terça-feira, 11 de junho de 2019


O BARRO, A PEDRA E A GRAVATA...


Vinte séculos antes da popularização do lenço ao pescoço feita pelos cavaleiros croatas durante a Guerra dos Trinta Anos já os soldados de outros exércitos da Antiguidade usavam esse adereço...  Descoberta em 1974 por acaso, a sepultura do primeiro imperador da China revelou-se espectacular pelos cerca de 8000 soldados em terracota que ressurgiram à luz do dia, eles estiveram enterrados durante 2000 anos juntamente com o fundador da dinastia Qin. A finalidade desse imenso exército era proteger o imperador durante a vida depois da morte e se cada soldado, de tamanho natural, é único porque cada um tem as suas próprias feições, todos eles, sem excepção, usam lenço à volta do pescoço! E calcula-se que ainda faltam desenterrar milhares de soldados, centenas de cavalos e carros, ao bom do imperador não faltará protecção nas próximas guerras ele que fez enterrar vivos consigo as suas esposas e os construtores do túmulo, certamente para proteger os segredos, os domésticos e os do monumento...


Guerreiros de Xian - séc III a.C

Pela mesma época, no século II a.C, os soldados romanos que andavam em campanha pelo Império usavam o focale, uma faixa de tecido que tinha variados usos mas que, atada à volta do pescoço, protegia do frio. E hoje, quem passear à descoberta por Roma e der de caras com a Coluna de Trajano, monumento em mármore com 30 metros de altura e mandado erigir pelo imperador em memória da suas vitórias sobre os Dácios, pode observar ao pormenor as figuras dos legionários aí representados e constatar que todos eles usam o tal focale ao pescoço...  


Legionários engravatados - Coluna de Trajano

O costume dos chineses e dos romanos usarem lenços à volta do pescoço perdeu-se no esquecimento durante séculos e só no século XVII os croatas o trouxeram de novo à ribalta, e todos eles, chineses, romanos e croatas que utilizavam esse adereço tinham uma coisa em comum: são guerreiros, soldados que combatiam em climas agrestes e que tinham de se proteger do frio. 


João Alembradura
(Historiador de Valmedo)

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