domingo, 3 de novembro de 2019
CONFIANÇA NOS ÓCULOS, NÃO NO OLHO
Confiança nos óculos, não no olho;
na escada, nunca no degrau;
na asa, não na ave
e só em ti, só em ti, só em ti.
Confiança na maldade, não no malvado;
no copo, mas nunca na bebida;
no cadáver, não no homem
e só em ti, só em ti, só em ti.
Confiança em muitos, já não em um;
no leito do rio, jamais na correnteza;
nas cuecas, não nas pernas
e só em ti, só em ti, só em ti.
Confiança na janela, não na porta;
na mãe, mas não nos nove meses;
no destino, não no dado de ouro
e só em ti, só em ti, só em ti.
CESAR VALLEJO
in "Poemas humanos", 1939
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