JAMES, MY NAME IS DOG JAMES...
Amigos caninos, eu já andava desconfiado há muito tempo mas só agora percebi, clara e definitivamente, que é mesmo assim que muitas das coisas mais importantes da nossa curta existência acontecem, simplesmente por acaso! Foi mesmo um acaso estar ali na sala refastelado na minha cadeira preferida numa destas claustrofóbicas tardes de quarentena familiar, e notem bem que só muito raramente me é permitido tal luxo e especialmente quando a L. por cá está, quando acordo da minha sonolência pós-prandeal ao ouvir o meu nome:
- Bond... JAMES Bond!
Olho em volta e fico confundido, ali só estávamos eu e o J.C e num feeling de cão constato num ápice que não tinha sido ele a falar porque estava como que anestesiado no sofá, de cabeça cambaleante e com o olho de cá fechado e o de lá a piscar e fazendo zapping naquele intrigante e viciante ecran que domina a existência das pessoas...
- Que foi? - lança-me ele, por um momento desperto e reparando nas minhas orelhas levantadas...
- Ouvi alguém chamar-me... só isso, pensei que tivesses sido tu...
- Ah, bicho! Ouviste ali o OO7, é o que foi... - E voltou a carregar no comando para voltar ao canal onde o super-espião ia despindo uma bela senhora com os olhos - Sabes, ele chama-se JAMES, como tu!
E então eu, confuso, retruquei: - Então mas como é que ele tem nome de cão?
- Nome de cão? O que é que estás para aí a dizer?
E eu, de olhos bem abertos respondi:
- Todos os cães aqui de Verde-Erva-Sobre-o Mar têm nomes de cão, eu bem os oiço à noite a apresentar-se na conversa ao luar: eu sou o Black, ladra um, eu sou o Bobby, rosna outro, eu sou a Pedrita, geme a ali a fêmea da vizinha, e outro ainda lá ao fundo, ciumento, o Piruças, vai uivando à lua... Pensei que cães tinham nomes de cão e pessoas nome de pessoa, apenas isso...
E como o J.C se limitava a olhar para mim com os olhos entretanto arregalados e com aquela expressão um bocado parva que as pessoas fazem quando não entendem nada do que se passa à sua beira, eu ganhei coragem e perguntei:
- Afinal, porque é que me baptizaste de JAMES?
- Olha, nem fui eu que escolhi o teu nome, foi o M! Tudo porque quando te fomos buscar, com um mês de idade apenas, e porque coincidiu com os anos dele, ele é que decidiu chamar-te assim...
- Mas porquê?
- Pelo que eu sei, naquela altura o M andava entusiasmado com a leitura das aventuras da CHERUB, uma agência que pertencia aos Serviços Secretos Britânicos e cujos agentes eram crianças orfãs com idade entre os dez e os dezassete anos recrutados em lares de acolhimento... Claro que o herói de toda a história tinha de se chamar James, JAMES ADAMS, um agente de quinze anos de idade, a mesma idade que o M tinha quando tu nasceste!
E de repente levanta-se e vai ao escritório buscar qualquer coisa, era um livro que tinha na capa duas MÃOS algemadas e um título nada simpático...
- Percebes agora? - disse ele encostando o livro ao meu nariz - Os humanos têm sempre uma boa razão para chamar o quer que seja a qualquer coisa, daí poder-se dar nomes de pessoas a cães e outros bichos, olha, por exemplo o galo ali da vizinha chama-se Pavarotti porque canta muito bem, a banda JAMES que muitas vezes ouves comigo no YouTube chama-se assim em homenagem ao grande escritor James Joyce, e por aí fora...
- Mas quer dizer que eu tenho o nome de um cão danado? É isso? Sou um cão danado?
- Não, bicho... Tens que ler o livro para perceberes. Nós chamamos cães danados a pessoas agressivas, raivosas, é apenas uma expressão... Além disso tu és um cão pouco danado, fartas-te de ladrar a quem por aqui passa mas é apenas fogo de vista, basta uma festinha e derretes-te todo...
