Depois foi fácil dar com os Cascalhos, pacata aldeia do concelho de Abrantes e que debaixo daquele abrasador calor exalava o cheiro inconfundível a bagaço de azeitona, nem de propósito, alguém andava certamente em limpezas preparando o lagar para a safra que está próxima e ali estava ela, uma singela placa colocada por mão caridosa a indicar que me encontrava a menos de cem metros do meu objectivo: a árvore mais antiga de Portugal!
Popularmente conhecida pela OLIVEIRA DO MOUCHÃO, esta simpática e nobre árvore foi estudada, medida e descrita pomposamente pelos cientistas como uma Olea europeae L. var europeae, com 6,52 metros de perímetro ao nível do peito, 11,12 metros de perímetro na base e uma altura do tronco de 3,20 metros... Mas o seu principal atributo é a idade, uns científicamente reconhecidos 3350 anos de vida, ou seja, mais de mil anos antes de passar pela cabeça de Deus fazer um filho e enviá-lo para este tresloucado planeta para ser sacrificado (onde tinha o Criador a cabeça para ter ideia tão absurda, é caso para perguntar!?) já esta singela árvore dava azeitona, e sabem que mais, ainda dá fruto, não tão abundante como outrora mas ainda se mantém de pé, íntegra e inteira!
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"A árvore mais antiga de Portugal" - Jean-Charles Forgeronne |
As contas são das coisas mais simples e prazenteiras de fazer e cada um pode e deve fazer as suas e à sua maneira, de facto não haverão assim tantas coisas na vida tão democráticas, fáceis e úteis como a de fazer contas e perceber este mundo-cão através dos números... Hoje tive gozo ao fazer esta conta: supondo que a vida humana, em média, tem a duração de 56 anos e se a alguém fosse dada a oportunidade de viver vida atrás de vida então essa pessoa teria que viver 60 vidas seguidas para viver tanto como esta árvore! E entretanto o mundo vai rolando e ela continua lá...
2,5 milhões de anos data apurada como aparecimento dos primeiros seres semelhantes ao ser humano... entretanto o Deus apregoado pelas religiões monoteístas apareceu há pouco mais de 3350 anos no Egipto e a necessidade que o ser humano teve de congregar num único DEUS, a multiplicidade de deuses que povoavam a imaginação humana. Terá sido, então, já, uma criação do Deus único esta maravilhosa e resistente dádiva da Natureza, isolada numa simples povoação ribatejana de nome Cascalhos.
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