quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

"Maticka Praha" -  (Mãezinha Praga) - Jean Charles Forgeronne


João Palmilha

(Viajante de Valmedo)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019



LIVROS 5 ESTRELAS - VII


CÃES, PESSOAS E OUTRAS BESTAS...



FRANZ KAFKA, que em vida apenas viu publicados neste mundo cão alguns contos em revistas literárias, deixou instruções ao seu amigo e testamenteiro literário Max Brod para que, após a sua morte, os seus manuscritos fossem queimados.... Felizmente, Brod desobedeceu e a ele devemos a existência hoje de obras como "O Processo" ou "O Castelo" que figuram em qualquer lista de romances geniais que marcaram o curso da literatura, ambos curiosamente deixados inacabados por Kafka mas construídos e  depurados a partir de fragmentos e notas por Max. Se assim não tivesse acontecido, Kafka não teria sido entretanto considerado pelos seus pares como um dos mais importantes escritores do século XX, Auden não lhe teria chamado o Dante moderno enquanto Saramago não o teria reconhecido como uma das suas maiores influências... E já bastou que numa vida curta e atormentada, Kafka tenha ele próprio queimado 90% das coisas que escreveu, para além das centenas de manuscritos seus por publicar que Brod deixou e que param em parte incerta, talvez nos cofres de alguma secretária ou da família de uma das muitas amantes do escritor...






Uma pessoa que se metamorfoseia num insecto, um cão que se arma em detective e investiga as particularidades da vida canina, um macaco resgatado à selva e que se humaniza, um bicho que ocupa uma sinagoga e faz dela a sua casa, uma toupeira refugiada na sua toca, chacais, ratos cantadores e outros bichos curiosos, eis os protagonistas do Bestiário de Kafka, uma colecção de contos que transforma a vida numa parábola e a realidade num sonho, histórias que exorcizam os pesadelos e nos devolvem à tranquila simplicidade dos dias que o autor não teve, todos eles corporizam o próprio Kafka que, descontente com a sua pele humana e com o seu finito mundo de Praga, se rasga e liberta de peles e carapaças para assumir outras formas, abrindo a janela de uma consciência  cósmica superior e infinita...






Ponte Carlos - Praga



João Vírgula

(Leitor de Valmedo)




"«Ah», disse o rato, «cada dia que passa, o mundo vai ficando mais estreito. No princípio, era tão vasto que eu tinha medo, continuei a correr e fiquei contente por finalmente ver, lá longe, muros à direita e à esquerda, mas estes extensos muros aproximam-se tão rapidamente um do outro que eu me vejo confinado já ao último compartimento, e ali, ao canto, está a ratoeira para onde corro.»
«Só tens de mudar de direcção», disse o gato e devorou-o.


Franz Kafka - "Fábula breve"

terça-feira, 29 de janeiro de 2019


ENCONTROS IMEDIATOS COM ESCRITORES - II

FRANZ KAFKA


Poucos escritores se podem identificar tanto com um lugar como Kafka e PRAGA, cidade onde nasceu, onde viveu toda a vida e onde morreu, numa relação tão intensa e estranha que saltava de um ápice da paixão ao ódio, da exaltação à depressão, tal qual as suas histórias sem enredo nem heróis que narram o absurdo da existência... Quem se perder pelo antigo bairro judeu de Praga, o Josefov, acabará fatalmente por encontrar o nosso herói numa pequena praça, e onde poderia ser senão ali, pertinho da casa onde morou, das sinagogas e do famoso cemitério, por entre ruelas intrincadas e vielas outrora escuras que serpenteavam desde a Praça da Cidade Velha e a celebérrima Ponte Carlos, na fronteira entre o que era o gueto opressor e a cidade livre dos sonhos, sob o signo da corrente libertadora do Moldava...



Franz Kafka - por Jaroslav Róna


KAFKA, que despudoradamente nem sequer se arvorou em herói defensor das causas judias, ele, judeu antes de tudo mas um apátrida e um desenraizado deste mundo, e depois uma mente atormentada, é certo, mas livre de qualquer apego a ideologias políticas ou sociais, tem a coragem de gritar a um mundo esquizofrénico: "O que é que tenho em comum com os judeus? Nem sequer tenho nada em comum comigo próprio."
Fantasista, bizarro, esquisito, de um ténue mas dilacerante humor, corajoso ao expôr as suas mais profundas misérias interiores ao ponto de se ridicularizar, Kafka abriu-se qual caixa de Pandora de tal forma que os seus conhecedores e amigos de então diziam que ele vivia por detrás de uma parede de vidro... 



