A UM JOVEM ESCRITOR
Inútil é que te forjes
A ideia de avançar
Porque embora escrevas o mar
Já antes o escreveu Borges
Manuel Mujica Láinez
(Escritor, jornalista e crítico argentino)
O MAR
Antes que o sonho (ou o terror) tecera
mitologias e cosmogonias,
antes que o tempo se cunhasse em dias,
o mar, sempre o mar, já estava e já era.
Quem é o mar, quem é o violento
e antigo ser que destrói os pilares
da terra, e é só um e muitos mares,
e abismo e resplendor e azar e vento?
Quem o o olha vê-o pela vez primeira,
sempre. Com o assombro tal que as coisas
elementares deixam, as formosas
tardes, a lua, o fogo da fogueira.
Quem é o mar, quem sou? Sei-o no dia
que virá logo após a minha agonia.
Jorge Luís Borges
(Tradução - José Bento)
O MAR
Antes que o sonho (ou o terror) tecera
mitologias e cosmogonias,
antes que o tempo se cunhasse em dias,
o mar, sempre o mar, já estava e já era.
Quem é o mar, quem é o violento
e antigo ser que destrói os pilares
da terra, e é só um e muitos mares,
e abismo e resplendor e azar e vento?
Quem o o olha vê-o pela vez primeira,
sempre. Com o assombro tal que as coisas
elementares deixam, as formosas
tardes, a lua, o fogo da fogueira.
Quem é o mar, quem sou? Sei-o no dia
que virá logo após a minha agonia.
Jorge Luís Borges
(Tradução - José Bento)
"Mar celeste" - Jean-Charles Forgeronne |
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