quarta-feira, 19 de dezembro de 2018



ALMONDAVIEIROS



"Incerto o pão na sua praia, só certa a morte no mar que os leva, eles partem. Da Vieira-de -Leiria vêm ao Ribatejo. Aqui labutam. Alguns voltam ainda roídos das saudades do seu mar. Muitos ficam. AVIEIROS lhe chamam na borda-de-água."    in  "Avieiros", Alves Redol.





Na sua obra de eleição, dada à luz em 1942, Alves Redol chamou a estes ciganos do rio AVIEIROS, embora a sua origem não fosse exclusivamente da Vieira, eles também vinham de Ílhavo, Murtosa, Ovar ou Torreira, chegavam escorraçados daquela inclemente orla marítima em busca de sustento no tranquilo Tejo pois a frota piscatória atlântica, então já saturada de mão de obra, não era futuro...
Foi uma das maiores vagas migratórias lusitanas, a desta gente que decidiu viver quase exclusivamente no rio, contra a corrente... Ao princípio, ainda iam e vinham, Inverno no Tejo e Verão na costa, mas depois, cansados de tanto vaivém, aassentaram arraiais, que é como quem diz, barracas de madeira assentes em estacas, as PALAFITAS, pintadas de cores garridas para enganar a dureza dos dias...



Âncora e leme do último varino do rio Almonda


Os rios, Tejo e Almonda, muitas vezes não chegavam para tudo, havia que complementar o sustento nas safras de melão, milho ou tomate, a vida era dura! Mas deixaram um corajoso e ímpar testemunho cultural...


Azinhaga


João Alembradura
(Historiador de Valmedo)

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