E ali vem ele, às cavalitas de uma enorme e vazia personagem, uma estrutura sem cabeça nem mãos nem pés, apenas um fato suspenso, alegoria da dupla existência  do ser humano, entre o mundo material e o mundo espiritual, entre o ego e a essência;  tal qual a curiosa personagem que fez passear por Praga aos ombros de alguém no seu juvenil conto "Descrição de uma luta", alguém ao mesmo tempo frágil e inseguro quanto ufano e triunfal,  o nosso escritor, ainda desconhecedor de que muito tempo depois iria mudaria os paradigmas da escrita universal e dos significados, nem sequer repara em nós, o seu olhar sobrevoa-nos, desprendido do solo, fixo num horizonte longínquo ...
Hoje, kafkiano significa algo ilógico, estranho, absurdo, incompreensível, e, afinal de contas, quantos escritores se tornaram importantes ao ponto de se tornarem adjectivos? Pois é, kafkianamente, muito poucos...


João Pena Seca     (Escritor de Valmedo)

sábado, 26 de janeiro de 2019


"Pinguins em Praga?"
- Foto de Jean-Charles Forgeronne


Estão ali na margem esquerda do MOLDAVA, à beira da icónica PONTE CARLOS, são 34, todos numa marcha alinhada, rumando para um sul incerto, talvez para um paraíso perdido... Feitos em plástico reciclado, de um amarelo vivo para chamar decerto a atenção, os pinguins de Praga é uma obra dos "The Cracking Art Group", um grupo de seis artistas internacionais que assumiram a missão chamar a atenção para os perigos das alterações climáticas... E que bem que o fazem, com inteligência e bom gosto...



João Palmilha

(Viajante de Valmedo)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019




A MISTERIOSA ORIGEM DAS PALAVRAS - I


DEFENESTRAÇÃO


Polissílaba palavra esta, DEFENESTRAÇÃO, que mistura em si mesma a amálgama histórica e a riqueza da sina europeia maturada ao longo de séculos... Fenestra, em latim, Fenêtre, em francês, Fenster, em alemão, são vocábulos que se conjugam com o siginificado de JANELA, em português...  Os lusitanos, sempre espiritualmente virados para a simplicidade, não viram mais do que pequenas portas nas janelas, e se à porta se chamava latínicamente Janua, a uma janela, àquela pequena porta sem pé, só se poderia chamar  Januella... O correcto, seria em bom português, chamar à defenestração DEJANELIZAÇÃO, isto é, lançar algo fora pela janela...!



Das janelas da Câmara Municipal de Praga alguém foi lançado....



Defenestração - acto ou efeito de defenestrar, de atirar janela fora algo ou alguém, mas convém referir que o alguém só lhe é  associado após os incidentes de PRAGA de 1419 em que, numa rebelião de HUSSITAS (seguidores de Jan Huss, protestante dos dogmas de Roma e incinerado na fogueira por heresia em 1415), diversos vereadores católicos são por eles lançados pelas janelas da Câmara Municipal...




Segunda defenestração de Praga
Curiosamente, 200 anos depois (!),  em 1618, uma revolução desencadeada na Boémia descambou numa enorme crise quando vários representantes dos Habsburgo foram arremessados das janelas mais altas do Castelo de Praga, incidente que estaria na origem da Guerra dos Trinta Anos, a qual se alastraria a toda o continente europeu e que, só na Boémia, dizimaria um quarto da população...
Estes incidentes trouxeram para o léxico político a importante noção de que, ser defenestrado, é ser imolado, não volta a ser nada após ser lançado da janela, seja por incompetência,  seja por corruptibilidade, seja apenas porque sim... Foi-se! E que bom seria que, baseados nesta lexicografia, desatasse o povo a fazer justiça e a lançar pelas janelas (e no nosso parlamento não faltariam!) aqueles políticos e outros infiltrados agentes económicos que teimam em parasitar a nossa sociedade e a levar à ruína os cofres públicos e outros ainda, que, por interesse ou por inaptidão, teimam em ser uma nulidade e um  obstáculo ao progresso da democracia!?... Dejanelizemos então, até à exaustão!...



Câmara Velha de Praga



João Portugal

(Linguísta de Valmedo)

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

"O grito do refém do mundo de cá"


Jean-Charles Forgeronne

(Fotógrafo de Valmedo)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019



QUANDO AS BOAS IDEIAS SALTAM PELA JANELA....



JANELA, diz-se que é uma abertura ou vão na parede externa de um edifício ou de um veículo que se destina a proporcionar iluminação e ventilação ao seu interior ao mesmo tempo que permite a visibilidade da paisagem exterior... (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa)... A JANELA DO TEMPO contém, em si mesma, essa dupla faculdade, não só a capacidade de reavivar memórias frágeis que corriam o risco de se tornarem pó num qualquer carunchoso baú de sotão mas também a ousadia de permitir, num salto em frente rumo àquele azulado horizonte para além da Berlengas, qual errante voo de gaivota, a perpetuação da história, da sabedoria e da vida de uma comunidade pelas gerações vindouras...
Por isso, amigo leitor, abra a sua janela e mergulhe nas profundezas do mundo cão, para os tempos primordiais e para as eras futuras, para as memórias e para os sonhos...







