OS DIAMANTES SÃO ETERNOS...
Poderia muito bem ser esse o caso, um erro de escrita, afinal quantas mentiras se contam hoje devido a um caracter a mais ou a menos, a uma simples vírgula mal posta, a um nome mal transcrito, manuscrito após manuscrito copiado até à exaustão desde tempos imemoriais? Mas não é este o caso, trata-se mesmo da LUNDA, mais propriamente da Lunda Norte porque, logicamente, também há a Lunda Sul, mas que não é chamada para aqui... Olhando para o mapa a Lunda Norte parece ser uma pequena província do país encavalitada lá no nordeste e de facto isso é verdade mas enganador porque em ANGOLA caberiam quase 14(!) portugais! De facto, e apesar de só ter um milhão de habitantes a Lunda Norte é maior que Portugal e muito mais rica também, toda ela é uma autêntica mina de diamantes... E há quase trinta anos disso fez eco o primeiro número da Visão que para além de destacar a miséria e o êxodo provocados pela guerra civil na província do Huambo apresentou ainda uma reportagem exclusiva sobre a exploração e o contrabando de diamantes na cidade de Lucapa, cidade mineira então sob o domínio do MPLA e que era uma autêntica ilha numa região dominada pela UNITA...
Dois enviados-especiais da VISÃO, Filipe Luís e Gonçalo Rosa da Silva, fizeram reportagem na Lunda Norte, onde nunca tinham entrado jornalistas em tempo de guerra! E o que viram eles e relataram? Disseram eles que a SML (Sociedade Mineira de Lucapa), de capitais maioritariamente do governo angolano mas em que o estado português era sócio e parte interessada, detinha a exclusiva autorização legal para a exploração das minas e filões de diamantes! Também disseram eles que devido à guerrilha, só a segurança e o patrulhamento de ex-comandos e ex-páraquedistas portugueses permitia o funcionamento das ditas minas "oficiais", seguramente com o beneplácito e interesse das autoridades lusitanas... Ainda relataram a perseguição que era votada aos garimpeiros, eles que mais do que ninguém sabiam onde e quando encontrar as melhores pedras! E constataram que o que movia tudo aquilo era o contrabando, "Queres comprar pedrinhas?", perguntava-se nos hotéis de Luanda...
E claro, até a De Beers, o gigante da distribuição de diamantes na altura, enquanto investia 250 milhões de dólares legalmente depois investia mais 300 milhões em pedras contrabandeadas na capital mundial do diamante, ANTUÉRPIA! Quem ganhava com tudo isto já sabemos, governo angolano, governo português, angolanos e portugueses corruptos, traficantes e oportunistas... E só perdia o povo da Lunda e o garimpeiro que se matava na busca das pedrinhas das quais nem sabia o real valor, afinal ele só queria sobreviver, à miséria, à guerra, à vida! É que ali ao lado, morriam três crianças por dia de diarreia e de sarampo, mas nisso ninguém reparava!
Curiosamente, as notícias recentes, passados quase trinta anos, são as mesmas, garimpeiros arriscando a vida na busca ilegal de pedrinhas para tentar arranjar sustento para a família e às vezes para a aldeia inteira, a única saída da miséria... E disse um traficante: " Cheguei a trocar um garrafão de vinho por um diamante! O garimpeiro não tem a noção do que está a vender. A pedra não lhe serve para nada, ele quer é o Nissan Patrol, o vídeo, ou pelo menos, a grade de cerveja". E muitas vezes a coisa corre mal, melhor para a corrupção e para os interesses instalados!
Eternos são os diamantes, mas, pelos vistos, eternos são também a miséria e a injustiça...
João Caixa
(Jornalista de Valmedo)
Estamos fartos de ouvir dizer que os diamantes são eternos, e provavelmente serão eles a única coisa a resistir ao fim do mundo, quem sabe, mas a miséria também não andará longe da eternidade, convenço-me agora depois de reler não só a amarelecida primeira VISÃO que guardei religiosamente durante todo este tempo como também outras reportagens mais recentes sobre o panorama social da LUNDA... Lunda, perguntarão alguns, o que é isso? Quereria ele dizer Luanda e ter-lhe-á falhado o dedo no a do teclado, questionarão outros?
