A RAIVA DO VULCÃO - VIII
OU
EFEMÉRIDE # 77
O VESÚVIO, A BAÍA E A PIZZA...
O dia tinha amanhecido tranquilo como era usual mas aquela manhã de 24 de Agosto de 79 ia ser muito diferente para POMPEIA e HERCULANO, duas prósperas cidades graças ao comercio de vinho e porcelanas, no primeiro caso, e à pesca, no segundo; situadas no sopé do vulcão VESÚVIO e à beira de uma bela baía hoje chamada de Nápoles eram como que um paraíso para os seus felizes habitantes mas pelas 10 horas daquela fatídica manhã toda a gente foi surpreendida por violentas explosões vindas do cimo da montanha há muito adormecida e de repente foi como se o inferno lhes tivesse caído em cima, pedaços de rocha voam do alto, nuvens de gases sufocantes abafam as cidades, rios de lava invadem as ruas e chuvas de cinzas e pedra-pomes sepultam todos os edifícios matando 20 000 pessoas!
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"O último dia de Pompeia" - Karl Bryullov |
Em menos de três horas as duas cidades desapareceram e durante os três dias seguintes a escuridão foi total, e quando o sol voltou a brilhar POMPEIA E HERCULANO estavam enterradas vivas sob uma camada de 4 a 7 metros de matéria vulcânica e assim ficariam esquecidas do mundo durante 1600 anos... Voltariam a ver a luz do dia em 1594 quando, por acaso, ao escavarem um canal para uma conduta de água uns trabalhadores deram de caras com uns frescos numa parede onde estava escrito o nome da cidade de Pompeia... E ficaram para a posteridade os corpos petrificados das vítimas em aflição, mortos por asfixia, debaixo de rochas ou sufocados nas ruas estreitas pela multidão descontrolada.
Hoje, passados quase 20 séculos, o VESÚVIO lá continua, dominando Nápoles e a sua baía, sereno por enquanto como na véspera do histórico cataclismo e essa memória parece não tirar o sono aos napolitanos que vão confiando na longa sesta do vulcão e na monitorização exaustiva a que a montanha é sujeita. Enquanto isso, tal como em Pompeia e Herculano outrora, a vida corre feliz cá em baixo ou não fosse NÁPOLES o berço da pizza e do ragu... Pena é já não parar pelo San Paolo o Maradona, o eterno rei dos napolitanos que deslumbrava o mundo, bem que se poderia trocar pela Camorra!
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"Baía de Nápoles sob o Vesúvio" - João Plástico |
João Lava
(Vulcanólogo de Valmedo)
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