Bendita a ideia de abrir esta janela e assim permitir a vinda para o nosso mundo de memórias resgatadas a uma morte certa numa qualquer gaveta esquecida...  Porque, fique sabendo o amigo leitor, se um dia destes se achar passeando pelas ruas da Zambujeira e Serra do Calvo, duas aldeias que se foram juntando até se tornarem numa só e que se não fossem as placas a meio da Rua da Liberdade a assinalar o fim de uma e o príncipio da outra ninguém notaria, talvez só ainda lá estejam por questão histórica, pode talvez ficar surpreendido pelas janelas que vai encontrar... São janelas mágicas que o vão transportar a outros tempos...







As Janelas do Tempo são quadros feitos a partir de fotografias originais e implantados no exacto local onde as mesmas foram tiradas há décadas, permitindo assimilar a transformação das aldeias ao longo do tempo ao mesmo tempo que exibe o rico património urbanístico e cultural, sejam os moinhos, as fontes, os lavadouros, a igreja, as ruas, o povo...



E as memórias são transversais, amigo leitor, não se restringem à zona da Lourinhã, comigo, por exemplo, qual espelho, mostram-me a esquecida  realidade de um Ribatejo profundo dos anos sessenta em que os primeiros automóveis iam chegando a uma aldeia de ruas lamacentas à espera de alcatrão e luz eléctrica... A Janela do Tempo tem esse condão, faz-nos viajar não só pelo tempo como pelo espaço, porque no mundo de então as aldeias eram iguais...

E depois, fotografias com quase um século mostram-nos como eram, por exemplo, os trajes de festa, aquela roupa que só se tirava do baú para as ocasiões festivas... Aqui me penitencio, amigo leitor, pela emoção com que observo estes instântaneos históricos, é que, veja bem, ainda sou do tempo em que existia o traje de domingo e o os outros....
E mesmo que tudo isto à primeira vista pareça estranho, mesmo que não seja a nossa realidade, nem a dos nossos pais, porventura, terá sido, seguramente, a dos nossos avós... E que pobres seremos se encararmos o futuro sem as nossas heranças culturais, que tristes seremos se não abrirmos a janela de trás, que dá para o passado, e a janela da frente, que convém escancarar, de olhos postos no futuro, com orgulho do que já passou!...

Este projecto das "Janelas do Tempo" convida-o a viajar no tempo e no sentimento, é um museu ao ar livre e um portal que o transporta a outro tempo, é uma ideia genial que saltou pela janela da imaginação e que devia ser replicada por tantas outras terras, tantas outras histórias, tantas outras vidas, tantos outros futuros...






A Janela do Tempo número 15, por exemplo, datada de 1933, ano da inauguração da Fonte da Serra, abastecedora de água à população desde tempos imemoriais, ali nas profundezas do vale que separa a Serra do Calvo da Abelheira, encerra uma maravilhosa lenda: ali mesmo, há séculos atrás, uma menina terá ido à fonte buscar água e aí encontrou uma Velhinha Moura que lhe terá perguntado:
   - Mas porque vens tão cedo buscar água, menina?
   - A minha mãe vai cozer pão e precisa de água!
     - Oh! Há tanto tempo que não como um pãozinho quente! - e a velhinha tirou do seu avental um besouro brilhante e deu-o à menina, dizendo:"Leva isto à tua mãe e diz-lhe para me trazer um pãozinho"...
Mas a menina assustou-se ao pegar no brilhante besouro e largou-o, desatando a correr para casa... Ouvindo a história, a mãe da menina apercebeu-se de que aquilo era uma benção, o besouro seria uma jóia em ouro que transformaria as suas vidas para sempre e desatou a correr até à fonte mas nem sinal da moura ou do besouro... Mas essa não seria a única desgraça a ocorrer na fonte: consta que uma das personagens mais queridas e carismáticas da aldeia de então, o Carlotes, com um copito a mais, se terá desequilibrado e morrido afogado ali mesmo...







João Alembradura

(Historiador de Valmedo)

sábado, 19 de janeiro de 2019

"A ponte de Zambujeira-do -Mar no século XIX" - Lavadouros da Zambujeira, Lourinhã



João Plástico

(Artista de Valmedo)


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019



OS MÁRTIRES, OS SANTOS E OS PECADORES... 



São mais os santos do que as mães e todos juntos são uma ninharia comparando com os milhares de mártires torturados e mortos pela SANTA INQUISIÇÃO, infinitamente menos até do que as carradas de crianças inocentes abusadas psicológica e sexualmente ao longo dos séculos, sob a capa de uma terrível santidade... E embora não sendo porventura pecado maior a dedução de que provavelmente sempre tenha havido mais pecadores dentro da maculada Igreja do que fora dela, alguns santos merecem um pouco mais de simpatia do que os restantes e de entre eles destaca-se SÃO SEBASTIÃO...




