À CAÇA DAS AURORAS BOREAIS
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"O explorador optimista" |
Agora já estávamos na sede dos Artic Explorers, inseridos na equipa do Georgi, um dos guias que com o seu discurso entusiasmante ia levantando a moral aos participantes na aventura, dizia ele que poderia vir a ser uma longa noite e que apesar do mau tempo em Tromso acreditava no sucesso da expedição. Era tudo uma questão de sorte e de estar no sítio certo no momento certo, às vezes uns minutos fazia toda a diferença mas ele estava optimista e isso trazia-nos esperança...
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"A caminho..." |
Ainda pensei que o Georgi estava a brincar quando nos disse que iriamos atrás das auroras, se necessário até à Finlândia, mas depois vi que a coisa era a sério pois ele já nos mostrava um mapa com o percurso e onde estavam assinaladas oito paragens, oito sítios ideais para a visualização do fenómeno, se o primeiro não desse iríamos para o segundo e assim sucessivamente até ao oitavo e último se fosse necessário, a derradeira possibilidade, já na Finlândia! E ele, experiente e sabedor do assunto ia dizendo para não nos preocuparmos com o tempo, ele tinha fé que iríamos caçar uma bela aurora, a última paragem então oferecia-lhe muita esperança, um local que le conhecia como ninguém... E lá fomos para o autocarro, equipados a rigor que parecíamos uns verdadeiros exploradores do Ártico, não ficávamos a dever nada ao Amundsen, norueguês herói desta terra, ele que foi o primeiro homem a chegar ao Polo Sul mas que curiosamente falhou o Polo Norte, mesmo aqui em cima, a sua grande obsessão de sempre, mas distraiu-se certamente e quando preparava essa expedição soube que um americano, num golpe de antecipação, já lá tinha chegado, vai daí trocou de polo...
De paragem em paragem repetia-se a cena, o autocarro encostava, o Georgi saía para investigar e voltava, pequeno compasso de espera, curto diálogo com o motorista que lá atrás não ouvíamos e seguia-se viagem, uns, já desanimados, aproveitavam para dormir que a viagem já levava quase três horas, outros olhavam ansiosamente pela janela em busca de estrelas no céu, o que seria um bom sinal, outros mergulhavam nos telemóveis e pesquisavam informação sobre as condições atmosféricas apesar do Georgi ter dito que isso pouco importava porque ele sim é que estava directamente ligado ao satélite que orbitava mesmo por cima de nós, tinha portanto acesso a dados em tempo real...
Então, a espaços, lá se começaram a ver algumas estrelas, alguém até gritou de contentamento mas ainda era prematuro festejar... Veio então o Georgi até meio do autocarro fazer um ponto da situação: já estávamos na Finlândia, brevemente chegaríamos à última estação, a última hipótese, e ele continuava optimista...
Finalmente o autocarro encostou e toda a gente saiu, primeiro tentando habituar-se à escuridão, depois olhando para o céu à procura das célebres luzes do norte, depois um burburinho, alguém começa a apontar para um determinado ponto e aquilo primeiro não passava de uma estranha claridade no horizonte mas depois, passados passados apenas um ou dois minutos, algo se movimentava na nossa direcção, era a primeira aurora que eu via na minha vida! Ecoaram gritos de alegria, houve saltos de contentamento, abraços, talvez uma ou outra lágrima esquiva, tinha valido a pena! Mas ainda não sabíamos o que estava para vir...
Acabou por ser uma noite magnífica, uma boa meia hora que o céu dançou para nós, desaparecia uma aurora e logo vinha outra, apareciam de todos os lados, esplendorosas, um deslumbramento! Noites assim eram raras, tínhamos tido muita sorte ia dizendo o Georgi, tão feliz quanto nós, afinal ainda há milagres...
Jean-Charles Forgeronne
(Fotógrafo de Valmedo)
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