terça-feira, 18 de abril de 2023

 

LIVROS 5 ESTRELAS - XXXII


Criatividade é coisa que não falta a Afonso Cruz, sem dúvida um dos maiores escritores contemporâneos da língua portuguesa, e para constatá-lo não é necessário enumerar os prémios que recebeu ou os inúmeros elogios que granjeou, basta ler um dos seus livros, por exemplo este "Jesus Cristo bebia cerveja" que já tem onze anos de vida embora não pareça, poderia muito bem ter sido escrito ontem à noite... É um romance desconcertante, uma tragicomédia que aborda com fino humor as coisas fundamentais da vida: o amor, a luta, o sofrimento e, claro, a cerveja, essa bebida sagrada tão do agrado do autor que até a fabrica há décadas bem como deste escriba que enquanto debita estas palavras a vai degustando... Caro leitor, vale mesmo a pena visitar a Jerusalém alentejana e mergulhar na história comovente de uma rapariga que lê westerns... E já agora, caro Afonso, espero revê-lo em breve no "Livros a Oeste"...



"O professor continua de costas a pintar a parede, com a sua arma, o pincel e a tinta, a mais perigosa de todas as armas. Junto à cama, Rosa vê-o pintar o último verso, depois a frase de Harold Estefania, do livro A Morte Não Ouve o Pianista. Vê os caracteres negros a aparecerem na parede como uma confissão, como uma faca espetada no coração.
      "Morro por amor, sem isso não vale a pena estar vivo. A minha vida foi feita para se entranhar na tua, como uma faca espetada no coração."


João Vírgula

(Leitor de Valmedo)

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