segunda-feira, 29 de junho de 2020



AS MARAVILHOSAS DÁDIVAS DA NATUREZA...



Alecrim
Estou cada vez mais viciado na minhas incursões pela natureza selvagem, umas vezes em modo corrida, outras em modo caminhada ou ainda em modo misto, tudo depende do apetite e da condição física e mental de alguém que para além de ter de lidar com a gestão do stress hospitalar não tem um horário normal, muitas vezes trabalho nocturno e descanso diurno, sonos e vigílias trocados, fins-de-semana a meio da semana, feriados são dias normais e férias quando se pode, e agora este tempo de pandemia ainda me veio tornar mais dependente dessa fuga para a natureza oculta numa busca solitária por um bálsamo, pelo equilíbrio, pelo auto-conhecimento, pelo deslumbramento... E se por vezes nada disso acontece e o que de lá trago resume-se apenas à satisfação do dever cumprido, isto é, registo da actividade física em dia, o que não sendo muito já dá para ganhar o dia, então noutras ocasiões consegue-se uma coisa ou outra e até por vezes não tão raras assim, quando os planetas ou as matemáticas cósmicas se alinham e tudo parece certo numa espécie de "noves fora nada", ocorre o jackpot: alívio, reflexão, equilíbrio e êxtase...   



Oregãos
E porque a natureza é generosa para quem quer e para quem busca muitas vezes chego a casa carregado de troféus, há dias foram uns generosos raminhos de alecrim que encontrei à beira do carreiro a pedir-me encarecidamente que o levasse comigo e que emprestaram um perfume celestial a umas batatinhas de forno e ao tempero dumas pernas de perú, ontem o prémio foram os primeiros oregãos do ano que tiveram a ousadia de se atravessar à minha frente e que embora ainda necessitem de mais umas semanas de calor para chegar ao amadurecimento ideal, alguns, os mais precoces, já podem ser colhidos e colocados a secar para depois fazerem a diferença em saladas, nas pizzas, nas massas, em qualquer coisa, até num simples queijo fresco...
E se os oregãos só se oferecem no verão e por isso há que aproveitá-los ao máximo para guarnecer a dispensa até ao próximo estio, o alecrim ali está sempre à nossa espera, durante o ano inteiro, faça chuva faça sol, faça frio ou calor...




Loureiro
É por demais sabido que não é consensual a origem do nome  LOURINHÃ, esta bela região e incontestada capital dos dinossauros, mas a minha intuição está de acordo com muitos historiadores e alguns linguístas, e de entre estes últimos destaco evidentemente a posição do meu amigo João Portugal, os quais defendem a tese de que Lourinhã deriva da palavra latina  Laurius-laurili que significa loureiro ou terra onde existem muitos loureiros... Ora, sabido que os romanos por aqui andaram e que por cá deixaram entre outras coisas a língua não é difícil concluir que de facto esta terra só se podia chamar Lourinhã tal a abundância de loureiros e eu, qual investigador que testa tudo o que é teoria segundo os  cânones do método científico, acabo de comprovar isso mesmo ao chegar há pouco da minha corridinha ali pelas bandas da Moita Longa, a qual também se poderia chamar Laurilonga tantos são os louros que por ali crescem, e prova disso é este troféu que trouxe comigo, uns raminhos de generosas e perfumadas folhas dignas de fazerem parte de uma coroa de louros de um qualquer campeão, mas nem todas, algumas terão que ir para a cozinha, é que não há tempero de jeito sem elas...  




Os meus troféus...

Embora pequenos os meus troféus são genuínos e mais biológicos não podem ser porque são dados pela natureza selvagem, e aqui estão eles frescos, saborosos e perfumados, dispostos a maravilhar desde que haja algum mérito gastronómico... E sempre que precisar de alecrim, oregãos ou louro, por exemplo, basta uma caminhada pelos sítios certos, afinal é muito mais agradável do que perder tempo a procurá-los nas prateleiras das lojas e ainda por cima pagando ao quilo a folha de louro a 18, os oregãos a 30 e o alecrim fresco a 65 euros... A natureza não tem preço...



João Ratão

(Chef  de Valmedo)

quinta-feira, 25 de junho de 2020


ESCRITO NA PAREDE - VIII


E HÁ SEMPRE ALGUÉM MAIS AVARENTO...


FONTE: Instagram, Miene Rosa

quarta-feira, 24 de junho de 2020



A NATUREZA ESTÁ MESMO A PEDI-LAS!


