domingo, 5 de agosto de 2018


O GANSO ROMEU E A JULIETA DE CIMENTO....


O "GANSO PATOLA", ou "ALCATRAZ", como também é conhecido, é a maior ave marinha que habita as águas lusitanas, branca, de cabeça amarelada e de asas compridas e negras nas pontas, é inconfundível, assim como o seu extraordinário mergulho, feito a pique de grande altura e que pode atingir os 40 metros abaixo da superfície do oceano, em busca dos minúsculos peixes que são o seu sustento... Nesses breves momentos torna-se numa flecha disparada para o mar profundo....




É uma ave migratória que partindo do Atlântico Norte busca no Outono climas mais amenos a sul e que, felizmente, tendo gostado do nosso ar temperado, fica por Portugal durante todo o ano, podendo ser observado ao longo de toda a nossa costa mas com especial incidência e beleza nas BERLENGAS e CABO CARVOEIRO...
É uma das espécies animais  mais fiéis, podendo os casais viver juntos por muitas temporadas... Que o diga NIGEL, o ganso patola mais famoso do planeta...



"Romeu e Julieta  cimentados"



Nigel, o Romeu Patola


Um dia NIGEL parte rumo ao sul e avista numa ilha completamente desabitada uma colónia dos seus semelhantes, muitos agachados e a mirar o horizonte, outros a dormitar, alguns a debicar algum verme e até casais em plena dança de acasalamento... Gostou do que viu e decidiu ficar por ali alguns dias, pensando aproveitar a estadia para recuperar do enorme esforço já despendido. NIGEL não usa GPS porque não precisa mas sabe que está numa ilha remota da NOVA ZELÂNDIA, chamada MANA, completamente desabitada e onde tinham sido colocadas cerca de oitenta réplicas de gansos patola em cimento com o intuito de chamar outras aves para a ilha... E ele, de boa fé, aí pousou!
Não se sabe quanto tempo NIGEL quereria aí descansar mas o que é certo e dramático é que ele se apaixonou por uma gansa patola de cimento, qual JULIETA, e por aí ficou 5(!) anos, a única alma viva da ilha, fazendo a corte e juras de amor à sua amada... Construiu um ninho de algas e galhos à volta do seu amor (um ritual de acasalamento da espécie) e assim morreria, sem glória mas com dignidade, esperando o sim da sua amada...


João Atemboró
(Naturalista de Valmedo)

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