EFEMÉRIDE # 59
E VÃO TRÊS NAUS AO FUNDO!
Passam hoje exactamente 453 anos sobre um acontecimento extraordinário, uma batalha em que um pequeno grupo de homens, pouco mais de uma vintena, deu luta feroz a uma armada completa e que só foi vencido ao terceiro dia de contenda porque se lhe acabaram as munições e ainda por cima foi atraiçoado!
Amanhece o dia 28 de Junho de 1666, o sol ainda baixo permite no entanto o avistamento ao largo das BERLENGAS de uma frota inimiga, ali estavam os espanhóis, haviam saído de Cádiz semanas antes com catorze naus, uma caravela e centenas de homens sob o comando de D. Diego de Ibarra e com o expresso intuito de raptar Maria Francisca de Sabóia, a qual vinha a caminho de Portugal a bordo de uma esquadra francesa ... A princesa, protegida de Luís XIV, ao ter casado por procuração dias antes com D. Afonso VI, iria selar uma aliança entre os dois países, facto desagradável para a política externa dos nuestros hermanos...
Os espanhóis, talvez por diversão ou para passar o tempo, que a futura rainha ainda não estava à vista, decidiram conquistar aquela fortalezazeca ali à mão de semear e desataram a lançar ataques por mar e terra mas o que nunca lhes passou pela cabeça foi que aquilo iria ser o cabo dos trabalhos para eles e tudo por causa de um cabo, AVELAR PESSOA, personagem natural da vizinha Atouguia da Baleia e com tanto sangue na guelra que com 27 (!) homens apenas ao seu cargo e nove peças de artilharia conseguiu aguentar três dias uma batalha muito desigual: mais de 400 perdas para os espanhóis e apenas um morto e cinco feridos entre a heróica guarnição do forte, uma nau afundada ali mesmo nas Berlengas e outras duas seriamente danificadas que iriam depois ao fundo durante o regresso, uma ao passar o Algarve e outra em plena baía de Cádiz!
Não é difícil imaginar o desespero dos espanhóis e até se pode especular que terão chegado a pensar seriamente desistir e bater em retirada para o largo, que não valia a pena tanta miséria, afinal aquilo que era suposto ser um divertimento passou a tragédia, nem era aquele afinal o objectivo da sua empresa e se não fosse o caso de haver um traidor entre os lusitanos que abandonou o forte para se meter no barco e dar com a língua nos dentes, talvez a história tivesse tido outro epílogo... Só depois de saberem pela boca daquele nojento traidor que a pólvora tinha acabado no paiol é que os espanhóis se decidiram a lançar um ataque derradeiro e assim conquistaram a fortaleza... Quanto ao célebre Cabo Avelar Pessoa, gravemente ferido durante os combates, seria levado para uma nau espanhola onde viria a morrer, com honra e glória, quanto ao miserável traidor, de cujo fim não foi relatada história, espera-se que, no mínimo, lhe tenham pegado fogo vivo ou então que o tenham lançado aos tubarões...
Quanto à futura Rainha de Portugal, entraria sã e salva na baía do Tejo passadas semanas...
João Alembradura
(Historiador de Valmedo)
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Forte São João Baptista |
Os espanhóis, talvez por diversão ou para passar o tempo, que a futura rainha ainda não estava à vista, decidiram conquistar aquela fortalezazeca ali à mão de semear e desataram a lançar ataques por mar e terra mas o que nunca lhes passou pela cabeça foi que aquilo iria ser o cabo dos trabalhos para eles e tudo por causa de um cabo, AVELAR PESSOA, personagem natural da vizinha Atouguia da Baleia e com tanto sangue na guelra que com 27 (!) homens apenas ao seu cargo e nove peças de artilharia conseguiu aguentar três dias uma batalha muito desigual: mais de 400 perdas para os espanhóis e apenas um morto e cinco feridos entre a heróica guarnição do forte, uma nau afundada ali mesmo nas Berlengas e outras duas seriamente danificadas que iriam depois ao fundo durante o regresso, uma ao passar o Algarve e outra em plena baía de Cádiz!
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"Fortaleza camuflada" |
Não é difícil imaginar o desespero dos espanhóis e até se pode especular que terão chegado a pensar seriamente desistir e bater em retirada para o largo, que não valia a pena tanta miséria, afinal aquilo que era suposto ser um divertimento passou a tragédia, nem era aquele afinal o objectivo da sua empresa e se não fosse o caso de haver um traidor entre os lusitanos que abandonou o forte para se meter no barco e dar com a língua nos dentes, talvez a história tivesse tido outro epílogo... Só depois de saberem pela boca daquele nojento traidor que a pólvora tinha acabado no paiol é que os espanhóis se decidiram a lançar um ataque derradeiro e assim conquistaram a fortaleza... Quanto ao célebre Cabo Avelar Pessoa, gravemente ferido durante os combates, seria levado para uma nau espanhola onde viria a morrer, com honra e glória, quanto ao miserável traidor, de cujo fim não foi relatada história, espera-se que, no mínimo, lhe tenham pegado fogo vivo ou então que o tenham lançado aos tubarões...
Quanto à futura Rainha de Portugal, entraria sã e salva na baía do Tejo passadas semanas...
João Alembradura
(Historiador de Valmedo)
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