Pois é, nestes dias conturbados que correm e para quem de sentidos apurados se vai aventurando por secretos caminhos e velhos trilhos de séculos torna-se evidente que a natureza, à semelhança da humanidade, apesar da evidente saúde física mostra preocupantes sinais de depressão, prova de que nem tudo vai bem no reino vegetal... De facto, aproveitando o lento mas definitivo desaparecimento das mãos cuidadoras dos nossos velhinhos que ora se vão finando ora se vão ficando sem forças para a luta e sem ninguém que lhes tome o lugar e a obra, novos rebentos conquistam antigas hortas e áreas outrora cultivadas, silvas e mato transpõem carreiros e fronteiras, marcos e poços são engolidos pela frenética ânsia de expansão da vegetação que parece querer fazer pouco das ancestrais e orgulhosas manias de posse e divisão administrativa de pequenos pedaços de terreno...   




O medronheiro desapareceu...




Abrunhos a pedi-las...
Há dias voltei saudosamente a correr por caminhos que não calcorreava há uns bons anos e a coisa tornou-se ao mesmo tempo bela e deprimente, se por um lado pequenas plantas, flores e arbustos invadem tudo arrepiando caminhos e embelezando o horizonte, por outro silvestres jardins e seculares árvores de fruto vão secando e sucumbindo a eito, sem dó nem piedade... É que eu ainda sou do tempo do tradicional e venturoso resgate da fruta, chamar-lhe roubo era uma heresia porque nós não passávamos de um bando de gaiatos selvagens que apenas zelava à boa maneira do Robin dos Bosques pela harmonia do campo e tínhamos até um inviolável código honra e conduta, nada estragar e deixar tudo limpo e impecável, quer se tratasse de um assalto à divinal cerejeira do Manel Padeiro, de uma investida nocturna às uvas moscatel do Virgílio, de uma cirúrgica limpeza às ameixoeiras da Ti Rosário ou uma vistoria aos figos-lampos da Gravelina...
E à boa maneira daquelas epopeias do bom vilão éramos até acarinhados pela maior parte dos próprios lesados, havia como que um tácito acordo de paz e consentimento, nós matávamos a fome e o desejo e a fruta não se estragava nas árvores e no chão, até assim afastávamos a passarada de bicar em demasia a colheita... Mas por vezes éramos denunciados, ou porque uma escalada mais arriscada tinha partido uma ramada ou porque naquela investida os danos na colheita tinham ultrapassado os limites do bom senso, lá chegavam queixas a casa e os castigos eram inevitáveis, geralmente uma semana sem as visitas nocturnas ao café do Fernando para ver as séries do Santo e do Maioral, para além de ser obrigado a regar a horta e o jardim, e era aí que para nosso desconforto ficávamos a saber que não conseguíamos imitar os nossos heróis dos filmes que faziam a coisa bem e secreta, afinal quando pensávamos que éramos os intocáveis mestres da camuflagem ficamos a saber que havia sempre um par de olhos sobre nós... 



Figos do vizinho
E hoje, passados tantos anos, convenço-me que a natureza se sente infeliz porque está orfã dessa geração de garotada que zelava pelo equilíbrio do ambiente, hoje a malta nova não busca os ninhos nem os tanques para um mergulho, não preserva os caminhos nem os atalhos, não calca o mato nem salta os muros e nem sobe qual Tarzan às árvores de fruto que vão definhando a pouco e pouco e morrendo ingloriamente... Já não se vêem cerejeiras nem amendoeiras, acabei de passar por uma ameixoeira à beira do caminho que apenas exibia meia dúzia de abrunhos, as figueiras já não têm a beleza e o fulgor de outros tempos, até o meu damasqueiro favorito secou por completo e até a vinha outrora generosa do Virgílio não passa hoje de um cemitério de troncos ressequidos... Sem gente a cuidar dela e sem as aventuras da irrequieta garotada a natureza, ao mesmo tempo que vai ficando assustadoramente pujante e selvagem, vai perdendo a alma...  




As amoras vêm aí...

Do mal o menos e apesar da selva, está quase a chegar o tempo em que as amoras imploram por nós...



João Atemboró

(Naturalista de Valmedo)

domingo, 21 de junho de 2020

"Algures nas Cezaredas" - Jean-Charles Forgeronne


E eu já encontrei o meu refúgio quando chegar o Apocalipse...


"Há dois anos que ele caminha pela Terra, sem telefone, sem piscina, sem animais de estimação, sem cigarros. Um extremista, um viajante estético cuja casa é a estrada. A liberdade autêntica."


Alexander Supertramp, Maio 1992, Bus 142, Alasca





O CULTO DA NATUREZA SELVAGEM...



Hoje o mundo acordou sobressaltado à espera de mais um inglório e épico final e têm sido tantos os fins-de-mundo apregoados por profetas e profecias que parece impossível ainda estarmos vivos nesta realidade apocalíptica, desta vez parece que um matemático vidente descobriu que as contas sobre o calendário maia afinal estavam erradas, que o mundo não deveria ter acabado em 2012 (quem se lembra?), como de resto não acabou, mas sim, corrigido o erro, o mundo deverá certa e irremediavelmente acabar hoje, 21 de Junho de 2020, e porque não se sabe bem a que horas é melhor organizarmos um belo churrasco e uma festa pela noite dentro com os familiares e amigos não vá mesmo a coisa acontecer... 
Mas amanhã, se o houver, e se cá estivermos ainda na vidinha de sempre é porque o mundo não terá acabado de todo mas será certamente um mundo diferente porque pequenos mundos vão deixando de existir neste frenético mundo-cão, como é o caso do mágico autocarro do lado selvagem...
  






