segunda-feira, 15 de junho de 2020

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COM SORTE PODE-SE MUDAR O MUNDO...


Muita gente ignora que WINSTON CHURCHILL, para além de político, estadista e estratega militar foi um homem muito ligado às artes, como muito bem atesta o Prémio Nobel da Literatura que ganhou em 1953 graças à sua imensa obra sobre memórias pessoais e da guerra, com especial destaque para os seis volumes de "A Segunda Guerra Mundial", mas para além disso era ainda um apaixonado pela pintura, na qual se refugiava amiúde para sobreviver aos períodos depressivos que o assaltavam ao olhar para o mundo-cão ameaçado por Hitler, tendo pintado mais de cem quadros, ao estilo impressionista, dizem... 

"Boats at Cannes Harbour", 1937 - Winston Churchill

Mas muito antes o nosso herói começou por ser jornalista e ainda muito jovem, com 25 anos apenas, é enviado pelo Morning Post para a África do Sul para cobrir a Guerra dos Bôeres, então em plena efeverscência e é aí que tudo ganha sentido na vida de Winston, ele que apesar de todas as circunstâncias adversas se iria revelar um incondicional optimista e que dizia em qualquer lado que enquanto "um pessimista vê uma calamidade em cada oportunidade, um optimista vê uma oportunidade em cada calamidade...", e tendo sido esse genuíno optimismo que lhe permitiu carregar aos ombros um povo moralmente destroçado até à vitória final, ele que, no entanto, talvez devido a lapso de memória, apenas se enganou numa coisa e não menos importante, a sorte...! Terá ele dito, muitos anos depois que "A sorte não existe. Aquilo a que chamamos sorte é o cuidado com os pormenores".  Pois então reparemos nestes pormenores que aconteceram de facto quando ele ainda muito jovem se encontrava fugido duma prisão na África do Sul após ter sido capturado numa emboscada, a quase 500 quilómetros de uma fronteira amiga e com o fuzilamento à espera se por acaso fosse capturado...

"Jovem Churchill, Correspondente de Guerra"

"Há vários dias em fuga e sabendo dos riscos que corria, aproximou-se da casa e bateu com força na porta.
 - Quem é? - perguntaram em africânder - e Churchill ficou lívido...
  - Preciso de ajuda, tive um acidente! - lembrou-se de dizer...
E então na porta da frente uma imponente figura se recortou e em genuíno inglês perguntou:
   -  O que quer?
Churchill respondeu a primeira coisa que lhe veio à cabeça, que era um comerciante que havia caído do comboio, que estava ferido e que precisava de ajuda.... 
Passaram alguns minutos até o dono da casa perguntar:
   - Desculpe, mas tem que explicar melhor esse seu acidente!
Churchill engoliu em seco e disse.
   - Acho melhor dizer a verdade...
   - Concordo! - respondeu o seu interlocutor.
   - Eu sou Winston Churchill, correspondente de guerra do jornal Morning Post, de Londres. Há uns dias fugi da prisão de Pretória e quero chegar à fronteira... Pode ajudar-me?
Um longo e pesado silêncio se seguiu. Após alguns minutos o homem levantou-se, trancou a porta e, finalmente, exclamou:
   - Você teve muita sorte! Esta é a única casa, numa área de 32 quilómetros, onde ninguém o denunciaria às autoridades que o fuzilariam de imediato! Nós somos ingleses e iremos salvá-lo!"

(excerto de "CHURCHILL", Judith Rodgers, 1986)


Ora então, parece que um pequeno rasgo de sorte impediu o mundo-cão de sucumbir ao nazismo, ou alguém ainda tem dúvidas de que se não fosse a energia, o optimismo, a inteligência e a sorte deste homem e ainda agora estaríamos mergulhados nas trevas?


João Alembradura
(Historiador de Valmedo)

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