "Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo" acontece que, por curiosidade e nostalgia, voltei a relê-lo recentemente... E se me lembrava apenas vagamente de umas aventuras extraordinárias de um menino agora pasmei com a sabedoria impregnada naquelas páginas, a leitura é tão diferente e tão mais rica que que me frustrou o não ter aprendido então os segredos da vida que agora, já tarde, julgamos saber... Nesta obra, concebida em 1933, José Gomes Ferreira publicava um episódio por semana na revista infantil "Sr. Doutor" e, nas palavras do próprio, por falta de tempo muitas vezes era obrigado a improvisar e que belo improviso lhe saiu já que o seu herói se tornou uma personagem famosa até hoje ao galgar o muro proibido que separa o Mundo Real do Mundo Mágico e assim obrigar o leitor a pensar e a sonhar... E depois, que dizer do surpreendente e desconcertante destino do nosso herói de Chora-Que-Logo-Bebes?

 



"João Sem Medo encolheu os ombros, hesitante:
 - Que sei eu?...  A  verdade é que nestas minhas andanças descobri que, tanto no Mundo da Imaginação Mágica como em Chora-Que-Logo-Bebes impera a mesma Lei tremenda que se pode resumir numa destas palavras à escolha do freguês: Maçada, Repetição, Monotonia, Chatice... Com uma diferença, claro. É que em Chora-Que-Logo-Bebes sofre-se mais. Ou pior ainda: sofre-se menos. Porque lá a pseudodor é tão pífia, tão pilha, tão vil, tão rasca que até se ignora qual a dor verdadeira.
  - Que vais então fazer a essa terra tão seca por dentro e tão húmida por fora, autêntica fábrica de constipações morais?
- Bem... Os homens nunca se contentam... E eu, a falar franco, fartei-me deste Imprevisto-Anárquico do Sonho em que vivi e agora apetece-me voltar a provar aquilo a que chamamos Realidade..."


João Vírgula

(Leitor de Valmedo)

ENCONTROS IMEDIATOS COM ESCRITORES - IX


O POETA MILITANTE



Braço esquerdo colado ao corpo e mão aninhada no bolso do casaco, braço direito levantado e mão a aconchegar a nuca significando uma atitude firme perante as injustiças da vida, olhar firme e incisivo, certamente perscrutador, eis o JOSÉ GOMES FERREIRA que encontrámos no Parque dos Poetas, em Oeiras... A estátua em pedra Branco de Lioz da autoria de Francisco Simões pretende homenagear o carácter e a moral integra do poeta militante, como se autodenominava... Nascido no Porto mas lisboeta desde os 4 anos, licenciou-se em Direito aos 24 anos e no ano seguinte abalou para a Noruega para assumir o cargo de cônsul em Kristiansund... Regressa a Portugal cinco anos depois abandonando a carreira diplomática e as leis para as quais achava não ter vocação para se dedicar ao que mais lhe servia: a música, a escrita, o jornalismo, a intervenção política...



De entre poesia, ficção, crónicas, diários, contos e ensaios escreveu dezenas de obras e ganhou em 1961 o "Grande Prémio da Poesia" da Sociedade Portuguesa de Escritores e hoje é consagrado como um dos maiores poetas lusitanos do século XX...


João Vírgula

(Leitor de Valmedo)

terça-feira, 18 de abril de 2023

 

LIVROS 5 ESTRELAS - XXXII


Criatividade é coisa que não falta a Afonso Cruz, sem dúvida um dos maiores escritores contemporâneos da língua portuguesa, e para constatá-lo não é necessário enumerar os prémios que recebeu ou os inúmeros elogios que granjeou, basta ler um dos seus livros, por exemplo este "Jesus Cristo bebia cerveja" que já tem onze anos de vida embora não pareça, poderia muito bem ter sido escrito ontem à noite... É um romance desconcertante, uma tragicomédia que aborda com fino humor as coisas fundamentais da vida: o amor, a luta, o sofrimento e, claro, a cerveja, essa bebida sagrada tão do agrado do autor que até a fabrica há décadas bem como deste escriba que enquanto debita estas palavras a vai degustando... Caro leitor, vale mesmo a pena visitar a Jerusalém alentejana e mergulhar na história comovente de uma rapariga que lê westerns... E já agora, caro Afonso, espero revê-lo em breve no "Livros a Oeste"...



"O professor continua de costas a pintar a parede, com a sua arma, o pincel e a tinta, a mais perigosa de todas as armas. Junto à cama, Rosa vê-o pintar o último verso, depois a frase de Harold Estefania, do livro A Morte Não Ouve o Pianista. Vê os caracteres negros a aparecerem na parede como uma confissão, como uma faca espetada no coração.
      "Morro por amor, sem isso não vale a pena estar vivo. A minha vida foi feita para se entranhar na tua, como uma faca espetada no coração."


João Vírgula

(Leitor de Valmedo)

domingo, 16 de abril de 2023

 

ANEDOTAS QUE PARECEM POEMAS - X


Heraldo Estefânio entrou na cidade com o cavalo a passo, os homens afastavam-se à sua passagem e as mulheres suspiravam, descavalgou junto ao saloon, amarrou as rédeas e entrou de olhos cerrados e palito na boca a bailar por entre os pelos do farto bigode... O pianista parou de tocar, os homens pararam de beber e quebrando o pesado silêncio que anunciava morte perguntou o pistoleiro:
- Onde está o cabrão?
Ninguém ousou responder mas todos olharam para as costas de alguém sentado ao balcão que bebia a última gota de um whisky...
Saíram os dois para a rua seguidos da multidão, ninguém falava porque sabiam todos o motivo do duelo: vingança!




