EFEMÉRIDE # 60
OS 50 ANOS DO MEU HOMEM DA LUA...
Foi impiedosamente intoxicante e pornográfica a quantidade de notícias que brotou nos últimos dias nos jornais e revistas, nos mil programas televisivos e radiofónicos, nos intermináveis debates e outras milhentas reflexões ou puras palermices sobre a passagem do cinquentenário da primeira alunagem do homo sapiens sapiens... Até parece que não havia mais ideia de jeito em todo o mundo sobre a qual pensar e falar! Claro que todos estamos fartos de saber que foi um americano, Neil Armstrong, que pisou pela primeira vez a superfície lunar e que disse aquela frase decerto estudada há muito pela NASA para servir de slogan ao sonho americano: "Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade", mas curiosamente consta que o protocolo da NASA previa que o primeiro a descer fosse Buzz Aldrin por ser o astronauta mais novo, tipo carne para canhão, enquanto o mais velho e experiente ficaria a manobrar o módulo lunar, só que um problema com a abertura da escotilha terá alterado a ordem das operações e assim, por acaso, foi mais conveniente ser Armstrong a sair primeiro... Verdade? Teoria da Conspiração? Impossível saber, o que se passou na lua fica na Lua e depois não é preciso conspirar mais porque milhões de pessoas em todo o mundo continuam convencidas de que tudo foi um embuste muito bem filmado pelo grande Stanley Kubrick e que nunca se chegou ao nosso satélite...
Mas para desenjoar, hoje, passados 50 anos e dois dias americanos (20 de Julho) e passados 50 anos e um dia portugueses (21 Julho, 4 da manhã), comemoro eu hoje os 50 anos exactos da primeira vez que vi o homem da lua, era assim que eu dizia aos cinco anos de idade, o "homem da lua"... E assim é porque, naquele tempo de miséria e ostracismo, só havia uma televisão na minha aldeia ribatejana, em pleno café do Fernando, no largo principal dos Parceiros, mas devido às intermináveis 15 horas de transmissão lucotorada pelo José Mensurado e ao adiantado da hora (4 da manhã) em que se deu o clímax do acontecimento, todos foram para o café menos eu e a minha avó, eu devido à tenra idade e ela porque não achava coisa de interesse por aí além... Mas quis o destino que tivesse chegado entretanto na véspera o tio Diamantino de Lisboa para umas merecidas férias provincianas, ele que era co-proprietário de uma oficina de automóveis na rua de Angola, ali pelos lados de Arroios, e com ele veio uma televisão com antena e tudo, havia luxos dos quais ele não abdicava... E tudo se conjugou, televisão em casa da minha avó, feliz coincidência porque cinco meses antes tinha sido inaugurada a luz eléctrica na terra, quase ao mesmo tempo do sismo que levou o meu avô, e assim, passado um dia, num noticiário qualquer que me apanhara acordado, pude então ver com olhos arregalados aquela imagem mítica do astronauta na lua e que é a minha memória importante mais antiga... E se fechar os olhos e me concentrar, vejo bem aqueles momentos como se fosse hoje... Mas não esqueço também que era tudo muito indefinido, nada bonito, imagens muito escuras, distorcidas e com muita poeira (mais tarde aprenderia que se deve dizer grão) e que não percebera lá muito bem a beleza da coisa.... Mas pronto, sobrevivi o suficiente para comemorar os 50 anos do meu homem da lua...
![]() |
Imagem da RTP em 1969 |
Mas para desenjoar, hoje, passados 50 anos e dois dias americanos (20 de Julho) e passados 50 anos e um dia portugueses (21 Julho, 4 da manhã), comemoro eu hoje os 50 anos exactos da primeira vez que vi o homem da lua, era assim que eu dizia aos cinco anos de idade, o "homem da lua"... E assim é porque, naquele tempo de miséria e ostracismo, só havia uma televisão na minha aldeia ribatejana, em pleno café do Fernando, no largo principal dos Parceiros, mas devido às intermináveis 15 horas de transmissão lucotorada pelo José Mensurado e ao adiantado da hora (4 da manhã) em que se deu o clímax do acontecimento, todos foram para o café menos eu e a minha avó, eu devido à tenra idade e ela porque não achava coisa de interesse por aí além... Mas quis o destino que tivesse chegado entretanto na véspera o tio Diamantino de Lisboa para umas merecidas férias provincianas, ele que era co-proprietário de uma oficina de automóveis na rua de Angola, ali pelos lados de Arroios, e com ele veio uma televisão com antena e tudo, havia luxos dos quais ele não abdicava... E tudo se conjugou, televisão em casa da minha avó, feliz coincidência porque cinco meses antes tinha sido inaugurada a luz eléctrica na terra, quase ao mesmo tempo do sismo que levou o meu avô, e assim, passado um dia, num noticiário qualquer que me apanhara acordado, pude então ver com olhos arregalados aquela imagem mítica do astronauta na lua e que é a minha memória importante mais antiga... E se fechar os olhos e me concentrar, vejo bem aqueles momentos como se fosse hoje... Mas não esqueço também que era tudo muito indefinido, nada bonito, imagens muito escuras, distorcidas e com muita poeira (mais tarde aprenderia que se deve dizer grão) e que não percebera lá muito bem a beleza da coisa.... Mas pronto, sobrevivi o suficiente para comemorar os 50 anos do meu homem da lua...
Mas de entre muitas outras desilusões sobre a história da LUA assalta-me aquela do TINTIN, descobri eu passada uma década sobre aquele extraordinário acontecimento, em plena reclusão na Biblioteca Municipal de Torres Novas por causa de um furo qualquer nas aulas do 9º ano de escolaridade que o primeiro ser vivo a pisar a lua, afinal, tinha sido o Tintim em 1952, imaginem, 17 anos antes de Armstrong! A outra grande desilusão é que, naqueles meus devaneios aos 5 anos de idade, me convenci então que o Homem iria conquistar o Universo inteiro, quem vai à Lua vai a todo o lado, pensava eu na altura, e agora, à beira da reforma e da insanidade, constato com amargura que afinal ainda não passamos da Lua, nem Marte se avista, nem Júpiter parece possível quanto mais o Raio que o parta...
João Plutónico
(Astrofísico de Valmedo)
João Plutónico
(Astrofísico de Valmedo)
Não por acaso é, também, uma das mais avózinhas imagens que a minha já esburacada memória conserva desses tempos. A "aterragem" da cápsula da Apollo em solo desolador do nosso satélite. Se a coisa aconteceu na realidade ninguém a não ser os próprios o saberá. Mas até essa dúvida me assaltar a inteligência, faz-me espécie da razão de, desde então, não mais se ter posto o pezinho naqueles vales cor de prata. Se calhar não é assim tão fácil, mesmo com a tecnologia actual. Daí o reforço das minhas dúvidas e suspeitas: será que...?
ResponderEliminarexactamente, só as viagens espaciais dos teus camaradas da gloriosa urss é que se realizaram... e sem miséria nem ostracismo, até porque lá, como na coreia do norte e afins, é tudo fartura e jovialidade...
ResponderEliminar