TASCAS E ANTROS DE PRAZER - III
O CANTINHO SECRETO DO ALFREDO
Pelas bandas de Campolide, à margem do caos lisboeta e pertinho da fast food comercial das Amoreiras, mora um segredo bem guardado, o CANTINHO DO ALFREDO, uma tasca ou uma casa de pasto, como se queira chamar e entender, que serve comidinha típica e saborosa a um preço que já não se usa...
Lá chegados é inútil chamar pelo Alfredo porque ele não existe a não ser no letreiro, a casa já assim se chamava quando há anos pegou no negócio o senhor Albino, actual proprietário e incansável faz-tudo, recebe a clientela, põe e dispõe as mesas, selecciona as iguarias a cozinhar, vai e vem da cozinha, salta para detrás do balcão para servir mais um café com cheirinho ou para receber a nota e toda essa azáfama é feita com a eficiência natural dos predestinados e ainda há lugar para a simpatia e para o humor...
Mas vai-se ao cantinho pela comida, claro, e essa não desilude, seja carne como o teclado (vulgo pianola noutras paragens), o bitoque simples e delicioso ou os secretos e ainda as iscas com elas, passando pelo peixe e aí o bacalhau assado ou frito à minhota, delicia, pede meças, ou o arroz de polvo malandrinho ou as pescadinhas que não tinham o rabo na boca desde o tempo das nossas avós! Não esquecendo também dois dos emblemas da casa, o belo cozido à portuguesa às quintas feiras ou o pato no forno sábado sim sábado não, dados à luz pela mão mestra da única cozinheira que dá vida à minúcula cozinha donde saiem grandes repastos, a Dona Helena...
Despretensioso, genuíno, sedutor, assim se apresenta este cantinho de bem comer numa grande capital, e vale a pena sofrer um pouco ao tentar arranjar o difícil estacionamento ou esperar alguns minutos por lugar na sala deveras exígua, mas isso faz parte do encanto da boa gastronomia, as coisas nem sempre são fáceis mas quando são extraordinárias tudo compensa... E no final, não vale a pena procurar cartões ou créditos, ali não se fia mas também não se implica nem complica, a conta sai redonda ao cêntimo da cabeça do Albino e só se aceitam notas e moedas, poucas por sinal, e isso faz juz à memória do antigamente em que bem se comia em certas tascas como se estivéssemos em casa...
João Ratão
(Chef de Valmedo)
Despretensioso, genuíno, sedutor, assim se apresenta este cantinho de bem comer numa grande capital, e vale a pena sofrer um pouco ao tentar arranjar o difícil estacionamento ou esperar alguns minutos por lugar na sala deveras exígua, mas isso faz parte do encanto da boa gastronomia, as coisas nem sempre são fáceis mas quando são extraordinárias tudo compensa... E no final, não vale a pena procurar cartões ou créditos, ali não se fia mas também não se implica nem complica, a conta sai redonda ao cêntimo da cabeça do Albino e só se aceitam notas e moedas, poucas por sinal, e isso faz juz à memória do antigamente em que bem se comia em certas tascas como se estivéssemos em casa...
João Ratão
(Chef de Valmedo)
Ainda por aí existem cantinhos de encher o bucho e abrirem sem esforço os sentidos do olfacto, da visão e do paladar, para nosso desvelo.
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