A MISTERIOSA ORIGEM DAS PALAVRAS - XXII
FLÂNEUR, O CURIOSO ERRANTE...
Afinal também sou um flâneur e não sabia, dizia para si mesmo Jean-Charles Forgeronne enquanto serpenteava por entre aqueles luminosos cubos espalhados pela praça central da Lourinhã, um original projecto de intervenção artística em plena rua ou praça de vilas e cidades, acessível a qualquer hora do dia ou da noite, neste caso uma exposição fotográfica de paisagens urbanas e rurais do oeste e intitulada "FLÂNEUR AO CENTRO"... Em cada uma das cinco faces visíveis de doze cubos uma paisagem e aquela que corresponderia à base está no chão a seu lado, são ao todo cerca de 80 fotografias da autoria de quatro flâneurs fotógrafos convidados...
"Flânerie" - Jean-Charles Forgeronne |
Mas afinal que é um flâneur? Investigou Forgeronne e descobriu nos dicionários:
- Flâneur - passear, vaguear, vadiar...
- Flânerie - passeata, passeio sem destino, vadiagem...
- FLÂNEUR - ocioso, passeante, errante...
Então era isso! Quando ele se perdia por todos os cantos inimagináveis e era atraído por qualquer coisa desconforme no mosaico citadino e errantemente desatava a disparar a câmara isso significava que estava à procura do elo que faltava, o entendimento cultural, social e até económico das expressões do asfalto e cimento citadinos, como disse Baudelaire, um flâneur é "alguém que deambula pela cidade com o objectivo de experimentá-la" ou então como alguém que seja um botânico do asfalto e que ande à procura de novas espécies vegetais, afinal tudo junto desemboca num novo olhar sobre o mundo-cão....
"Os cubos mágicos" - Jean-Charles Forgeronne |
E, como que por estranhas coincidências, uma das flâneurs representadas no evento, Catarina Botelho, vive actualmente entre Lisboa e Barcelona e então exclamei: Caramba! Como o mundo é pequeno, estava eu na véspera da minha programada flânerie por Barcelona!
João Portugal
(Linguísta deValmedo)