sexta-feira, 30 de agosto de 2019



A LOUCA VIDA DE UMA RAINHA...


Assim que nasce, CATARINA DE ÁUSTRIA é encarcerada juntamente com a mãe em Tordesilhas, culpa das invulgares credenciais com que se apresentou ao mundo: por um lado, é orfã de pai, FILIPE, O Belo, rei de Castela e não aquele que no trono de França dois séculos antes tinha achado por bem exterminar os Templários, esquisitices da História, porque carga de água existem dois Filipes Belos que ainda por cima nada têm a ver um com o outro?; por outro lado, Catarina é filha de JOANA, a Louca, aquela mesma que mandou embalsamar o seu defunto marido e que depois viria a passear o seu cadáver durante oito meses por terras castelhanas, completamente alheada do mundo real... Valeu a Catarina a influência do seu irmão, o imperador Carlos V, que a mandou libertar para a casar com o rei lusitano D. JOÃO III e assim selar uma importante aliança no conturbado xadrez político da época... 


Catarina de Áustria

Apesar de constar que teve um casamento feliz e tranquilo com o seu piedoso marido, a vida de Catarina esteve sempre impregnada de tragédia e que culminou no facto de ter assistido à morte de todos os seus nove filhos, e se perder um filho é doloroso imagine-se nove!... Assim, quando morre D. João III, Catarina assume durante meia dúzia de anos a regência do reino de Portugal até à maioridade do seu neto e futuro rei, D. SEBASTIÃO, o tal que se viria a perder no nevoeiro e que até hoje não encontrou o rumo para casa... E Catarina, que morreu meses antes de Álcacer-Quibir, ao menos foi poupada à perdição do neto!
Herdeira de beleza e de loucura, a nossa dama austríaca não saiu nem a um lado nem a outro, antes se revelou uma rainha inteligente, determinada e culta, e fruto da sua enorme cultura é o facto de ter passado a vida a coleccionar obras de arte asiática e de tal forma o fez que, à época e em toda a Europa, não havia colecção de arte que contivesse maior número de obras não europeias!...
E Catarina ainda teve tempo para deixar obra feita, de que é exemplo o AQUEDUTO DE ÓBIDOS, ou antes, o AQUEDUTO DA USSEIRA, que mandou construir em 1573...


Óbidos à vista...


João Alembradura
(Historiador de Valmedo)

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