domingo, 23 de março de 2025



 É PRECISO TER PACIÊNCIA

Em marcha lenta dei duas voltas de carro pela praça em busca do letreiro que me anunciasse o local exacto mas nada, mesmo em frente tinha a Farmácia Quintans e a loja de modas Papoila, à esquerda a florista Soflor, o Talho do Sergio e o edifício devoluto da antiga pastelaria Nellus, atrás de mim as antigas Finanças e uma agência de seguros, à direita a Louripapel e o antigo edifício da Câmara Municipal e depois mais nada, nem sinal da Loja Cores do Campo onde era suposto, segundo o folheto que tinha na mão e que relia pela centésima vez, a exposição baseada no livro "Paciência é o meu nome do meio" de Inês Fetchónaz, uma das atracções do 3º Festival de Banda Desenhada da Lourinhã... Não havia mais nada, a não ser o enorme dinossauro no centro da praça, já agora e a propósito muito bem apelidado de Centrosaurus, um herbívoro do Cretássico com 3 toneladas de peso e 6,5 metros de envergadura. Já um pouco irritado estacionei em canto proibido e saí do carro para analisar melhor, não havia sinal  de que na Praça Marquês de Pombal, ancestral coração da Lourinhã, houvesse uma exposição, a não ser que... "Mas será possível?" - perguntei-me, lá ao fundo, escondida, já um pouco fora da praça e mais na Travessa do Cotovelo pareceu-me vislumbrar uma loja, sem letreiro ou outra qualquer informação visível, aproximei-me e qual não foi o meu espanto ao dar com uma pequena loja de frutas e legumes com uns livros expostos na montra, era então ali!


Era mesmo ali, no pequeno espaço por entre expositores de frutas e legumes viam-se nas paredes as inconfundíveis pranchas do livro, e depois uma agradável conversa com o Paulo, o dono da loja, esclareceu tudo... A loja ainda não tinha letreiro porque era um projecto muito recente, quase de ocasião, depois a ideia da exposição ali devia-se à filha, a Sharon, meio cérebro da editora Escorpião Azul, a qual pensou e muito bem que não haveria melhor sítio para fazer a exposição do que ali já que a Inês é colaboradora de um supermercado e o seu livro decorre das histórias cómicas e surreais que lhe acontecem no dia-a-dia...



Já agora, e sem favores, fiquem a saber que a loja do Paulo, ainda sem letreiro mas que se chama mesmo "Loja Cores do Campo", apenas exibe produtos genuinamente portugueses e de qualidade insuspeita... E depois tenham paciência, muita paciência, mas é caso para dizer que, tal como a BD, o que é português é bom!



João das Boas Regras
(Sociólogo de Valmedo)

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