DORES DE UM TURISTA METÓDICO - I
QUERIA MARCIANO? SÓ TEMOS UM REBELO!
O plano era apertado e todos os dias manhã cedo olhava para as minhas notas e dizia em voz alta para mim mesmo que tinha de arranjar oportunidade para ir ao museu, custasse o que custasse... Mas hoje era dia das Sete Cidades, amanhã seria dia de Furnas, no outro Rabo de Peixe e Caldeirões, havia ainda o Nordeste e o ilhéu de Vila Franca, para quando tempo para o museu, ainda para mais com abertura tardia (10:00h) e encerramento cedo (17:30h)? Tinha que lá ir por causa do Marciano Henriques da Silva, pintor açoreano (1831-1873) e figura de proa do romantismo português do séc. XIX e que ganhou fama ao ser eleito retratista da corte no reinado de D. Luís I, figura que eu desconhecia e com a qual me tinha cruzado há pouco tempo atrás e sobre quem projectava eu fazer um trabalho de investigação...
"Viático" - Domingos Rebelo |
"Os emigrantes", na rua... - Domingos Rebelo |
A minha visita ao museu estava feita, durara uns singelos dez minutos e agora, enquanto desço em busca do carro vou sorrindo para a bela calçada negra e tento convencer-me que nem tudo foi mau, fui à procura do Marciano e deram-me um Rebelo, essa figura maior da pintura açoreana autor de uma obra colossal e da qual se destaca o emblemático "Os Emigrantes", ele próprio um emigrante em Paris onde conheceu e privou com Rodin, Monet, Matisse, Picasso, Modigliani... E agora algo me fez parar de súbito, em plena calçada virada ao mar estava um painel a publicitar um roteiro sobre o grande Domingos Rebelo, um convite para revisitar a Ponta Delgada retratada nas suas paisagens e nos seus costumes e onde, claro, se dava destaque a "Os Emigrantes"... Foi uma manhã curiosa, um rico museu grátis mas fechado e com a sua principal obra na rua e ainda ganhei uma enorme curiosidade sobre a vida e a obra do Domingos Rebelo...