EFEMÉRIDE # 58
E A REPÚBLICA PARIU UM ESCUDO...
Nasceu oficialmente com o decreto-lei de 22 de Maio de 1911 e embora passem hoje exactamente 106 anos sobre a sua aparição teve apenas 90 anos de vida, muito pouco comparando com o reinado do seu antecessor, o Real monárquico, mas por outro lado tem todas as hipóteses de levar a melhor em longevidade ao seu malfadado sucessor, o euro, essa moeda tão odiada... O ESCUDO é filho da República, esse regime revolucionário implantado em 1910 e que para cortar de raiz com o passado e se afirmar definitivamente numa Europa então conservadora e de cariz maioritariamente monárquico teve necessidade de implementar novos símbolos: uma nova bandeira, um novo hino, uma nova moeda... Mas de facto, se a nova bandeira e o novo hino vingaram quase no imediato, no caso da nova moeda não foi tão simples assim, as pessoas resistem sempre ao dinheiro, e tal como passadas décadas se passaria com o euro, muitos haveriam de não trocar logo as notas de escudo antigas e em desuso, antes as guardaram debaixo do colchão ou então enterram-nas no quintal, o mesmo se passou com o real que só desapareceria de circulação uma vintena de anos depois do aparecimento do escudo...
O tal decreto-lei, assinado pelo então ministro das Finanças José Relvas, estipulou a conversão da moeda, o novo escudo passaria a valer antigos mil réis, assim, quando eu em 1970 e pouco ia para o café do Fernando com 25 tostões no bolso, isto é, com 2 escudos e cinquenta centavos, ou antes, com dois mil e quinhentos réis, isso permitia-me beber uma gasosa, jogar dois matraquilhos e ainda comprar 20 rebuçados para jogar à lerpa, 2 cadernetas de cromos da bola ou então 2 pastilhas elásticas do macaco...!

Eis a moeda com que lidei mais nos meus tempos infantis e adolescentes, embora não fosse a única porque por vezes também almejava a de 5 ou 10 escudos, quando o merecia, fosse por favores às vizinhas velhotas ou por mil trabalhos extenuantes como a rega da horta da minha avó ou a apanha dos figos do Manuel Padeiro, sei agora da importância que esta singela moeda teve na minha existência, é que naqueles gloriosos tempos ela abria todo um mundo de experiências e oportunidades...
E porque raio deram os republicanos o nome de ESCUDO à sua moeda? Pois parece que voltaram ao reinado de D. DUARTE, no século XV, quando este monarca decidiu retomar a cunhagem de moedas em ouro, então denominadas escudos porque tinham coroado o escudo das quinas...
João Alembradura
(Historiador de Valmedo)
O tal decreto-lei, assinado pelo então ministro das Finanças José Relvas, estipulou a conversão da moeda, o novo escudo passaria a valer antigos mil réis, assim, quando eu em 1970 e pouco ia para o café do Fernando com 25 tostões no bolso, isto é, com 2 escudos e cinquenta centavos, ou antes, com dois mil e quinhentos réis, isso permitia-me beber uma gasosa, jogar dois matraquilhos e ainda comprar 20 rebuçados para jogar à lerpa, 2 cadernetas de cromos da bola ou então 2 pastilhas elásticas do macaco...!


E porque raio deram os republicanos o nome de ESCUDO à sua moeda? Pois parece que voltaram ao reinado de D. DUARTE, no século XV, quando este monarca decidiu retomar a cunhagem de moedas em ouro, então denominadas escudos porque tinham coroado o escudo das quinas...
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Um escudo do século XVI |
João Alembradura
(Historiador de Valmedo)
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