Ontem fui surpreendido por uma notícia de rodapé: o famoso autocarro 142 da Fairbanks City Transit Sistem que há mais de meio século tinha sido abandonado junto ao rio Teklanika, no parque Denali no Alasca e que naturalmente já fazia parte da paisagem foi removido por um helicóptero do exército americano para local incerto por razões de segurança, é que pelo facto de ter sido ali que morreu Christopher McCandless, um jovem que abandonou a louca civilização em busca de paz no natureza selvagem, o local tinha-se tornado num destino de peregrinação depois do impacto quer do livro quer do filme sobre a trágica aventura... 
E de facto os dois são indissociáveis, é até um caso raro em que um filme, neste caso realizado pelo Sean Penn, não desmerece o livro de Jon Krekauer, primeiro lê-se, depois vê-se e repete-se o ciclo as vezes que se quiserem sem qualquer ordem definida, ainda por cima tendo ambos uma história real por fundo que emociona meio mundo e a película uma banda sonora fabulosa e original a cargo de Eddie Vedder... Aliás, não é por acaso que a capa do livro editado pela Presença é uma foto retirada do próprio filme, em que Émile Hirsch contempla o horizonte. É a história de um jovem recém licenciado e filho de boas famílias com um confortável futuro pela frente que decide abandonar tudo e todos, vagueia sem destino em fuga das obrigações, da hipocrisia e dos valores corruptos em busca da liberdade no lado selvagem do mundo e do espírito, sempre em fuga para não se deixar envenenar pela civilização doentia...  Claro que o mágico autocarro que lhe serviu de abrigo se tornou alvo de romarias, muitos tentaram recriar o percurso de McCandless, entretanto metamorfoseado em Alexander Supertramp, o super-vagabundo, mas sem a preparação adequada morreram pelo menos duas pessoas nos últimos anos e muitas tiveram que ser resgatadas in extremis... Compreendem-se as razões de segurança, também os souvenirs que muitos arrancavam ao mágico autocarro iam-no tornando num mero esqueleto ferrugento, mas fica para sempre o vazio, um buraco negro na memória, e eu seria bem um daqueles que era capaz de me aventurar pelo Alasca só para estar ali, no bus dos sonhos, da revolta, do lado selvagem...








João Palmilha

(Viajante de Valmedo)

quinta-feira, 18 de junho de 2020

(?) Sem título - Allan W. Farr Jr, 1990 - Torres Novas

Chamemos-lhe então "O Oprimido"...



Jean-Charles Forgeronne

(Fotógrafo de Valmedo)


TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO - XII

OU

EFEMÉRIDE # 77


O TEMPO, O ESPÍRITO E O MUNDO-CÃO...



A 18 de Junho de 2007, passam hoje exactamente 13 anos, foi lançado mundialmente on-line o polémico filme ZEITGEIST, idealizado, realizado e produzido por Peter Joseph e que se tornou rapidamente num fenómeno, traduzido em mais de uma dezena de línguas e que passado apenas um ano de vida já contabilizava mais de 10 milhões de visualizações por esse mundo fora! As duas horas do documentário amador e independente começam com a descodificação do termo alemão ZEITGEIST, não apenas literalmente como ESPÍRITO DO TEMPO (já que zeit significa tempo e geist, primo do inglês ghost, significa espírito) mas como a expressão do avanço intelectual e cultural do mundo numa época, avançando depois para a apresentação daquela que será a mãe de todas as conspirações: a humanidade tem sido desde há séculos e continua a ser na actualidade a ser dominada, manipulada e escravizada por uma misteriosa elite que usa todos os meios para controlar as sociedades e o mundo...






A obra divide-se em três partes e a primeira aborda a RELIGIÃO judaico-cristã e os seus nefastos efeitos sobre as sociedades, apresentando-a como uma ditadura moral assente em mentiras e deturpações com o único objectivo de através do medo e da ameaça do inferno manter as sociedades passivas e inertes, sob controlo... E valha a verdade, não custa muito a acreditar que assim possa ser perante as mentiras, os pecados, as invenções e as apropriações de mitos de outras religiões pagãs levadas a cabo pela Igreja Católica ao longo da sua longa existência, como por exemplo a ressurreição dos deuses ou a ocorrência de fabulosos milagres e em que muitos deles parecem retirados de fabulosos contos de encantar e nos quais só alguém de cega fé e pouco exigente acredita de caras, já para não falar dos hediondos crimes levados a cabo pela Inquisição em nome do divino!  Mas, acreditando quem quiser e tire partido disso o proveito espiritual quem puder, nada contra, mas depois de ver este documentário muitos questionarão se Jesus Cristo existiu mesmo, e ainda que ele tenha existido como um chefe militar e religioso duma seita palestiniana é legítimo questionar se não terá sido fabricada pelo Imperador Constantino a sua aura de divindade suprema e que também se admita que muita alminha possa concluir que tudo não passa mesmo duma invenção conspirativa, é que segundo o Zeitgeist ele nunca existiu mesmo!


