Ainda estou arrepiado enquanto carrego nas teclas que darão origem a este texto, nem há cinco minutos acabei de ver o filme-documentário de DAVID ATENBOROUGH, disponível há uma dezena de dias na Netflix e a primeira coisa que me ocorre dizer é que, em vez de estar escondido numa plataforma de streaming e acessível apenas para alguns, e de acordo com alguém que já opinou algures num sítio de informação digital, a obra deveria ser de visualização obrigatória em todo o lado e em qualquer idade, desde a creche às universidades da terceira idade, deveria ser tão obrigatória quanto a administração de uma vacina para que assim, em nome do bem comum, se conseguisse alguma imunidade contra a ignorância e o alheamento que contaminam a sociedade, talvez muitas mentes despertassem a tempo para a tremenda luta que se avizinha: salvar o planeta e a humanidade, evitar o descalabro anunciado...
Ainda que eu não fosse um velho discípulo e ferrenho admirador de David Attenborough, ainda que eu não fosse um naturalista por convicção, ainda que eu fosse alguém que não estivesse desperto para os graves problemas de sustentabilidade deste planeta, ainda assim, ainda que eu fosse um alienado, depois de ver este tremendo testemunho de alguém que gastou a sua enorme vida numa tremenda e apaixonante luta pela compreensão, divulgação e salvação da vida natural, os meus dias não voltariam a ser iguais depois de ser confrontado com dados assustadores, de entre os quais:
- actualmente, 30/% dos mamíferos da Terra são humanos; outros 60% são animais que comemos e dos 10% que restam apenas 4% são animais selvagens...
- no final do presente século seremos 11 mil milhões de humanos a viver neste planeta!
- durante o Holoceno, isto é, os últimos 10 mil anos, o planeta viveu em equilíbrio e a temperatura global nunca oscilou mais de 1º C; hoje, desaparecem a um ritmo galopante as florestas húmidas e derretem as calotas polares que arrefecem o planeta;
- a agricultura intensiva está a levar à exaustão a capacidade de obter solo fértil; os insectos polinizadores estão a desaparecer a um ritmo alucinante; a fome extrema será inevitável daqui a meia dúzia de décadas...
Tudo isto não foi dito por nenhum curioso ou pseudo-cientista populista, foi dito de uma forma sábia e assertiva por uma das personagens incontornáveis da era moderna, alguém insubstituível, tão insubstituível como Carl Sagan, Stephen Hawking ou Umberto Eco, por exemplo, e é de facto um testemunho emocionante de alguém que viveu este planeta, amou este planeta, lutou por este planeta, amou a vida, enfim... Só que, e essa é a grande diferença, Attenborough ainda vive e ainda luta por este planeta do alto dos seus grandiosos 94 anos, jovem ainda porque parece que acabou de aderir ao Instagram, (nunca é tarde, certo?) com o objectivo de alertar os internautas para a aflição em que o planeta vive e veja-se, bateu logo um record: bastaram 4 horas e 44 minutos para atingir 1 milhão de seguidores, nunca visto! Falta saber quantos desses seguidores terão a coragem de arregaçar as mangas para a luta...
E não deixa de ser curioso o facto de o filme começar e acabar com imagens de Chernobyl, onde o erro e o mau planeamento humanos levaram à extinção de uma grande cidade... Hoje, a natureza tomou conta de Chernobyl e isso é a prova de que nós não somos imprescindíveis neste planeta, nós não passamos de uma praga invasora e a continuar assim seremos exterminados pelo próprio planeta, afinal será apenas mais uma extinção em massa, a sexta, só que desta feita será a extinção da espécie humana!
Muito obrigado, mestre, e longa vida ainda para as batalhas que se avizinham...
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