"Martírio de São Sebastião" - Gregório Lopes - séc.XVI - MNAA



É apanágio dos santos, à excepção dos da casa, a produção industrial de milagres, embora o Papa, num processo de canonização, tenha a prerrogativa de poder dispensar as obras milagrosas em casos excepcionais de martírio, após cuidada comprovação histórica; portanto, pode-se chegar a santo pela via milagreira ou então pela do martírio, mas São Sebastião foi muito mais além, foi um mártir milagreiro!  Nascido em França, Sebastião viveu desde novo em Itália na segunda metade do século III e, embora cristão, fez brilhante carreira militar como soldado e depois capitão da guarda do Imperador romano Maximiano. Consta no entanto que, para além de executar as suas tarefas castrenses com distinção, Sebastião, em segredo e nas horas vagas, prestava assistência aos cristãos presos e ajudava doentes e outros necessitados, curando cegos e surdos pelo caminho. Tudo correu bem até ao dia que o nosso herói foi denunciado ao Imperador, o qual ignorava ser um dos seus capitães de confiança cristão e sentindo-se traído, decretou-lhe um castigo público e exemplar que desencorajasse semelhantes afrontas:  




Capela de São Sebastião - Lourinhã






A Casa dos Petiscos
Sebastião foi amarrado a um poste, apenas de tanga vestido e contra ele os seus bem conhecidos arqueiros da guarda imperial dispararam as suas flechas, deixando-o ali exposto e a sangrar até morrer! Mas, verdadeiro milagre, a morte não foi certa como parecia e socorrido e tratado por gente amiga, o santo haveria de recuperar em segredo e de tal forma o fez que se agigantou nele a vontade de pregar a sua nova, ganhou redobrada coragem e apesar de ninguém ter visto, presenciado ou escrito sobre a ocorrência, parece que o nosso intrépido mas ingénuo paladino, talvez com fé de que o  Imperador lhe caísse de joelhos assustado perante a sua visão, qual ressuscitado dos mortos como o mestre profeta o havia feito duzentos anos antes, voltou Sebastião a enfrentar o tirano, interpelando-o pelas injustiças que eram levadas a cabo contra os cristãos... Mas como não há milagres todos os dias, o Imperador, desta vez, mandou que Sebastião fosse espancado até à morte e que o seu cadáver fosse lançado nos esgotos de Roma para que não pudesse ser encontrado e venerado... Assim foi feito, mas entretanto o seu corpo seria resgatado do anonimato e sepultado nas catacumbas para, quatro séculos mais tarde, ser trasladado para uma basílica mandada construir pelo Imperador Constantino, o convertido, e ainda hoje o santo é representado como um jovem mártir (tinha 32 anos quando morreu) trespassado por flechas...


E no mundo de hoje, em que abundam martírios, onde já não acontecem milagres (porque será?) e santos nem vê-los, restam-nos as festividades que se vão fazendo em honra dos antigos milagreiros... As de São Sebastião abundam por cá e pelo Brasil, por exemplo, e de entre todas salienta-se, pelo seu carácter humilde e popular e ambiente único, a que ocorre por estes dias na LOURINHà(o santo celebra-se a 20 de Janeiro)... Pela tardinha, quando os foguetes estalam no ar, o povo já sabe, os bolos de festa estão à espera e todos rumam ao largo fronteiro à pequenina Capela de São Sebastião para, entre dois copos de três de branco ou tinto que ajudam a empurrar a ferradura, meter a conversa em dia ao balcão da casa dos mordomos... Há quem fique para mais tarde e petisque qualquer coisa e haverá também sempre alguém que não arrede pé porque alguém saudoso está sempre chegando e o milagre da alegria se repete! Não há frio ou chuva que desmobilize e para os mais tradicionalistas ainda restam a procissão de domingo e o leilão dos cargos em plena rua...






Celebremos, pois, em honra do mártir e santo Sebastião, e que possa ele interceder sempre, lá do alto, pelos homens de boa vontade que erram cá por baixo!.....








João das Boas Regras

(Sociólogo de Valmedo)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

"Ponte romana" - Vale da Cornaga, Reguengo Grande


Jean Charles Forgeronne

(Fotógrafo de Valmedo)

LENDAS E NARRATIVAS - VIII


O CÃO QUE MORREU DE AMOR PELA LOBA...


