A BELEZA QUE TUDO INVADE...
A sensação é que somos conduzidos através de um enorme jardim, por vezes parece estarmos mergulhados nos caminhos de um enorme labirinto de tão altas serem as bermas ornamentadas das estradas da ilha por hortênsias e conteiras, e curva após curva a beleza extasia... Mas esta beleza que entretanto se apropriou de quase toda a ilha de São Miguel e que deslumbra os visitantes tem um custo, ao não parar de se expandir descontroladamente asfixia a velha flora autóctone que vai lutando pela sobrevivência, como são exemplos de entre muitos outros a ginja-do-mato, o trovisco, o azevinho ou o pau-branco...
A hortênsia (Hydrangea macrophilla), originariamente da China e Japão, foi trazida para os Açores para ser plantada em sebes ao longo das estradas e assim ornamentar o que já de si era bonito, o problema é que gostou tanto do clima que desatou a invadir as florestas nativas, chegando a interferir até com os cursos das ribeiras... O problema tem sido atacado ao longo dos últimos anos pelo governo açoriano que já investiu milhões de euros em contratos com empresas privadas para o corte de toneladas de hortênsias em alguns locais mais sensíveis mas a situação parece muito longe de estar resolvida....
Por todo o lado se encontra também a conteira (Hedychium gardnerianum), planta trazida dos Himalaias e que gostou tanto de São Miguel que há-perdurar até ao fim dos tempos... Mas as ameaças não se restringem à hortênsia e à conteira já que a velha mania de trazer plantas dos quatro cantos do mundo para os Açores resultou no seguinte diagnóstico: estão referenciadas no arquipélago pelo menos 27 espécies exóticas invasoras!
João Atemboró
(Naturalista de Valmedo)
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