segunda-feira, 23 de dezembro de 2019


CURIOSIDADES DO MUNDO CÃO - XXII


QUANDO OS BUGALHOS VALIAM OURO...


E da próxima vez que se aventurar numa caminhada por uma floresta nas imediações da sua casa, amigo leitor, não se irrite com os carrascos, aqueles pequenos arbustos que nunca chegarão a árvores, nem com aquelas curiosas bolas a que chamam de BUGALHOS ou GALHAS que a família dos  carvalhos ostenta... É que até pode saber que aquelas coisas aparentemente sem valor e qualquer utilidade não passam de excrecências produzidas pela planta não só como defesa contra a picada de insectos como vespas, abelhas ou formigas como também perante o ataque de bactérias, fungos e nemátodos, mas surpreenda-se: aquelas insignificantes e leves bolinhas desempenharam um papel crucial na expressão cultural durante séculos!


Bugalhos - J.C.Forgeronne

De facto, os BUGALHOS eram apanhados e utilizados para curtir peles e, especialmente, para produzir tinta ferrogálica (tinta de ferro e galho), uma tinta feita à base de água, sulfato de ferro, goma arábica e bugalhos e que simplesmente foi, na Europa e desde o século V ao XIX, a tinta-padrão para a escrita! Assim, muitos manuscritos importantes de antigamente chegaram até aos nossos dias graças à escrita com tinta ferrogálica sobre pergaminho!



Quanto aos singelos carrascos, eles foram muito importantes no passado porque a sua madeira servia para três coisas: aquecimento, carvão-vegetal e produção de carmesim! O carmesim é um corante de cor encarnada-púrpura que se obtém a partir dos corpos secos dos pequenos insectos do género Kermes (vermelho, carmim) e que parasitam a madeira dos carrascos...



João Alembradura
(Historiador de Valmedo)

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