" A religião cristã é uma paródia sobre a adoração do Sol em que eles colocaram um homem chamado Cristo no lugar do sol e assim para ele canalizaram a ancestral adoração pelo astro-rei..."     (Thomas Paine)



A segunda parte do filme aborda o traumático 11 de Setembro e conclui que os atentados foram um "trabalho interno", uma pura encenação e extraordinária conspiração para conseguir os astronómicos fundos necessários para uma nova era militar e imperialista, tudo em nome da sacrossanta luta anti-terrorista... Aqui a coisa entra em terrenos mais pantanosos ainda porque admitir essa conspiração interna seria ignorar o fanatismo das inúmeras células terroristas do Islão que pelo mundo inteiro e bastas vezes na Europa têm tentado assassinar o modo de vida ocidental! Embora, no caso particular do 11 de Setembro, e perante as evidências paranóicas, doentias e conspirativas da Casa Branca, do FBI e da CIA, não seja de descartar completamente uma conspiração made in Washigton, afinal trata-se de um país que assassina os seus presidentes como quem caça rolas, quem consegue esquecer o Kennedy? E depois junta-se ao 11 de Setembro a indústria da guerra, tão fulcral para a economia dos USA que vende armas a todos sem excepção, amigos e inimigos, revolucionários e terroristas, e depois há que manter guerras em banho-maria e alimentar conflitos sem fim, pelas armas, pelo petróleo, pelo ouro, pelo domínio sobre povos indefesos... Por isso alguns chamam à prodigiosa América "O Grande Satã!", com razão?


Leitura recomendada
A terceira e última parte do documentário aborda o verdadeiro inferno da humanidade, o diabólico sistema financeiro, regulado por meia dúzia de impiedosos banqueiros, almas danadas enviadas por Lúcifer que subornam este mundo-cão e que estrangulam tudo e todos há séculos, governos incluídos... E repare-se, para terminar o raciocínio, umas das instituições mais poderosas do mundo é mesmo o Banco do Vaticano com milhões e milhões nos seus cofres, tendo tudo começado com o tal Constantino que mandou reescrever ao seu jeito a Bíblia e reinventando deuses e dogmas e que doou uma imensa fortuna ao papa de então, afinal sabe-se que os deuses também precisam e muito de dinheiro... Afinal não basta uma avultada quantia para limpar a alma de todos os pecados, mesmo os de sodomia bem conhecidos pela Igreja, e comprar uma entrada para o Céu? Abençoados sejam pois os castos, os mansos  e os ignorantes pois deles não virá mal ao mundo-cão dos mestres do universo...
E depois, para sobreviver nesta irracional realidade é preciso ter espírito e tempo, pois do resto tratarão os deuses...




João das Boas Regras

(Sociólogo de Valmedo) 

segunda-feira, 15 de junho de 2020

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COM SORTE PODE-SE MUDAR O MUNDO...


Muita gente ignora que WINSTON CHURCHILL, para além de político, estadista e estratega militar foi um homem muito ligado às artes, como muito bem atesta o Prémio Nobel da Literatura que ganhou em 1953 graças à sua imensa obra sobre memórias pessoais e da guerra, com especial destaque para os seis volumes de "A Segunda Guerra Mundial", mas para além disso era ainda um apaixonado pela pintura, na qual se refugiava amiúde para sobreviver aos períodos depressivos que o assaltavam ao olhar para o mundo-cão ameaçado por Hitler, tendo pintado mais de cem quadros, ao estilo impressionista, dizem... 



"Boats at Cannes Harbour", 1937 - Winston Churchill


Mas muito antes o nosso herói começou por ser jornalista e ainda muito jovem, com 25 anos apenas, é enviado pelo Morning Post para a África do Sul para cobrir a Guerra dos Bôeres, então em plena efeverscência e é aí que tudo ganha sentido na vida de Winston, ele que apesar de todas as circunstâncias adversas se iria revelar um incondicional optimista e que dizia em qualquer lado que enquanto "um pessimista vê uma calamidade em cada oportunidade, um optimista vê uma oportunidade em cada calamidade...", e tendo sido esse genuíno optimismo que lhe permitiu carregar aos ombros um povo moralmente destroçado até à vitória final, ele que, no entanto, talvez devido a lapso de memória, apenas se enganou numa coisa e não menos importante, a sorte...! Terá ele dito, muitos anos depois que "A sorte não existe. Aquilo a que chamamos sorte é o cuidado com os pormenores".  Pois então reparemos nestes pormenores que aconteceram de facto quando ele ainda muito jovem se encontrava fugido duma prisão na África do Sul após ter sido capturado numa emboscada, a quase 500 quilómetros de uma fronteira amiga e com o fuzilamento à espera se por acaso fosse capturado...