Frente a frente na principal e única rua da cidade, lançou Estefânio para o seu rival:
- Ei gringo! Como te chamas mesmo?
- João Garrafão...
Heraldo sacou mais rápido que um relâmpago, disparou uma única bala e só depois disse:
- Enganas-te, agora és o João Cacos!


João Vírgula

(Leitor de Valmedo)

sábado, 15 de abril de 2023

 

E QUE BELA FOI A PARTILHA!


Quando me instalei alcandorado no segundo balcão do Tivoli e reparei no singelo palco lá em baixo, pouco mais do que uma bateria e três microfones, interroguei-me: faltam as teclas, que é feito do orgão? Era suposto ter em palco uma tal Sarah Ann Philipps ao piano e vocais mas quando entrou em cena BILL CALLAHAN vinha acompanhado por um baterista, um guitarrista e um jovem saxofonista, por enquanto anónimos porque o trovador, reservado em palavras, nem chegou a apresentar a banda... E depois pensei ainda como iria ele tão singelamente reproduzir sem despir muito o maravilhoso álbum Reality, causa da digressão que ali se iniciava especialmente naquelas partes mais psicadélicas que povoam alguns temas...



Mas, surpresa, no desfilar integral de Reality estava lá tudo e até mais alguns improvisos, não se deu pela ausência das teclas tal o virtuosismo de todos os músicos  e ao qual o público já se tinha rendido sem reservas ao cabo dos dois primeiros temas e até ao fim foi só deslumbramento, também claro por causa daquela voz única e poderosa... Mesmo assim ainda pensava eu como iriam eles partilhar o tema mais frenético e contagiante do álbum, "Partition", mas a prova foi superada com distinção levando sala repleta ao delírio... E depois resta-me agradecer à Antena 3 e ao Coyote do Pedro Costa por me terem dado a conhecer esta realidade fabulosa do Bill... E foi apenas mais uma noite inesquecível...

                                                                                                        Partition ao vivo - Bill Callahan

João Sem Dó 

(Musicólogo de Valmedo)

sexta-feira, 14 de abril de 2023

 

E VEM AÍ A REALIDADE DO BILL...


Uma das melhores coisas que nos trouxe 2022 foi o álbum YTILAER, ou seja REALITY ao espelho, do cantautor americano BILL CALLAHAN, nome cimeiro dos blues e do folk dos dias de hoje...  E logo à noite há ansiado espectáculo de apresentação da obra em solo lusitano e calha muito bem ser no Teatro Tivoli, essa sala icónica do panorama cultural português que para o ano comemorará 100 anos de existência...

 


Dantes como SMOG e depois em nome próprio BILL CALLAHAN leva já 33 anos de carreira, mais de 23 obras publicadas e muito experimentalismo... Urgente (re)descobrir e desfrutar! E logo lá estaremos para mergulhar na sua nova realidade...



Coyotes - Bill Callahan

João Sem Dó

(Musicólogo de Valmedo)

quinta-feira, 13 de abril de 2023

 

A FAMÍLIA MAGALHÃES


"Magellan Plastic Penguins" - Bordalo II - Ministério do Mar, Algés


O Pinguim-de-Magalhães, cientificamente conhecido como Spheniscus megallanicus, foi assim baptizado porque foi pela primeira vez avistado e documentado durante a viagem de circum-navegação planeada e empreendida pelo navegador português Fernão de Magalhães... A viagem durou 3 anos, entre 1519 e 1522, foi concluída já sem o seu mentor que morreu nas Filipinas em 1521 e passados 501 anos da façanha o pinguim está classificado como uma espécie quase-ameaçada...  



Esperemos no entanto que a cria da família sobreviva e deixe descendência...


Jean-Charles Forgeronne

(Fotógrafo de Valmedo)

domingo, 9 de abril de 2023

"Natureza à janela..."

Jean-Charles Forgeronne

(Fotógrafo de Valmedo"
 

 

ESCRITO NA PAREDE -  XXIII

O NOVE DE ABRIL

Hoje para muitos é um dia de celebração religiosa porque calhou em sorte mas para muitos outros não de um dia qualquer como qualquer outro de entre os milhões de dias de existência que já leva este nosso misterioso mundo-cão mas, no entanto, à semelhança do que aconteceu com este acidental escriba, se a alguém apetecer atribuir-lhe um simbolismo especial basta descer a antiga estrada real número 61 em pleno centro de Torres Vedras e ficar especado a olhar para a placa toponímica interrogando-se o porquê do 9 de Abril...



Ignorância a morder o espírito, curiosidade a afligir, lá se faz a pesquisa e a resposta não desilude: no nono dia do quarto mês do ano de 1918 teve lugar a Batalha de La Lys, na Flandres e em plena I Grande Guerra, trágica para o contingente português que assim contribuiu para os dez milhões de mortos do insano conflito... Recentemente foi declarado o dia 9 de Abril como o Dia do Combatente, não apenas do antigo combatente do princípio do século que travou uma guerra miserável em trincheiras insalubres como também do combatente que travou a guerra colonial... Parece coisa do passado mas a realidade desmente, o mundo-cão continua imerso em hediondas guerras e guerrilhas...



E quando nos viramos ainda a matutar no assunto deparamos com uma espécie de montra que nos envia uma pertinente mensagem: talvez este mundo devesse pertencer aos bichos e não ao bicho-homem!


Jean-Charles Forgeronne

(Fotógrafo de Valmedo)