Muito antes das aventuras do leão de Rio Maior, outra lendária fera agitou de tal forma a pacata existência do povo da LOURINHà que a sua fama ainda perdura nos dias de hoje, apesar do protagonismo entretanto assumido pelos dinossauros...  Corriam os anos 30 do século XX e corriam então ainda mais rápido os rumores de que, por uma vasta área da região leste do concelho que ia desde a Ribeira de Palheiros até à Moita Longa, passando pelas Papagovas e chegando até Vale Covo (onde um burro tinha aparecido morto), uma enorme LOBA andava a dizimar rebanhos, bichos de capoeira, coelhos e até vitelos!  Tanta história se contava já que a realidade se misturava com a ficção e sendo por demais sabido que nos momentos de alvoroço o que os olhos vêem pode ser amiúde deturpado pelo cérebro agitado, nessas horas de tormenta uma polegada transforma-se facilmente num palmo e este, por sua vez, chega a parecer uma vara, um cão pode virar lobo, e então já se ouvia dizer que afinal não era apenas uma fera mas sim duas, assim se jurava que os bichos tinham sido avistados juntos por várias ocasiões...  Alvoroçaram-se ainda mais as hostes, especialmente aquelas que se acharam sem os seus animais, tocaram-se os sinos a rebate e magotes de gente desataram a bater aqueles terrenos em busca dos bichos, armados até aos dentes com pistolas, navalhas, varapaus e mais o que houvesse à mão!




A LOBA



Entremos agora na nossa cápsula do tempo, amigo leitor, e viajemos pela História até um longínquo domingo soalheiro e se atentarmos além, para a estrada que vem do Nadrupe, podemos descortinar um estranho e orgulhoso cortejo que se aproxima da Lourinhã, espalhando risos e vozes felizes por quem passa porque traz a boa nova e o bicho como prova: matou-se a terrível LOBA!...  Galgada a ponte sobre o Rio Grande, mais uma centena de metros até ao largo principal da vila e já se ouvem os acordes da Banda Filarmónica que vai animando o dia de cima do coreto outrora aí existente, como era tradição dominical (mais tarde, as más línguas irão espalhar que até a Banda teria sido convocada para abrilhantar o espectáculo quando foi o contrário que aconteceu, foi a Loba que ao chegar encontrou a Banda a tocar)...




"O Coreto onde a banda tocava..." - Mariazinha  (Pintora lourinhanense)



- Mataram a LOBA! Mataram a LOBA! - O vento fazia ecoar estas palavras e de repente se apinhou de gente o largo do Convento, de todos os cantos e ruelas vinha povo para ver a afamada fera e até dos lugares próximos vinha gente a pé ou de carroça. Agora o leitor assiste a uma magnífica transfiguração do semblante dos presentes, uns franzem o sobrolho, outros levantam os ombros, todos se entreolham, uns poucos têm a coragem de se rir, sobe de tom o burburinho e só se ouve "MAS QUAL LOBA, É UMA CADELA!" O choque é tal que ninguém se apercebeu ainda do efeito futuro que esta confusão irá ter nos lourinhanenses e que se arrastará por décadas, até ao presente... E se o leitor aqui voltar no dia seguinte ficará deveras surpreendido com o ridículo da questão: foi a "loba" exposta no pátio da Câmara Municipal para que os visitantes a pudessem apreciar mediante o pagamento de cinco tostões! Mas hoje, que aqui está em pleno desfrute deste momento histórico, deve o leitor alhear-se do centro das atenções e olhar para a sua direita e reparar que ao longe, afastado da multidão, de ar acabrunhado e rabo caído, espreita um corpulento cão, do qual ninguém se apercebe mas que na sua dolorosa infelicidade chora em segredo a perda da sua companheira... Ainda não sabe o amigo leitor, aliás ninguém poderia saber, mas este apaixonado cão irá morrer de desgosto amoroso em breve, qual príncipe romeu sem julieta...




Por estes caminhos da Moita Longa deambularam apaixonadamente as feras... 


Chamava-se CINDERELA a enorme e linda cadela da Dona Amélia, dona da Quinta do Perdigão, e que metia respeito a quem se cruzava com ela ou se aproximava do seu território... Mas um dia, altos anseios se levantaram e fugiu! Deambulou pelas redondezas e acabou por conhecer na Moita Longa uma alma gémea, um cãozorro do qual não reza muita história mas que se poderia muito bem chamar de PRÍNCIPE, e a paixão entre os dois foi tão grande que se tornaram inseparáveis, até que, perseguidos e escorraçados por matilhas de homens furibundos e animados pela ideia de que eles eram terríveis feras à solta, foram obrigados a separarem-se! Durante muito tempo, Príncipe não teve notícias da sua Cinderela, até àquele funesto dia em que, por acaso, numa de muitas outras expedições em busca da sua desaparecida amada, deu de focinho com o fúnebre cortejo...





Como é de ver, desde aquela altura e durante décadas que o inusitado episódio da loba foi  motivo de chacota e gozo por parte de muitos forasteiros, de tal modo que a Lourinhã passou a ser conhecida como a "TERRA DA LOBA" e daí ter nascido a célebre expressão: " ÉS DA LOURINHÃ, OU QUÊ? ", que é como quem diz, "Mas tu és parvo ou quê?" Evidentemente, e durante largas épocas, às gentes honradas da Lourinhã  nem se podia falar em tal coisa tamanhos eram o desconforto e a ofensa mas, com a inevitável cura do tempo, hoje a singular história da LOBA virou orgulho e símbolo das novas gerações a tal ponto de, por exemplo e com desassombro, a claque de apoio ao clube da terra se chamar deliciosamente Ultras LOBA


João Alembradura

(Historiador de Valmedo)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019



LENDAS E NARRATIVAS - VII


O LENDÁRIO LEÃO QUE AFINAL ERA REAL....



