segunda-feira, 6 de janeiro de 2020


LIVROS 5 ESTRELAS # XVIII

AS QUARENTA APARÊNCIAS DO CÉU...

E enquanto existimos por andarmos por aqui a cogitar sobre como será o lado de lá, isto se o houver, porque entre as fracas certezas e a montanha de dúvidas que nenhuma fé consegue mover uma pessoa corre o risco de se afogar no imenso e absurdo mar que é esta existência, aproveitemos ao menos para nos deliciar com a originalidade de quem vai tendo a capacidade de desafiar limites e construir novos mundos, ainda por cima com humor, essa forma de expressão cada vez mais rara e necessária e que, utilizada na dose certa, é dos melhores paliativos à disposição de um qualquer desassossegado leitor...
É um pequeno livro de contos de apenas uma centena de páginas mas vale por muito mais porque é inevitável relê-lo vezes sem conta tal o deslumbramento da leitura, tem por título "Cogito Ergo Sum - Quarenta Histórias da Vida para além da Morte", e cada uma dessas versões do outro mundo torna-se não só plausível como delirante, afinal há limites para o absurdo?


David Eagleman, o inspirado autor desta pérola, é um neurocientista de mente aberta que nos apresenta o outro lado tão estranho quanto divertido e apesar de o primeiro impacto poder causar alguma estranheza pela surrealidade das histórias, no final, sentados na nossa cadeira de leitura e olhando pela janela para este estranho mundo-cão, podemos concluir que tudo é possível, como por exemplo a aparência de Deus (nas versões do Céu em que ele existe), tanto pode ser uma bactéria, uma mulher ou um grupo de inventores que nos criaram para experimentação laboratorial, é só pensar e escolher...
"Cogito ergo sum", em bom latim "Penso, logo existo", foi a base para toda a doutrina filosófica de Descartes, curiosamente assente na dúvida sobre todas as coisas e na necessidade de um método ordenado e rigoroso de pensamento, matemático até, assente na verificação e síntese, e Eagleman prova que basta pensar para que outros mundos existam... A ler enquanto se está vivo!

João Vírgula
(Leitor de Valmedo)

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