E QUE BELA FOI A PARTILHA!
Quando me instalei alcandorado no segundo balcão do Tivoli e reparei no singelo palco lá em baixo, pouco mais do que uma bateria e três microfones, interroguei-me: faltam as teclas, que é feito do orgão? Era suposto ter em palco uma tal Sarah Ann Philipps ao piano e vocais mas quando entrou em cena BILL CALLAHAN vinha acompanhado por um baterista, um guitarrista e um jovem saxofonista, por enquanto anónimos porque o trovador, reservado em palavras, nem chegou a apresentar a banda... E depois pensei ainda como iria ele tão singelamente reproduzir sem despir muito o maravilhoso álbum Reality, causa da digressão que ali se iniciava especialmente naquelas partes mais psicadélicas que povoam alguns temas...
Mas, surpresa, no desfilar integral de Reality estava lá tudo e até mais alguns improvisos, não se deu pela ausência das teclas tal o virtuosismo de todos os músicos e ao qual o público já se tinha rendido sem reservas ao cabo dos dois primeiros temas e até ao fim foi só deslumbramento, também claro por causa daquela voz única e poderosa... Mesmo assim ainda pensava eu como iriam eles partilhar o tema mais frenético e contagiante do álbum, "Partition", mas a prova foi superada com distinção levando sala repleta ao delírio... E depois resta-me agradecer à Antena 3 e ao Coyote do Pedro Costa por me terem dado a conhecer esta realidade fabulosa do Bill... E foi apenas mais uma noite inesquecível...
Partition ao vivo - Bill Callahan
João Sem Dó
(Musicólogo de Valmedo)
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