quarta-feira, 13 de setembro de 2023

 

A ILHA DO ARCANJO


Eu vos direi da ilha que na dorna

do Arcanjo é eterna em chão escasso.

Fulva de gado ao dia. À noite morna.

Embebida no verde. E o mar colaço.


Ilhado alumbramento em tempo torna

a unção de contemplar. Um ténue traço

de garça entre água e céu. A paz encorna

em lagoa e lavoura o tempo e o espaço.


Tanto silêncio confiado à luz!

Treme um nenúfar se um trilo tremeluz.

Caiam o sol de azul os agapantos.


Na cevadeira a broa luminosa,

Romeiros nos persignam com uma rosa.

Suas rezas joeiram pombos santos.



in "O dilúvio e a pomba"

Natália Correia
(13-9-1923 / 16-3-1993)

1 comentário:

  1. verde e o azul, o mar e o vento, a maresia e o odor do campo. Nove ilhas num mar de encanto. Açores...

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