Poderia muito bem ser esse o caso, um erro de escrita, afinal quantas mentiras se contam hoje devido a um caracter a mais ou a menos, a uma simples vírgula mal posta, a um nome mal transcrito, manuscrito após manuscrito copiado até à exaustão desde tempos imemoriais? Mas não é este o caso, trata-se mesmo da LUNDA, mais propriamente da Lunda Norte porque, logicamente, também há a Lunda Sul, mas que não é chamada para aqui... Olhando para o mapa a Lunda Norte parece ser uma pequena província do país encavalitada lá no nordeste e de facto isso é verdade mas enganador porque em ANGOLA caberiam quase 14(!) portugais! De facto, e apesar de só ter um milhão de habitantes a Lunda Norte é maior que Portugal e muito mais rica também, toda ela é uma autêntica mina de diamantes... E há quase trinta anos disso fez eco o primeiro número da Visão que para além de destacar a miséria e o êxodo provocados pela guerra civil na província do Huambo apresentou ainda uma reportagem exclusiva sobre a exploração e o contrabando de diamantes na cidade de Lucapa, cidade mineira então sob o domínio do MPLA e que era uma autêntica ilha numa região dominada pela UNITA...
![]() |
in "VISÃO nº 1" - Março 1993 |
Dois enviados-especiais da VISÃO, Filipe Luís e Gonçalo Rosa da Silva, fizeram reportagem na Lunda Norte, onde nunca tinham entrado jornalistas em tempo de guerra! E o que viram eles e relataram? Disseram eles que a SML (Sociedade Mineira de Lucapa), de capitais maioritariamente do governo angolano mas em que o estado português era sócio e parte interessada, detinha a exclusiva autorização legal para a exploração das minas e filões de diamantes! Também disseram eles que devido à guerrilha, só a segurança e o patrulhamento de ex-comandos e ex-páraquedistas portugueses permitia o funcionamento das ditas minas "oficiais", seguramente com o beneplácito e interesse das autoridades lusitanas... Ainda relataram a perseguição que era votada aos garimpeiros, eles que mais do que ninguém sabiam onde e quando encontrar as melhores pedras! E constataram que o que movia tudo aquilo era o contrabando, "Queres comprar pedrinhas?", perguntava-se nos hotéis de Luanda...
E claro, até a De Beers, o gigante da distribuição de diamantes na altura, enquanto investia 250 milhões de dólares legalmente depois investia mais 300 milhões em pedras contrabandeadas na capital mundial do diamante, ANTUÉRPIA! Quem ganhava com tudo isto já sabemos, governo angolano, governo português, angolanos e portugueses corruptos, traficantes e oportunistas... E só perdia o povo da Lunda e o garimpeiro que se matava na busca das pedrinhas das quais nem sabia o real valor, afinal ele só queria sobreviver, à miséria, à guerra, à vida! É que ali ao lado, morriam três crianças por dia de diarreia e de sarampo, mas nisso ninguém reparava!
Curiosamente, as notícias recentes, passados quase trinta anos, são as mesmas, garimpeiros arriscando a vida na busca ilegal de pedrinhas para tentar arranjar sustento para a família e às vezes para a aldeia inteira, a única saída da miséria... E disse um traficante: " Cheguei a trocar um garrafão de vinho por um diamante! O garimpeiro não tem a noção do que está a vender. A pedra não lhe serve para nada, ele quer é o Nissan Patrol, o vídeo, ou pelo menos, a grade de cerveja". E muitas vezes a coisa corre mal, melhor para a corrupção e para os interesses instalados!
ANGOLA
Angola: Garimpo continua a matar na Lunda Norte
Ativistas angolanos ouvidos pela DW afirmam que, devido à pobreza extrema da população, os assassinatos de garimpeiros vão continuar a existir naquela região.
![]() |
"Notícias de 2019" |
Eternos são os diamantes, mas, pelos vistos, eternos são também a miséria e a injustiça...
João Caixa
(Jornalista de Valmedo)
Tudo isso era assim há 30 anos, como continua assim nos dias de hoje. A sociedade que explora os diamantes na província da Luanda Norte é uma organização que administra com mão de ferro, é um autêntico Estado dentro do Estado angolano. As leis do Estado não têm ali cabimento. É um Estado policial, uma ditadura de terror onde o pequeno garimpeiro é vítima da sua necessidade face à miséria. No fundo a miséria do povo angolano é transversal e inversamente proporcional às riquezas pornográfia dos seus govenantes...
ResponderEliminarLunda-Norte quis eu escrever, mas a aplicação assumiu o nome da capital Luanda.
ResponderEliminarAté a tua aplicação entra na conspiração!?
Eliminar