No princípio de 1973 não se falava de outra coisa por aquelas bandas, um bicho terrível ameaçava tudo e todos, um inusitado, gigantesco e apocalíptico leão deambulava, sedento, pelas imediações de Rio Maior, uma pacata urbe desde tempos imemoriais... A televisão e os jornais encarregar-se-iam de tornar os rumores um assunto nacional diário e tudo tinha começado meses antes com a descrição por parte de um popular de um encontro imediato com a terrível fera, na zona da  ESTANGANHOLA...  Com a desculpa de não ter havido uma única participação apresentada relativa aos eventuais mas reais morticínios  operados pela  fera junto do gado da região, a GNR de Rio Maior, embora sabedora de estranhas ocorrências, e alinhando pela desconfiança dos moradores da cidade, considerou uma estupidez a presunção por parte dos camponeses da existência de um leão à solta na sua jurisdição...




Para o descrédito de tal alarme social também contribuíria muito a intromissão de uma célebre figura da televisão chamada Fernando Peça, idolatrado num país de brandos costumes e gosto pelas brejeirice, e é vê-lo chegar a cavalo de uma bicicleta por um caminho rural, vestido a preceito de capote alentejano e luvas de pelica que o frio ribatejano de Janeiro não é para brincadeiras, e decidido a gozar com a parvoíce dos locais e usando a sua famosa ironia pergunta a um agricultor (que bem podia ser analfabeto) se o bicho era quadrúpede e se o seu rabo tinha a forma de um pincel.... Claro que as elites da capital, de olhos postos nas notícias da noite da televisão salazarenta e entre uma e outra garfada à mesa de jantar, se desmancharam a rir destas misérias mundanas mas afinal, por último, quem fez figura de grande parvo foi o grande jornalista porque o leão existia mesmo!







Mas o que interessa mesmo é a história do leão bébé criado em segredo para os lados da Estanganhola, depois de ter, por milagre, fugido da jaula de um circo que tinha passado por Rio Maior dois anos antes..  
A famosa reportagem...
Consta que num belo dia, José Diogo, na sua rotina matinal de regular cidadão riomaiorense, saindo de casa para o trabalho, terá deparado com a vulnerável e faminta criatura na berma da estrada, num estado de fraqueza extrema e, piedosamente, num episódio de lucidez alucinada, terá pegado naquilo que lhe parecera ser um pequeno cachorro e levou-a para sua casa, alimentando-a a leite, tendo o cuidado de vestir uma bata branca para não sujar o fato! A questão é que, passado tempo, a fera veio a revelar-se não ser um cão mas antes um leãozorro que foi crescendo e ganhando apetites até que sucumbiu inevitavelmente ao apelo da selva, acabando por fugir do seu cativeiro enquanto se alimentava de várias capoeiras e outros bicharocos que encontrasse... O povo, alarmado porque ia sofrendo na pele a razia nos rebanhos e outros animais domésticos, convicto da existência da leonina alimária, organiza caçadas ao bicho em que intervêm dezenas de homens armados de espingarda, foices, varapaus, mocas, o que houvesse à mão, embora sem sucesso...







A história termina de uma forma dramática: devido ao pânico que o leão estava a causar por Rio Maior, o próprio José Diogo, aquele mesmo que tinha salvo o bébé leão de morte certa, veste a bata branca que o animal bem conhecia, carrega a espingarda e vai em busca do animal; este, respondendo ao chamamento do seu "dono", acaba morto à queima roupa, numa traição inevitável mas bastante dolorosa...


João Atemboró

(Naturalista de Valmedo)

domingo, 6 de janeiro de 2019



EFEMÉRIDE # - 54


QUANDO AS NOTÍCIAS CHEGAM DE EXPRESSO...




