EFEMÉRIDE # 82
A PÁTRIA, O GENERAL E OS MÁRTIRES...
A pátria tinha sido abandonada à sua sorte por um rei cobarde que teimava em se manter exilado lá pelo calor do Brasil, D. JOÃO VI, criatura que nunca deveria ter chegado ao trono porque para além da cobardia primava por ser uma miserável figura, indolente e com falta de tino até, o que é bem provável porque já sua mãe tinha enlouquecido e não faltam exemplos de maluquinhos que chegaram a líderes deste esquizofrénico mundo-cão... Enquanto a corte lá ia vivendo na sua louca bolha de alienação, por cá ia o povo sobrevivendo descontente e debaixo da manápula inglesa, sob o comando do marechal William Beresford, comandante-chefe das forças armadas e indigitado por mandato real como a autoridade máxima em Portugal.
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Gomes Freire de Andrade |
O descontentamento popular e os sinais de rebelião que eram cada vez mais frequentes contra a ocupação inglesa tinham um líder, o general GOMES FREIRE de ANDRADE, figura de agitada carreira na Armada Real, combatera na Argélia, na Rússia, na Crimeia e ainda lutara contra as tropas de Napoleão... Mas para além de ser conhecido pela coragem e pela disponibilidade para a luta também lhe eram atribuídas algumas falhas como sejam a indisciplina ou a propensão para não acatar ordens superiores, ou seja, valente e rebelde! Sendo assim, não é surpreendente que Beresford tenha lançado mão de uma manobra intimidatória: doze oficiais portugueses foram parar aos calabouços do Forte de São Julião da Barra, quartel-general dos ingleses durante a ocupação do trono, acusados de conspiração contra o rei e traição à pátria, desgraçados patriotas que apenas estavam fartos dos beefs...
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"Execução de Gomes Freire de Andrade" - Roque Gameiro |
No dia 18 de Outubro de 1817, Beresford convocou a população para assistir à execução pública do general Gomes Freire de Andrade, nas imediações do forte, tendo sido enforcado, decapitado, queimado com alcatrão e depois lançadas as cinzas ao Tejo, privando-o de um túmulo para que não fosse venerado e assim evitar novas rebeliões... Quanto aos outros onze acusados, também condenados à morte por traição à pátria, não se sabe qual, se a inglesa ou a do rei filho-da-mãe, acabaram enforcados no local que a partir de então passou a ser conhecido como o Campo dos Mártires da Pátria...
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"Campo Mártires da Pátria" - Jean-Charles Forgeronne |
Pouco depois deste criminoso massacre o vilão Beresford embarcou para o Brasil com o expresso intuito de pedir ainda mais poderes ao rei e assim lhe ser mais fácil conter o azedume popular, e não é que o cabrão lhos deu? Só que o tiro acabaria por sair pela culatra aos ingleses, regressados a Portugal depararam-se com um país ainda mais assanhado, revoluções em curso e o governo provisório impediu-os de desembarcar, passaram uma semana a flutuar no Tejo até receberem ordem de marcha definitiva até casa! Só foi pena não ter ocorrido um naufrágio nesse regresso, o mother-fucker do assassino ainda haveria de viver mais trinta anos, que desperdício, e vejam só, ainda regressou a Portugal para tentar ser o comandante do exército...
João Alembradura
(Historiador de Valmedo)
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