"Jovem Churchill, Correspondente de Guerra"


"Há vários dias em fuga e sabendo dos riscos que corria, aproximou-se da casa e bateu com força na porta.
 - Quem é? - perguntaram em africânder - e Churchill ficou lívido...
  - Preciso de ajuda, tive um acidente! - lembrou-se de dizer...
E então na porta da frente uma imponente figura se recortou e em genuíno inglês perguntou:
   -  O que quer?
Churchill respondeu a primeira coisa que lhe veio à cabeça, que era um comerciante que havia caído do comboio, que estava ferido e que precisava de ajuda.... 
Passaram alguns minutos até o dono da casa perguntar:
   - Desculpe, mas tem que explicar melhor esse seu acidente!
Churchill engoliu em seco e disse.
   - Acho melhor dizer a verdade...
   - Concordo! - respondeu o seu interlocutor.
   - Eu sou Winston Churchill, correspondente de guerra do jornal Morning Post, de Londres. Há uns dias fugi da prisão de Pretória e quero chegar à fronteira... Pode ajudar-me?
Um longo e pesado silêncio se seguiu. Após alguns minutos o homem levantou-se, trancou a porta e, finalmente, exclamou:
   - Você teve muita sorte! Esta é a única casa, numa área de 32 quilómetros, onde ninguém o denunciaria às autoridades que o fuzilariam de imediato! Nós somos ingleses e iremos salvá-lo!"

(excerto de "CHURCHILL", Judith Rodgers, 1986)


Ora então, parece que um pequeno rasgo de sorte impediu o mundo-cão de sucumbir ao nazismo, ou alguém ainda tem dúvidas de que se não fosse a energia, o optimismo, a inteligência e a sorte deste homem e ainda agora estaríamos mergulhados nas trevas?




João Alembradura

(Historiador de Valmedo)

domingo, 14 de junho de 2020



"A imaginação consola os homens do que não podem ser, o                     sentido-de-humor consola-os daquilo que são!"


(Winston Churchill)

sábado, 13 de junho de 2020



TIRADAS DO GÉNIO - IV


A INSPIRAÇÃO DE UM  COPITO A MAIS...


Consta que para além da um sorriso generoso e do seu inseparável charuto, WINSTON CHURCHILL era conhecido por ingerir quantidades fenomenais de álcool, de manhã à noite, mas porque o fazia quase sempre às refeições e também graças à sua imponente figura aristocrática aguentava muito bem a coisa e raramente se embriagava, que isto de ser uma figura mundial requer comportamento a condizer... Mas um dia, numa daquelas típicas e intermináveis sessões parlamentares em Westminster que se arrastam pela madrugada e que são interrompidas  por longas e bem regadas refeições, Winston, talvez até para comemorar a vitória sobre Hitler no ano anterior, terá passado um pouco das marcas e em pleno corredor do parlamento ouviu uma deputada trabalhista gritar-lhe:


-"WINSTON!!!! Você está bêbado! Digo mais: você está repugnantemente bêbado!"


E como grande estadista que era, Winston era sábio a analisar e a controlar as situações e de imediato respondeu entre duas baforadas do seu grande charuto:

- "Deixe-me dizer-lhe uma coisa, senhora Braddock: você está feia! Digo mais: você está repugnantemente feia! Mas amanhã eu estarei sóbrio!"







João Alembradura

(Historiador de Valmedo)

quinta-feira, 11 de junho de 2020



OBJECTOS E MEMÓRIAS DE UMA VIDA...


Nunca me imaginei ser capaz de o fazer mas é verdade, hoje vi-me quase a cometer um crime, um horrível, impensável e imperdoável crime, quase deitei para o lixo umas sapatilhas de corrida, não umas sapatilhas quaisquer com que fiz uma corrida qualquer mas nem mais nem menos do que as sapatilhas das minhas meias e integrais maratonas... Claro que para muitos atletas, corredores e desportistas a sério isto pode parecer estranho, mas eu, desportista por gosto, corredor pelo convívio e maratonista pelo desafio, confesso que durante uns seis ou sete anos fiz todas as minhas grandes provas com as mesmas sapatilhas, umas adidas compradas em outlet nos saldos do Freeport de Alcochete...  