E como se eu continuasse interessado no sermão o J.C sentenciou:
- Tu és o exemplo do cão que ladra mas não morde, não nasceste para lutas e confusões, tens alma de artista e de sonhador... E isso faz de ti um cão especial!
Amigos caninos, depois disto, espero que gostem tanto do vosso nome quanto eu gosto do meu: James, Dog James...
JAMES
(Cão de Valmedo)
- Bond... JAMES Bond!
Olho em volta e fico confundido, ali só estávamos eu e o J.C e num feeling de cão constato num ápice que não tinha sido ele a falar porque estava como que anestesiado no sofá, de cabeça cambaleante e com o olho de cá fechado e o de lá a piscar e fazendo zapping naquele intrigante e viciante ecran que domina a existência das pessoas...
- Que foi? - lança-me ele, por um momento desperto e reparando nas minhas orelhas levantadas...
- Ouvi alguém chamar-me... só isso, pensei que tivesses sido tu...
- Ah, bicho! Ouviste ali o OO7, é o que foi... - E voltou a carregar no comando para voltar ao canal onde o super-espião ia despindo uma bela senhora com os olhos - Sabes, ele chama-se JAMES, como tu!
E então eu, confuso, retruquei: - Então mas como é que ele tem nome de cão?
- Nome de cão? O que é que estás para aí a dizer?
E eu, de olhos bem abertos respondi:
- Todos os cães aqui de Verde-Erva-Sobre-o Mar têm nomes de cão, eu bem os oiço à noite a apresentar-se na conversa ao luar: eu sou o Black, ladra um, eu sou o Bobby, rosna outro, eu sou a Pedrita, geme a ali a fêmea da vizinha, e outro ainda lá ao fundo, ciumento, o Piruças, vai uivando à lua... Pensei que cães tinham nomes de cão e pessoas nome de pessoa, apenas isso...
E como o J.C se limitava a olhar para mim com os olhos entretanto arregalados e com aquela expressão um bocado parva que as pessoas fazem quando não entendem nada do que se passa à sua beira, eu ganhei coragem e perguntei:
- Afinal, porque é que me baptizaste de JAMES?
- Olha, nem fui eu que escolhi o teu nome, foi o M! Tudo porque quando te fomos buscar, com um mês de idade apenas, e porque coincidiu com os anos dele, ele é que decidiu chamar-te assim...
- Mas porquê?
- Pelo que eu sei, naquela altura o M andava entusiasmado com a leitura das aventuras da CHERUB, uma agência que pertencia aos Serviços Secretos Britânicos e cujos agentes eram crianças orfãs com idade entre os dez e os dezassete anos recrutados em lares de acolhimento... Claro que o herói de toda a história tinha de se chamar James, JAMES ADAMS, um agente de quinze anos de idade, a mesma idade que o M tinha quando tu nasceste!
E de repente levanta-se e vai ao escritório buscar qualquer coisa, era um livro que tinha na capa duas MÃOS algemadas e um título nada simpático...
- Percebes agora? - disse ele encostando o livro ao meu nariz - Os humanos têm sempre uma boa razão para chamar o quer que seja a qualquer coisa, daí poder-se dar nomes de pessoas a cães e outros bichos, olha, por exemplo o galo ali da vizinha chama-se Pavarotti porque canta muito bem, a banda JAMES que muitas vezes ouves comigo no YouTube chama-se assim em homenagem ao grande escritor James Joyce, e por aí fora...
- Mas quer dizer que eu tenho o nome de um cão danado? É isso? Sou um cão danado?
- Não, bicho... Tens que ler o livro para perceberes. Nós chamamos cães danados a pessoas agressivas, raivosas, é apenas uma expressão... Além disso tu és um cão pouco danado, fartas-te de ladrar a quem por aqui passa mas é apenas fogo de vista, basta uma festinha e derretes-te todo...
E como se eu continuasse interessado no sermão o J.C sentenciou:
- Tu és o exemplo do cão que ladra mas não morde, não nasceste para lutas e confusões, tens alma de artista e de sonhador... E isso faz de ti um cão especial!
Amigos caninos, depois disto, espero que gostem tanto do vosso nome quanto eu gosto do meu: James, Dog James...
JAMES
(Cão de Valmedo)