EFEMÉRIDE # - 54
QUANDO AS NOTÍCIAS CHEGAM DE EXPRESSO...
Outros destaques do primeiro Expresso recaíram sobre a fabulosa saga do leão que desalvoroçava Rio Maior, sobre a questão do Vietname que não estava fácil para Nixon ( a poucos dias de tomar posse do seu 2º mandato), sobre a polémica arbitragem no futebol que ainda subsiste, sobre as várias bombas de pequena dimensão que tinham deflagrado na véspera em plena capital e, curiosamente, sobre o Imposto Automóvel entretanto criado e que tinha entrado em vigor exactamente naquele Janeiro de 1973, questionando-se até sobre a legalidade do mesmo...
Curiosa e não surpreendente a notícia de segunda página e que poderia ser de ontem, aquela que refere a contabilidade de 19 mortos nas estradas durante a passagem de ano 72-73, resultantes do mau estado das estradas e dos seus buracos!
O Expresso saíu do ventre da História ao habitar na Rua Duque de Palmela a mesma casa que Afonso Costa, legislador laicista e que por isso foi chamado de Mata-Frades porque teve a coragem e o discernimento de, nos alvores do século XX, privatizar bens da Igreja, legalizar comunidades religiosas não católicas e de ter patrocinado a Lei de Separação do Estado e da Igreja! O Expresso continuaria a fazer parte da História, nessa sua primeira edição, convivem dois futuros primeiros-ministros de Portugal, o próprio fundador e director Pinto Balsemão (1981-83) e Sá Carneiro (1980), este como opinador numa rúbrica chamada "Visto"... Muita gente depois famosa haveria de ingressar ou colaborar com o jornal mas fiquemos apenas com mais duas personagens que abrilhantaram esta primeira edição: Magalhães Mota, ministro nos primeiros quatro governos provisórios, co-fundador do PPD com Sá Carneiro mas depois desavindos, e Joaquim Letria, então um correspondente no estrangeiro mas que, nas décadas de 80 e 90 viria a corporizar o "senhor jornalista televisivo"...
Hoje, passadas 2410 edições, o Expresso merece os parabéns tal como mereceu, no primeiro dia, as boas vindas por parte do Diário de Lisboa e outros colegas de aventura...
João das Boas Regras
(Sociólogo de Valmedo)
QUANDO AS NOTÍCIAS CHEGAM DE EXPRESSO...
Custava 5 escudos e no primeiro sábado de 1973, passam hoje precisamente 46 anos, saía a primeira edição do Expresso, semanário inovador num país então demasiado analfabeto, inculto, amordaçado e ávido de informação de qualidade... E, naquele ano que era de eleições para deputados, que melhor forma de começar do que alertar na principal chamada de capa para o número de portugueses que nunca então tinham votado: 63%!? Já a revolução germinava, silenciosa mas cada vez com mais expressão, e esta aparente angélica notícia soa a um grito de alarme, a um toca a reunir que todos seriam necessários para dar voz aos anseios democráticos, havia que acordar o povo de uma letargia de décadas... Deveras interessante também é o facto de os dados apresentados terem decorrido duma sondagem organizada pelo próprio jornal, uma novidade então para aquilo que hoje é banal e que evidenciava que apenas 30% das classes profissionais mais desfavorecidas (agricultores, pescadores, operários qualificados e trabalhadores de transportes e serviços, por exemplo) tinham votado pelo menos uma vez! Outro dado curiosos da referida sondagem: 82% dos jovens entre os 24 (idade mínima com que se votava) e os 34 anos de idade nunca tinham votado!? Já as profissões científicas, técnicas e quadros superiores, bem como comerciantes e empregados de escritório, eram os que mais votavam: mais de 50%. E, não surpreende que, símbolo de um reino caduco e imoral de séculos, quem dominasse as intenções de voto fosse a faixa etária com mais de 65 anos, já resolvida da vida e com as agruras ultrapassadas, detentora da autoridade moral de um regime opressivo e castrador que assentava em favores e compadrios... Aliás, quase meio século passado, pouco mudou, nas últimas presidenciais de 2016 foi batido o record de abstenção da era democrática: mais de 51%! E hoje, os jovens não sabem nem querem saber o que é a política, quanto mais votar... Também se perguntava na referida sondagem a opinião sobre a possibilidade da concessão de voto a partir dos 18 anos e não surpreende o facto de apenas 34% dos inquiridos com mais de 65 anos de idade ser a favor, mais uma vez a velha guarda a defender o seu reino...
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Expresso - Nº 1 |
Outros destaques do primeiro Expresso recaíram sobre a fabulosa saga do leão que desalvoroçava Rio Maior, sobre a questão do Vietname que não estava fácil para Nixon ( a poucos dias de tomar posse do seu 2º mandato), sobre a polémica arbitragem no futebol que ainda subsiste, sobre as várias bombas de pequena dimensão que tinham deflagrado na véspera em plena capital e, curiosamente, sobre o Imposto Automóvel entretanto criado e que tinha entrado em vigor exactamente naquele Janeiro de 1973, questionando-se até sobre a legalidade do mesmo...
Curiosa e não surpreendente a notícia de segunda página e que poderia ser de ontem, aquela que refere a contabilidade de 19 mortos nas estradas durante a passagem de ano 72-73, resultantes do mau estado das estradas e dos seus buracos!
O Expresso saíu do ventre da História ao habitar na Rua Duque de Palmela a mesma casa que Afonso Costa, legislador laicista e que por isso foi chamado de Mata-Frades porque teve a coragem e o discernimento de, nos alvores do século XX, privatizar bens da Igreja, legalizar comunidades religiosas não católicas e de ter patrocinado a Lei de Separação do Estado e da Igreja! O Expresso continuaria a fazer parte da História, nessa sua primeira edição, convivem dois futuros primeiros-ministros de Portugal, o próprio fundador e director Pinto Balsemão (1981-83) e Sá Carneiro (1980), este como opinador numa rúbrica chamada "Visto"... Muita gente depois famosa haveria de ingressar ou colaborar com o jornal mas fiquemos apenas com mais duas personagens que abrilhantaram esta primeira edição: Magalhães Mota, ministro nos primeiros quatro governos provisórios, co-fundador do PPD com Sá Carneiro mas depois desavindos, e Joaquim Letria, então um correspondente no estrangeiro mas que, nas décadas de 80 e 90 viria a corporizar o "senhor jornalista televisivo"...
Hoje, passadas 2410 edições, o Expresso merece os parabéns tal como mereceu, no primeiro dia, as boas vindas por parte do Diário de Lisboa e outros colegas de aventura...
João das Boas Regras
(Sociólogo de Valmedo)
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