Claro que não existem sapatilhas que aguentem tantos anos mas eu tinha outras e outras e outras para treinar, estas, pelo conforto que me proporcionavam e pela confiança que me davam tornaram-se um talismã e só eram mesmo calçadas para as provas oficiais, e que, ainda assim, devem contabilizar no curriculum ao longo destes anos todos um bom milhar de quilómetros e picos! É obra... 
Claro que hoje, ao regressarem do seu último exercício, uma corrida de homenagem pelos bosques do Moledo, aí estão elas esburacadas, literalmente a desfazerem-se mas ainda com a dignidade com que sempre me apoiaram nos bons, nos maus e especialmente em muitos e inesquecíveis momentos... 



Elas fizeram comigo muitas meia-maratonas, alguns trails até e também a maratona de Lisboa, a do Porto e especialmente a de Paris em 2016, aquela que me custou mais e que só consegui terminar graças ao apoio e incentivo do Antero Martins, então atleta dos fabulosos Tálento Pr'a Correr Team... Mas a coisa acabou bem em Paris, tivemos sucesso no empreendimento embora num ambiente estranho porque na altura se estava em plena paranóia anti-terrorista depois do terrível e miserável ataque ao Bataclã, levado a cabo quatro meses antes... E por isso mesmo, interrogo-me agora mais sereno, que me passou pela cabeça, que insanidade me assaltou ao ponto de me tentar a mandar para o lixo estas sapatilhas que comigo compartilham tão fortes e gratas memórias? Portanto, apesar de todos os riscos inerentes, decidi que muita coisa poderá ir para o lixo, t-shirts, medalhas, bibelots, troféus, fotos até, mas estas sapatilhas não, irão elas fazer parte de um restrito mas importante museu, algures escondido na minha garagem, o MUSEU DAS EMOÇÕES DESPORTIVAS...








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(Atleta de Valmedo)

quarta-feira, 10 de junho de 2020

"Praia de Porto Novo" - Jardim da Maceira - Jean-Charles Forgeronne



O VÍCIO DE ESCONDER A ARTE...


OU


BOTTICELLI E OS 210 DO VIMEIRO...



Dou comigo a pensar que a quantidade de obras de arte perdidas e desaparecidas deve ser tanta como aquela que os museus orgulhosamente exibem, tamanha é a frequência com que são achadas pinturas desconhecidas de famosos mestres, jóias há muito roubadas com a assinatura de grandes artesãos e até manuscritos de escritores dos quais se pensava não haver nem mais uma frase por analisar  e dos quais ainda se descobrem novos textos em baús num sotão em obras ou numa dissimulada gaveta de escrivaninha perdida num armazém de velharias... E porque vem isto a propósito, podereis questionar, pois bem, tem tudo a ver com uma descoberta que eu próprio fiz acerca de outra extraordinária descoberta que aconteceu na Hungria enquanto tentava arrumar o meu sótão, assim do nada dei por mim com um exemplar do DN nas mãos, amarelecido e a desfazer-se, com a data de 10 de Junho de 2007, passam hoje exactamente 13 anos e no qual o que mais me chamou a atenção foi uma pequena notícia de rodapé a dar conta da descoberta de um fresco do grande BOTTICELLI no castelo de Esztergom, cidade do norte da Hungria à beira do Danúbio e a poucos passos da Eslováquia... Como é possível ainda haver obras desconhecidas dos grandes mestres do Renascimento? É assustadoramente possível a resposta ao enigma: alguém, tempos depois e inocentado pela mais genuína ignorância decide recuperar uma parede do castelo e decide pintar sobre umas imagens que por ali pairavam já gastas pelo tempo, à semelhança do que nos dias de hoje continua a acontecer, basta reparar no que se passa pela linda e pacata aldeia do Vimeiro...





"Os 210 do Vimeiro"


Estamos mesmo defronte das piscinas do Vimeiro, atrás de nós agoniam os arruinados balneários das termas e o que vemos pode não passar de 100 metros de um alvo muro, recortado em 11 bancos, cada qual com 9 pequenos azulejos pintados à mão e alusivos a tarefas domésticas e agrícolas, mas tudo junto perfaz a bela soma de 99 retratos da vida de uma comunidade e muitas mais memórias de um povo e de um lugar, ao todo são 210, 100 metros mais 11 bancos mais 99 azulejos... E que bem que o muro está preservado, diga-se, caiadinho há pouco tempo, pena é que por tremeliquice da mão, fastio da ocupação, ignorância da responsabilidade ou seja pelo que for, alguém demasiado decidido e de muito limitado tino desatou a caiar tudo a eito, passando por cima de tudo, azulejos incluídos!







Talvez não sejam de Botticelli nem de alguém célebre, afinal não interessa de quem são, são arte, e o que fica é a noção de que muitas vezes a arte, seja a grande pintura ou seja a arte popular, ambas merecedoras de respeito, fica sujeita às manias de quem a não merece ou de quem a não compreende... E a maior culpa não é de quem passou com a trincha de cal por tudo o que estava à frente mas sim de quem incumbiu tal artífice dessa tarefa e que ainda hoje não reparou no crime cometido... Santa ignorância! E com muitas outras obras magistrais da humanidade aconteceu exactamente o mesmo, foram escondidas, adulteradas e destruídas pela ignorância...










