segunda-feira, 24 de agosto de 2020

 

A RAIVA DO VULCÃO - VIII

OU

EFEMÉRIDE # 77


O VESÚVIO, A BAÍA E A PIZZA...


O dia tinha amanhecido tranquilo como era usual mas aquela manhã de 24 de Agosto de 79 ia ser muito diferente para POMPEIA HERCULANO, duas prósperas cidades graças ao comercio de vinho e porcelanas, no primeiro caso, e à pesca, no segundo; situadas no sopé do vulcão VESÚVIO e à beira de uma bela baía hoje chamada de Nápoles eram como que um paraíso para os seus felizes habitantes mas pelas 10 horas daquela fatídica manhã toda a gente foi surpreendida por violentas explosões vindas do cimo da montanha há muito adormecida e de repente foi como se o inferno lhes tivesse caído em cima, pedaços de rocha voam do alto, nuvens de gases sufocantes abafam as cidades, rios de lava invadem as ruas e chuvas de cinzas e pedra-pomes sepultam todos os edifícios matando 20 000 pessoas!


"O último dia de Pompeia" - Karl Bryullov


Em menos de três horas as duas cidades desapareceram e durante os três dias seguintes a escuridão foi total, e quando o sol voltou a brilhar POMPEIA E HERCULANO estavam enterradas vivas sob uma camada de 4 a 7 metros de matéria vulcânica e assim ficariam esquecidas do mundo durante 1600 anos... Voltariam a ver a luz do dia em 1594 quando, por acaso, ao escavarem um canal para uma conduta de água uns trabalhadores deram de caras com uns frescos numa parede onde estava escrito o nome da cidade de Pompeia... E ficaram para a posteridade os corpos petrificados das vítimas em aflição, mortos por asfixia, debaixo de rochas ou sufocados nas ruas estreitas pela multidão descontrolada.



Hoje, passados quase 20 séculos, o VESÚVIO lá continua, dominando Nápoles e a sua baía, sereno por enquanto como na véspera do histórico cataclismo e essa memória parece não tirar o sono aos napolitanos que vão confiando na longa sesta do vulcão e na monitorização exaustiva a que a montanha é sujeita. Enquanto isso, tal como em Pompeia e Herculano outrora, a vida corre feliz cá em baixo ou não fosse NÁPOLES o berço da pizza e do ragu... Pena é já não parar pelo San Paolo o Maradona, o eterno rei dos napolitanos que deslumbrava o mundo, bem que se poderia trocar pela Camorra!



"Baía de Nápoles sob o Vesúvio" - João Plástico


João Lava

(Vulcanólogo de Valmedo)

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