ANEDOTAS QUE PARECEM POEMAS - V
NEM GESSO NEM LIGADURAS, NADA ABAFA A NATUREZA...
E de repente, estremecendo a tranquilidade da tarde, ouviu-se um impaciente barulho na porta do bordel:
- TOC, TOC!.... TOC, TOC, TOC....
E a Eugénia, que dormitava enroscada no sofá, levantou-se a custo e dirigiu-se para a porta resmungando em voz alta "Mas quem é o anormal que em vez de tocar à campainha está para aqui a tentar arrombar a porta?"
Espreitou pelo óculo, e não acreditando no que estava vendo afastou-se ligeiramente, fechou os olhos e abanou um pouco a cabeça para a pôr em ordem e voltou a espreitar... Do outro lado estava uma infeliz criatura de gesso, não se aproveitava um braço nem uma perna, até o nariz e a cabeça estavam envoltas em ligaduras...
"Que raio! - desabafou para si própria... - Este maluco enganou-se na porta, deve pensar que é aqui o hospital!".
Eugénia abriu a porta decidida e disparou:
- O senhor enganou-se decerto! O hospital não é aqui!
- Desculpe, mas não é aqui a casa das meninas da Dona...
Impaciente, Eugénia retrucou:
- Sim, é! Mas o que pensa o senhor que consegue fazer nesse estado?
- Desculpe, mas já pensou como é que eu consegui bater à porta? - respondeu a criatura fazendo um gesto com a cabeça para o inflamado baixo-ventre....
João das Boas Regras
(Sociólogo de Valmedo)
Sem comentários:
Enviar um comentário