quarta-feira, 12 de julho de 2017



A MATEMÁTICA, O ABSURDO E O GÉNIO - I


Atrevo-me a dizer que há limites para tudo, excepto para três coisas: a imaginação, a matemática e o absurdo! A matemática não é para todos, ela é feita por génios e para génios e há que ter os genes certos para penetrar e entender minimamente o que está em jogo num mundo abstracto e irracional .... Claro que a matemática é física e real, 2+2 são quatro e vale mais ter as contas em dia do que não sabermos a quantas andamos, é bom termos a ideia de uma superfície, saber calcular distâncias entre dois pontos sem sairmos do lugar e ficarmos felizes por certos cálculos, feitos com a percepção real dos valores, serem exactos e tranquilizadores para a nossa existência... Mas isto passa-se no mundo real ou naquilo que entendemos por tal, num domínio finito compreendido entre um limite inferior e outro superior ou então num plano cartesiano de abcissas e coordenadas, em que tudo, seja valores conhecidos ou incógnitas, obedece a determinadas ordens e lógicas...
O problema da matemática adensa-se quando, talvez impulsionada por estudiosos abstraídos e capturados pela imaginação febril e alucinada da busca de novos domínios e teoremas, salta para lá do que é lógico e derruba os limites, inventou-se então a ideia do INFINITO, uma abstracção sem peso nem medida.... Assim, a matemática também pode ser meramente especulativa sem ter feito previamente a averiguação e validação dos seus pressupostos! Basta pensar nos AXIOMAS, proposições que são consideradas como verdadeiras para teorizar e que, pasme-se, não precisam de ser provadas ou demonstradas, basta serem lógicas, são dogmas! A matemática, portanto, também pode ser religiosa, um acto de fé! Afinal, quem já provou a existência do infinito?





Experiência Shakespeare



E por falar de teorizar, falemos do Teorema Borel-Cantelli, popularmente conhecido como o TEOREMA DO MACACO INFINITO... Estamos agora no domínio aleatório das probabilidades e basicamente afirma-se o seguinte: se algo é possível acontecer, mesmo que com uma probabilidade ínfima, e se for tentado um número infinito de vezes, então esse acontecimento acontecerá de certeza!    O exemplo "real" apresentado para este singular teorema e que o tornou célebre é este:  "Se colocarmos um macaco (ou um número infinito de macacos), por tempo infinito, a teclar infinitamente em máquinas de escrever, então, um dia, haverá algum macaco de escrever uma ou várias obras de SHAKESPEARE...!"

(?)

Isto é matemático, senhores, diria o primeiro macaco a ter conseguido escrever o HAMLET... E o mais engraçado da questão é que já foram feitas algumas experiências para provar o bendito teorema, com macacos suficientes para encher a floresta do Bornéu sentados à secretária com as benditas máquinas de escrever à frente! Parece, a notar por certas fotografias, que alguns macacos estavam mais preocupados em comer a sua banana do que ligar àqueles aparelhos esdrúxulos e barulhentos que lhes puseram pela frente e, ademais, também é público que nem uma palavra sequer (nem banana) foram capazes de escrever....





Shakespeare verde de raiva



Certo é que o génio de SHAKESPEARE não aguentará todas as ofensas que fazem ao seu bom nome e, aposto, terá ficado verde de raiva ao tomar conhecimento de tal particularidade matemática!



João das Boas Regras

(Sociólogo de Valmedo)

Sem comentários:

Enviar um comentário