segunda-feira, 13 de junho de 2022

"TEVERE" - Jean-Charles Forgeronne


 POR AMOR DE DEUS, VEJA ONDE PÕE OS PÉS!!!


Aquilo que é conhecido como os MUSEUS do VATICANO são na realidade um conjunto de palácios mandados erigidos pelos papas da época do Renascimento e que hoje albergam qualquer coisa como mais de 70000 obras de arte "coleccionadas" pelo papado, desde a pintura à antropologia ou à arqueologia, com realce neste último caso para a colecção egípcia trazida para Roma após escavações nos séculos XIX e XX... Todos aqueles palácios estão hoje distribuídos por vários pisos e interligados por corredores e escadarias e prepare-se bem, amigo leitor, é que se tem em mente uma visita integral às 54 galerias isso vai-lhe exigir mais de 7 quilómetros de caminhada... Mas não, não há desculpa para desistir da ideia e mesmo que se depare com um prolema de locomoção pode sempre optar por um circuito menor ou até ir logo directamente à mítica Capela Sistina, o esplendoroso final do percurso...




Mas se assim o fizesse, amigo leitor, iria perder irremediavelmente o deslumbramento da Galeria dos Mapas, a mais deslumbrante e não pelos 40 gigantescos mapas do século XVI pintados nas paredes pelo cartógrafo Danti, não confundir com o outro, o Dante, este é das letras, mas sim pelo tecto pintado a ouro com 120 metros de comprimento... Compreende-se porque é que a maior parte dos visitantes nem sequer olha para os imponentes mapas, ali toda a gente é obrigada a andar de cabeça para cima, olhando o alto, o magnífico céu prenhe de promessas de esperança e vida eterna, contemplação do dourado divino, à cata da melhor foto para botar nas artificiais redes sociais... 



E quanto às centenas de estátuas de personagens reais ou míticas expostas ao longo das paredes das galerias e devido a esse apelo suscitado pelo alto também ninguém repara ou pouco, a maior parte delas ostentando uma ridícula parra a tapar os artísticos genitais, ideia de um tal Pio V que deveria ser tão pio que até chateava... Mas repare e bem no magnífico chão que pisa, arte pura de quem passou a vida vergado ao peso da existência, obrigado a olhar apenas para baixo, humildemente, sem deslumbramentos de riqueza, ostentação ou celestial promessa de existência eterna, que essa até foi comprada por muitos...

 




Os mosaicos que pisamos são absolutamente magníficos e ainda que expostos a tanta ostentação não são merecedores do nosso alheamento...



Jean-Charles Forgeronne

(Fotógrafo de Valmedo)

sexta-feira, 10 de junho de 2022

"Azáleas em flor" - Piazza di Spagna - Roma

Jean-Charles Forgeronne

(Fotógrafo de Valmedo)

quarta-feira, 8 de junho de 2022

 

CURIOSIDADES DO MUNDO CÃO - XXXVIII


ANTES DE CRISTO, ANTES DE PEDRO, ANTES DE TUDO...


É apenas mais um obelisco, chama-se Augustus em homenagem a um Augusto qualquer porque assim o decidiram os romanos, foi construído na V Dinastia mas desconhece-se o faraó que o construiu... Em 37 a.C o extravagante e louco Calígula trouxe-o para Roma e colocou-o no então Circo Nero, hoje actual Vaticano... Só 80 anos mais tarde é que Bernini desenhou a elíptica colunata da hoje chamada Piazza San Pietro à sua volta...


"Antes de tudo" - Jean-Charles Forgeronne


 

ROMA egyptum est...


Ao mesmo tempo que Marco António se perdia de amores assolapados pela bela e exótica Cleópatra os romanos apaixonavam-se pela história e cultura egípcias, não admirando que então muitas toneladas de obras de arte tivessem sido apropriadas e tenham atravessado o Mediterrâneo desde o Cairo até à capital do império... Certo é que passados tantos séculos continua ainda bem patente em cada praça e em cada canto de Roma o fascínio pela glória do antigo Egipto porque, apesar de muitas dessas obras terem desaparecido com o desabar do Império, ainda hoje, quem mais atento ou mais distraído, por paradoxal que pareça, ao passear por Roma pode pensar, por momentos, que acabou de fazer uma viagem no tempo e no espaço e sentir-se em pleno Vale dos Reis ou em Gizé... Obeliscos então não faltam e daqueles que foram resgatados das ruínas a partir do século XVI e transformados em monumentos cristãos, tendo bastado para isso pôr-lhes em cima da sua paganidade uma cruz, daqueles que sobreviveram contam-se actualmente 12! Será por causa dos apóstolos? - interrogo-me depois de saber que, por exemplo, um deles, aquele que está na Piazza dell'Esquilino defronte da Basílica de Santa Maria Maggiore, foi mandado ali colocar pelo papa Sisto V em 1587 com o intuito de servir de marco para os peregrinos... Hoje bastaria uma singela placa a dizer: "São Pedro sempre em frente, 5 milhas"...   