Custava 5 escudos e no primeiro sábado de 1973, passam hoje precisamente 46 anos, saía a primeira edição do Expresso,  semanário inovador num país então demasiado analfabeto, inculto, amordaçado e ávido de informação de qualidade...  E, naquele ano que era de eleições para deputados, que melhor forma de começar do que alertar na principal chamada de capa para o número de portugueses que nunca então tinham votado: 63%!? Já a revolução germinava, silenciosa mas cada vez com mais expressão, e esta aparente angélica notícia soa a um grito de alarme, a um toca a reunir que todos seriam necessários para dar voz aos anseios democráticos, havia que acordar o povo de uma letargia de décadas... Deveras interessante também é o facto de os dados apresentados terem decorrido duma sondagem organizada pelo próprio jornal, uma novidade então para aquilo que hoje é banal e que evidenciava que apenas 30% das classes profissionais mais desfavorecidas (agricultores, pescadores, operários qualificados e trabalhadores de transportes e serviços, por exemplo) tinham votado pelo menos uma vez! Outro dado curiosos da referida sondagem: 82% dos jovens entre os 24 (idade mínima com que se votava) e os 34 anos de idade nunca tinham votado!? Já as profissões científicas, técnicas e quadros superiores, bem como comerciantes e empregados de escritório, eram os que mais votavam: mais de 50%. E, não surpreende que, símbolo de um reino caduco e imoral de séculos, quem dominasse as intenções de voto fosse a faixa etária com mais de 65 anos, já resolvida da vida e com as agruras ultrapassadas, detentora da autoridade moral de um regime opressivo e castrador que assentava em favores e compadrios... Aliás, quase meio século passado, pouco mudou, nas últimas presidenciais de 2016 foi batido o record de abstenção da era democrática: mais de 51%! E hoje, os jovens não sabem nem querem saber o que é a política, quanto mais votar... Também se perguntava na referida sondagem a opinião sobre a possibilidade da concessão de voto a partir dos 18 anos e não surpreende o facto de apenas 34% dos inquiridos com mais de 65 anos de idade ser a favor, mais uma vez a  velha guarda a defender o seu reino...



Expresso - Nº 1

Outros destaques do primeiro Expresso recaíram sobre a fabulosa saga do leão que desalvoroçava Rio Maior, sobre a questão do Vietname que não estava fácil para Nixon ( a poucos dias de tomar posse do seu 2º mandato), sobre a polémica arbitragem no futebol que ainda subsiste, sobre as várias bombas de pequena dimensão que tinham deflagrado na véspera em plena capital e, curiosamente, sobre o Imposto Automóvel entretanto criado e que tinha entrado em vigor exactamente naquele Janeiro de 1973, questionando-se até sobre a legalidade do mesmo...
Curiosa e não surpreendente a notícia de segunda página e que poderia ser de ontem, aquela que refere a contabilidade de 19 mortos nas estradas durante a passagem de ano 72-73, resultantes do mau estado das estradas e dos seus buracos!




O Expresso saíu do ventre da História ao habitar na Rua Duque de Palmela a mesma casa que Afonso Costa, legislador laicista e que por isso foi chamado de Mata-Frades porque teve a coragem e o discernimento de, nos alvores do século XX, privatizar bens da Igreja, legalizar comunidades religiosas não católicas e de ter patrocinado a Lei de Separação do Estado e da Igreja! O Expresso continuaria a fazer parte da História, nessa sua primeira edição, convivem dois futuros primeiros-ministros de Portugal, o próprio fundador e director Pinto Balsemão (1981-83) e Sá Carneiro (1980), este como opinador numa rúbrica chamada "Visto"... Muita gente depois famosa haveria de ingressar ou colaborar com o jornal mas fiquemos apenas com mais duas personagens que abrilhantaram esta primeira edição: Magalhães Mota, ministro nos primeiros quatro governos provisórios, co-fundador do PPD com Sá Carneiro mas depois desavindos, e Joaquim Letria, então um correspondente no estrangeiro mas que, nas décadas de 80 e 90 viria a corporizar o "senhor jornalista televisivo"...

Hoje, passadas 2410 edições, o Expresso merece os parabéns tal como mereceu, no primeiro dia, as boas vindas por parte do Diário de Lisboa  e outros colegas de aventura...






João das Boas Regras

(Sociólogo de Valmedo)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019



A DÚVIDA, A ESCOLHA E A ANGÚSTIA...



Com o nascer de um novo ano renasce também um novo mundo de projectos, de ideias, uma nova existência, assente na nostalgia da vida passada (nalguns casos desperdiçada) e na angústia da dúvida sobre as escolhas feitas e dos caminhos que não se tomaram, coisa que talvez só a poesia seja capaz de exprimir pois, como dizia Robert Frost, "poesia é quando uma emoção encontra o seu pensamento e o pensamento encontra palavras"...



O caminho que não escolhi





"Dois caminhos separavam-se num bosque outonal,
que pena não poder seguir por ambos
numa só caminhada, longo tempo fiquei
observando um o mais longe possível
até ele se perder entre o matagal...

Porém escolhi o outro, igualmente belo,

talvez até mais sedutor
pois cobria-o um tapete de viçosa relva,
embora quem por eles passara
os tivesse desgastado de igual modo...

E nessa manhã os dois jaziam cobertos 

de folhas que nenhum pisar enegrecera.
Oh! O primeiro guardei para outro dia
mas sabendo que caminho leva a outro caminho
duvidei se algum dia a ele voltaria...

É suspirando que agora conto esta história,
tanto, demasiado tempo já passado,
dois caminhos separavam-se num bosque e eu
segui pelo menos escolhido
e isso fez toda a diferença...


