quarta-feira, 22 de janeiro de 2025


 A IMPORTÂNCIA DA PRIMEIRA IMPRESSÃO

Apetece-me dizer que a primeira impressão comanda a vida, ela, a impressão primeira, pode ditar, e bastas vezes dita, o valor de uma pessoa, de uma experiência, de um dia, de um sonho... Estou em Oslo, debaixo de um frio de congelador e de um céu cinzento e triste que tudo abafa e, no entanto, sinto-me bem, reparo até que ostento um sorriso que destoa do semblante de quem se cruza comigo nesta lindíssima Karl Joanhs Gate, que traduzido à letra é a minha rua, e muita desta gente que por aqui deambula interrogar-se-á do motivo que me leva sorrir, sofrerá ele de espasmos, questionarão uns, não baterá bem da cabeça, afiançarão outros, mas indiferente a tudo isso lá continuo eu, sorrindo e feliz, tudo por causa de uma excelente primeira impressão...  



Tudo começou quando logo após sair do avião fui em busca de um ponto de abastecimento de água e qual não foi a minha surpresa quando, a quase 3000 quilómetros de casa, li em bom português a palavra água afixada na parede, logo a seguir à vann norueguesa, à water inglesa e à eau francesa... E questionei-me: será por causa da estreita relação secular entre a Noruega e Portugal por causa do bacalhau? Ou será por causa dos cerca de 9000 portugueses que residem e trabalham na Noruega, muitos deles na indústria do fiel amigo?


Garrafa cheia virei costas e quase tropecei num quadro de Munch! Não, não é "O Grito", mas ali, em pleno aeroporto de Oslo, para quem repara, porque são mais os alheados que seguem em frente do que os que entendem a benesse, reside uma obra de Munch, "Waves breaking on the rocks", e pasme-se, é o original! Assim mesmo, o maior pintor norueguês ali, sem necessidade de o ir ver ao museu, que melhor cartão de visita? E que melhor primeira impressão se pode ter quando ainda nem sequer saímos do aeroporto?



Depois ainda somos presenteados pela simpatia de uma jovem funcionária que nos ajuda a comprar os bilhetes do Flytoget, o comboio expresso que nos leva do aeroporto até à Estação Central de Oslo em vinte minutos, confortável, silencioso, ultra-moderno, e de quinze em quinze minutos... Tirando o preço, que aqui pela Noruega não existe coisa barata, não seria boa ideia de, para além do bacalhau, pois claro, Portugal importar também estes comboios eficientes, ainda para mais quando a obsoleta ferrovia lusitana é um assunto quase diário e recorrente? 

João Palmilha
(Viajante de Valmedo)

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