"O maior obelisco do mundo" - Jean-Charles Forgeronne


E claro, o maior e mais imponente obelisco do mundo teria que estar obrigatoriamente em Roma e tem o nome do faraó que o mandou contruir vai para 3500 anos, tem uma altura de 42 metros,  pesa 522 toneladas e pode ser encontrado na Piazza San Giovanni in Laterano... Já agora, os hieróglifos são os originais e são magníficos... 


"Elefantino" - Jean-Charles Forgeronne


Mas, até por contraponto, convém que referir que o mais belo obelisco de Roma é também o mais pequeno, é feito de granito vermelho e mede apenas 5,47 metros de altura, foi trazido da cidade egípcia de Sais e depois de descoberto sob as ruínas do claustro da Basílica de Santa Maria Sopra Minerva já em pleno século XVII  foi erguido na praça em frente mas sustentado nas costas de um elefante da autoria do grande Bernini, daí chamar-se "Il Elefantino"... 



"Egipto em Roma" - Jean-Charles Forgeronne

Mas como se não bastasse já de egiptomanias eis que ainda é possível darmos de caras com uma enorme pirâmide em Roma, obra de um abastado pretor romano chamado Caio Céstio que entendeu que não merecia menos para seu túmulo do que uma pirâmide à imagem dos grandes faraós... A sua construção data de 12 a.C, demorou 330 dias a ser erigida, é revestida a mármore branco e tem a faraónica altura de 36 metros... Fica em Roma, ao virar de uma esquina....


João Alembradura

(Historiador de Valmedo)

segunda-feira, 6 de junho de 2022

 

O DIVERTIMENTO IMPERIAL...


"Il Colosseo" - Jean-Charles Forgeronne

O maior símbolo da cidade eterna demorou apenas 8 anos a ser construído, tendo sido iniciado por Vespasiano em 72 d.C foi inaugurado pelo seu filho Tito em 80 d.C e parece dever o seu nome ao Colosso de Nero, uma estátua colossal em bronze dourado representando o louco imperador que ficava próxima do COLOSSEO... A grandiosa estrutura do anfiteatro tinha capacidade para mais de 50000 espectadores sentados e distribuídos por 3 níveis, dependendo do estatuto social, à semelhança do maior estádio de futebol lusitano da actualidade, a Luz, também ele grandioso e composto por 3 anéis, só que construído quase 2000 anos depois... Todas as estradas davam então a Roma e ao Coliseu que atraía multidões para os duelos entre gladiadores e para as lutas com leões e outras feras num espectáculo de drama e sangue, consta que durante os jogos de inauguração do recinto e que duraram 100 dias e 100 noites foram mortos 5000 animais e mais impressionante ainda foi a comemoração da vitória dos Romanos sobre os Dácios em 106 d.C e em que o vitorioso imperador Trajano organizou uns Jogos que duraram 117 dias e onde 9000 gladiadores e 10000 feras combateram até à morte... É caso para dizer que no império não havia limite para o divertimento!


"Fórum Romano" - Jean-Charles Forgeronne

Mas Roma era muito mais do que um palco de sangrentos divertimentos, ainda hoje e apesar de em ruínas, o Fórum Romano, o centro político, religioso e económico da grande capital do maior império que a humanidade já conheceu impressiona... Deambulando por ali, pelo vale situado entre o Capitolino e o Palatino, duas das sete colinas romanas, por entre as pedras que restaram de templos, igrejas, colunas, arcos, tribunas e contemplando o Coliseu mesmo ali à beira é inevitável  não sentir a atmosfera majestosa e palpitante daquela que era conhecida como a caput mundi, ou seja, a cabeça ou capital do mundo... 


João Alembradura

(Historiador de Valmedo)

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Roma

 





Sonhos romanos

O Coliseu chama os meus pensamentos
com a febre romana onde
la dolce vita parece uma possibilidade
(pelo menos por alguns dias).
Eu sonho com Miguel Ângelo
e quero ver
os frescos da Capela Sistina
onde Miguel Ângelo trabalhou
durante anos para ganhar o seu sustento.
Desejando esculpir as esculturas da sua paixão
pintou a sua fama.

O teclado da minha paixão
faz eco da sátira do ser
passeando pela Piazza Navona
enquanto fazia o download da imagem da
Fontana Dei Quattro Fiumi de Bernini.
A fonte dos quatro rios-
Danúbio, Ganges, Rio da Prata, Nilo-
espelha a minha imagem
refletida no ecrã do meu computador.


Um poema de  "Um Mundo Divertido"
Silvia Kofler