João Plástico

(Artista de Valmedo)

terça-feira, 9 de junho de 2020

"Alcabrichel" - Jean-Charles Forgeronne




A MODA DE PASSAR PELOS PASSADIÇOS...


Viraram moda os passadiços, em todo e qualquer lado vão nascendo as abençoadas estruturas de madeira que, se por um lado constituem um salutar convite ao passeio e ao exercício, por outro tornam-se um chamariz turístico e finalmente, tal qual as ciclovias, funcionam depois como medalhas de louvor político para os responsáveis de qualquer freguesia ou câmara, a coisa a nível comunitário até pode continuar estagnada e inquinada em muitas áreas sociais e no desenvolvimento mas quando chega a hora de acertar contas e julgamento popular lá saltam do curriculum os quilómetros cicláveis e passeáveis construídos por cada município e como ninguém quer ficar atrás é vê-los entretidos numa saudável competição para ver quem semeia mais este novo ópio do povo... Ainda bem que assim é porque no meio dos fundos que se perdem e daqueles mal gastos este é ao menos dinheiro bem empregue, pena é que nalguns casos não se invista também no bem-estar das populações com a construção de um jardim ou parque público digno desse nome, na oferta cultural, nas vias de acesso ou em infraestruturas desportivas como piscinas e estou a referir-me, claro e por exemplo, à capital dos dinossauros... 
Bom, chega de dissertação social e política, interessa mesmo é falar dos PASSADIÇOS DAS ESCARPAS DA MACEIRA, ali na fronteira entre os concelhos da Lourinhã e de Torres Vedras, ainda a cheirarem a novo porque recentes no seu ano de existência e por onde me inaugurei esta manhã... 








O passadiço liga Maceira a Porto Novo, primeiro debaixo da sombra dos pinheiros e depois sobranceiro à vista do mar e do célebre rochedo da praia, e apesar de ter apenas 1 Km de extensão vale o esforço, embora o ideal seja continuar um bom bocado mais retrocedendo pelo caminho alcatroado que vem da antiquíssima portagem e da Fonte dos Frades, porque essa acaba por ser a melhor parte do passeio, caminhar à beira do manso Alcabrichel, de nariz ao alto contemplando as escarpas ao perto e ao longe, à esquerda e à direita, inspirando o aroma dos pinheiros sob a sombra dos plátanos, dos salgueiros-brancos e dos choupos-negros, embalado pelo som do vento na folhagem e pela sinfonia passaral...
Chegando à Fonte dos Frades, outrora um belo enquadramento arquitectónico na paisagem e que hoje vai denotando preocupantes sinais de abandono e previsível futura ruína, hesita-se entre dar meia volta e voltar para trás em demanda da foz do rio ou seguir em frente e encarar mais uma milha de trajecto até às piscinas do Vimeiro, ali ao lado de balneários há muito abandonados e do edifício do hotel onde não se reconhece o esplendor de outrora. Nesta última parte do percurso, o Alcabrichel tornou-se um mero ribeiro que vai abrindo a custo caminho pela vegetação que afoga o seu leito, é difícil imaginar que aquele fio de água chega ali depois de uma árdua luta pela sobrevivência desde a Serra de Montejunto, ao longo de vinte e cinco quilómetros, e por mais que não seja é a coisa mais importante deste mundo para alguns, como é o caso do Ruivaco-do-Oeste, peixe endémico e que, como o nome indica, só existe em Portugal neste rio, no rio Sizandro e numa ribeira de Mafra...
Por isso, e depois de uma bela manhã de empatia e reflexão com a natureza, obrigado aos passadiços e a quem os vai semeando...







João Palmilha

(Viajante de Valmedo)

segunda-feira, 8 de junho de 2020

domingo, 7 de junho de 2020

sábado, 6 de junho de 2020



ONDE IRÃO AS CRIANÇAS BRINCAR?



"Parque de Fonte Lima" - Jean-Charles Forgeronne


Por esta altura, há 50 anos atrás, o então ainda CAT STEVENS estava nas derradeiras sessões de gravação da sua obra-prima "Tea for the Tillerman", simultâneamente um hino à música e um apelo à consciência social... E 50 anos depois, ao matar saudades do Parque de Fonte Lima e ao deparar com o parque infantil inacessível, lembrei-me instintivamente da majestosa canção que abre o álbum, WHERE DO THE CHILDREN PLAY?, tão pungente e actual que até parece que o homem, antes de seguir os ensinamentos do profeta, era ele próprio um profeta e visionário que antecipou o futuro em meio século, basta trocar o vírus-progresso pelo vírus-corona e em qualquer dos casos quem sai a perder são as crianças... Ouçamos...


























