FOTOBIOGRAFIA DE UM RIO - VII
O DANÚBIO - III
"BUDAPESTE é a mais bela cidade do DANÚBIO; uma sábia auto-encenação, como Viena, mas com uma substância robusta e uma vitalidade desconhecida da sua rival austríaca", escreveu Cláudio Magris há três décadas e meia e tal como a cidade essa imagem continua intemporal... E o tempo é relativo em Budapeste, tanto podemos ter a noção de que estamos acelerados em relação ao fluxo cósmico porque a cidade vive a um ritmo agitado e em que se sente a excitação a pairar no ar pronta para nos agarrar como, noutra dimensão, podemos sentirmo-nos parados na história da Europa de tal forma ela respira em cada praça, nos boulevards, nas fachadas, nos passeios ao longo do rio que corre largo e tranquilo e onde a vida o acompanha despreocupada, alegre e gloriosa... Dizem que esse encanto de Budapeste se deve ao seu sangue vadio, fruto da mistura de povos do oriente e do ocidente que as migrações e as conquistas ali fizeram cruzar numa miscelânea cultural ímpar.
"De Buda para Peste" - Jean-Charles Forgeronne |
Budapeste é mais do que uma cidade, de facto são três cidades reféns do Danúbio que ora as separou durante séculos como as uniu numa só a partir de 1873, Óbuda e Buda situadas na margem oeste e montanhosa com as suas nove colinas de onde impera o seu castelo altaneiro e Peste, uma metrópole mercantilista que se estende pela planície da margem leste, e ainda hoje, apesar de juntas, cada uma continua com a sua identidade própria... De uma ou de outra margem o deleite da vista não tem limite, sejam as colinas de um lado ou sejam os icónicos monumentos do outro como o Parlamento ou a Basílica, que serão sempre os edifícios mais altos da metrópole com os seus 96 metros de altura, número transcendente para os húngaros e que honra o ano de 896 em que os magiares ocuparam o território, nenhum edifício poderá ser mais alto!
"Danúbio trágico" - Jean-Charles Forgeronne |
Usufruir do rio é vital em Budapeste e mesmo que cheire a programa turístico torna-se obrigatório um passeio de barco entre a Ponte da Liberdade e a ilha Marguerita, preferencialmente ao entardecer para desfrutar da maravilhosa vista do Parlamento iluminado...
"Danúbio nocturno" -Jean-Charles Forgeronne |
João Palmilha
(Viajante de Valmedo)
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