LENDAS E NARRATIVAS - XXIV
BRIANDA, UMA MULHER DE CORNOS
Nunca a ilha Terceira mostrou obediência ou vassalagem aos Filipes de Espanha que ocuparam o reino de Portugal durante 60 anos e essa rebeldia era uma espinha atravessada na garganta dos invasores devido especialmente à enorme importância do porto de Angra no comercio entre a Europa e as Américas... Assim, querendo resolver rapidamente essa questão, em Julho de 1581 os castelhanos desembarcam em força contra os insurrectos terceirenses, convencidos de que seria uma fácil vitória tal a desproporção das forças em contenda...
![]() |
"Passagem do gado bravo", Figueiras Pretas- Jean Charles Forgeronne |
Embora não conste dos registos oficiais da época, o destino da batalha da Salga seria bem diferente graças a uma mulher, Brianda Pereira, que por ter marido e filho reféns dos invasores convenceu outras mulheres nas mesmas circunstâncias a insurgirem-se contra o inimigo, vai daí teve a ideia de lançar lá do alto o gado bravo de cornos afiados contra os espanhóis e foi tudo a eito, na baía da Salga os arrogantes espanhóis acabaram dizimados...
![]() |
"Baía da Salga"- Jean-Charles Forgeronne |
Claro que, apesar de cruciais, não terão sido apenas os cornos afiados do gado bravo a ditar o desfecho da contenda, muito importante também terá sido, segundo a lenda, o contributo dos valorosos camponeses que se lançaram contra o inimigo logo atrás das bestas, mas diz-se de geração em geração que o que ditou mesmo o destino da decisiva batalha foi a inteligência e a coragem de Brianda... E não voltaram os espanhóis a tentar subjugar a Terceira, um brinde pois a ela...
João Alembradura
(Historiador de Valmedo)
Sem comentários:
Enviar um comentário