ONDE IRÃO AS CRIANÇAS BRINCAR?

Tudo bem, eu acho óptimo
que construas aviões a jacto
ou viajes num comboio cósmico,
que troques o verão por uma slot-machine,
sim, podes conseguir o que quiseres
porque tudo é possível para ti...

Eu sei que percorremos um longo caminho,
mudamos dia a dia,
mas diz-me, onde irão brincar as crianças?

Bem, viajas por estradas 
que construíste sobre verdes campos,
e para os teus camiões carregados
bombeias gás e petróleo
e eles duram muito tempo, tu fizeste-os muito resistentes
mas eles só andam e andam e parece que não consegues parar...

Eu sei que percorremos um longo caminho,
mudamos dia a dia,
mas diz-me, onde irão brincar as crianças?

Bem, já rasgaste o céu,
máquinas saturam o ar
mas tu continuas a construir mais
até não haver espaço lá em cima?
Vais-me fazer rir? Vais-me fazer chorar?
Vais-me dizer quando viver, vais-me dizer quando morrer?

Eu sei que percorremos um longo caminho,
mudamos dia a dia,
mas diz-me, onde irão brincar as crianças?


(Tradução livre de João Sem Dó, musicólogo de Valmedo)


ESCRITO NA PAREDE - VII


ÉCRIT AU MUR...



Autor desconhecido - Porto das Barcas - Jean-Charles Forgeronne



Aus marches s'acumulent les pas                     Às voltas pela praia repito os passos,
Deplier les pages du temps                               desdobrando as páginas do tempo  
Entre les pages, du sable                                   por entre páginas de areia
Au détour de la vie, la vie!                                  pelos desvios da vida, a vida!
Les années,                                                        Com os anos,
Les plaques de roche glissent dans la mer        pedaços de rocha desmoronam-se no mar,
Restent la rouille á chaux, les falaises               restam a ferrugem na cal, as falésias
Impassible, une forteresse                                 impassíveis,  uma fortaleza 
Á plusieurs sommeils                                         de muitos sonos...  
La marée me chasse, lignes de l'eau,                A maré apanhou-me, linhas de água
À plusieurs histoires entassés,                           com muitas histórias guardadas,
Nos temps se melent                                          os nossos tempos misturam-se,
Yeux ouvertes                                                     Olhos abertos!
Nos espoirs demeurent,                                      as nossas esperanças demoram, 
Olhos abertos!                                                    Yeux ouverts!

(Auteur inconnu)                                                                Tradução de J.C
                                                                            (Poeta de Valmedo)

sexta-feira, 5 de junho de 2020



TASCAS E ANTROS DE PRAZER - IX


O CAFÉ, A TASCA E O CHÍCHARO...


Primeiro começou por ser um café com loja ao lado, coisa simples tipo taberna dos anos sessenta que servia pouco mais do que tinto em copos de três e ovos cozidos com pimenta e muito sal grosso, depois começa a servir petiscos ao gosto da malta, queijinhos do azeite em pão de forno, chouriça do porco da vizinha assada, caracóis quando é tempo deles, azeitonas retalhadas e aprimoradas em barricas de água com sal, oregãos e quartos de laranja, toucinho assado depois da matança...  
E depois transformou-se no BAPTISTA, restaurante e local de encontro à beira da Nacional 3, em Parceiros de São João, logo depois de Torres Novas e a caminho de Santarém, e que se tornou referência para todos aqueles que de passagem ou de romaria diária ali param para sossegadamente degustar simples e boa comida, à boa maneira dos nosso tranquilos avós...






E como de vez em quando sou obrigado a passar por ali por cauda de umas merdanças, ou seja, em bom ribatejano, umas inquinadas heranças de merda, não resisto quando aperta o apetite a abancar ali, desta vez foi um simples e delicioso BACALHAU COM BATATAS A MURRO E CHÍCHAROS, que é tempo deles... Para quem não conhece aqui fica a apresentação:

CHÍCHARO - leguminosa parecida com o tremoço ou com o grão-de-bico, utilizada desde tempos remotos e de importância vital para as classes mais desfavorecidas, tendo sido chamada mesmo de a "sopa-dos-pobres", vítima da má-fé das gentes nobres e incultas por causa do facto de o povo a partilhar com o gado, afinal sempre ela foi planta de cultura exuberante e ostracizada durante muito tempo! Conhece por acaso o leitor o chícharo, planta endémica e abundante no Ribatejo? Não? Então do que está à espera, passe pelo BAPTISTA e deixe-se maravilhar...




"Bacalhau assado com batata a murro e chícharos"


E se tiver azar e não houver chícharos, não desanime, qualquer outra opção será boa e genuína, e pelo menos terá sempre garantido bom pão, boas azeitonas, tinto agradável e um pudim caseiro que nunca o desiludirá! Bom apetite...



João Ratão

(Chef de Valmedo)