ROBERT FROST, 1916

(Tradução livre de J.C)





No mês em que passam 56 anos sobre a sua morte, recordar Robert Frost é lembrar um homem que vivia o mundo inteiro, desde as pequenas tarefas artesanais do campo às grandes cerimónias mundanas, aos dezasseis anos começou a dar aulas de literatura enquanto trabalhava em moínhos e fazendas, aos trinta e dois era professor a tempo inteiro e depois dedicou-se a dar conferências na América e na Europa, privando então com os maiores vultos da literatura da época (Ezra Pound, Yeats, Graham Green, E. M. Forster...). A vida não lhe foi fácil, perdeu o pai excêntrico e irascível aos 11 anos, valeu-lhe a mãe culta que lhe mostrou a magia do mundo literário... Mais tarde, em apenas dois anos, sofreu um cataclismo emocional ao perder a amada mulher e ao lidar com o suicídio da sua filha... Deixou-nos poemas eternos e uma grande obra reconhecida por 4 prémios Pulitzer, e é hoje uma figura incontornável em qualquer antologia poética e a sua aura chegou à sétima arte onde é citado, por exemplo, n'O Clube dos Poetas Mortos... Também John F. Kennedy era um fervoroso admirador de Frost ao ponto de, na sua tomada de posse em 1961, ter lido ao povo americano o seu poema "The Gift Outright".



J.C

(Poeta de Valmedo) 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019


Catface on the moon...



Jean-Charles Forgeronne

(Fotógrafo de Valmedo)


A TOUPEIRA DE JANEIRO

ANO NOVO, VIDA NOVA?



Amigo Rui, a toupeira veio cá acima, orientou o focinho para os quatro ventos, inspirou profundamente, fechou os olhos, franziu o nariz, soprou na direcção da minha rosada buganvília que estremeceu num arrepio e disse:
   - A coisa melhorou um pouco, mas os ventos dizem-me que não há motivos para festejar...
    - Mas neste último mês ganhámos os jogos todos para a Liga, com uma goleada a um dos candidatos, estamos nos quartos da Taça, na Final Four da Taça da Liga e podemos fazer figura na Liga Europa depois de nos termos despedido da Champions com uma vitória...
A toupeira não me interrompeu nem sequer me encarou, continuava enigmáticamente a perscrustar o horizonte para os lados da Areia Branca, e eu, acompanhando o seu olhar, adivinhei as suas palavras:
 - As vitórias acontecem e são naturais nos grandes clubes, habituados a ganhar, mas as conquistas são outra coisa, os títulos estão sempre assentes numa grande base de qualidade, confiança e comprometimento. Não basta ganhar uma série de jogos seguidos, é necessário que esteja tudo bem assente numa filosofia de jogo e numa estratégia forte, imunes a um eventual e esporádico desaire, e isso, eu não vejo... A equipa está deprimida, stressada e apenas viva até ao próximo desaire!
   - Então o que fazer?
   - Ir ganhando, sempre, mesmo a jogar horrivelmente mal, mas ir ganhando...
   - Mas o Jonas está outra vez em grande, o Zivkovic  renasceu, o...
   - A questão não é individual! -atalhou o bicho das profundezas - A qualidade está lá, simplesmente não resulta, não basta juntar onze bons jogadores e uma bola, é necessário que haja química, um fermento que catalise as reacções e resulte tudo num futebol de qualidade, e isso não acontece por magia... Basta ver os sonantes reforços do Verão que resultaram numa nulidade!


    - Então o problema é do Rui?
    - Também mas depois pode ser que o balneário esteja inquinado, que é como quem diz, refém da influência de alguns, e isso gera sempre conflitos e dificuldades de adaptação...
    - Estás a referir-te ao misterioso desaparecimento do Ferreyra?
     - Claro, mas o problema é mais vasto, deriva dum ano muito difícil em termos de imagem pública, não é fácil resistir a um ataque tão violento à idoneidade dos dirigentes do clube como aquele que foi levado a  cabo no último ano e seria um verdadeiro milagre ser campeão esta época... Aliás, já é surpreendente estar em 2º lugar neste momento, a apenas 4 pontos da liderança....


Despedida da Champions...
     
  - Então, que futuro?
  - Isso, meu amigo... - e a toupeira olhou-me, enigmática - ninguém sabe, é esperar para ver... A confiança pode voltar apenas muitos anos depois de desaparecer e tudo na vida se resume a uma questão de autoconfiança, se ela não existe... E tudo pode estar preso por horas, o que virá aí se não se ganhar logo em Portimão, por exemplo?
   - Pois... 
Por isso, amigo Rui, boa sorte para logo, que bem precisas, e já agora para todo o mês de Janeiro, um ciclo terrível de finais, mas que raio, não é para isso que existem os grandes clubes, para as grandes ocasiões?...


28666

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Jean-Charles Forgeronne




Jean-Charles Forgeronne - Retrato

Daniel Artur - Lisboa, 2018