O FOGUETÓRIO MALVADO!
Pronto, amigos caninos, lá chegou esta maldita época do ano em que aqui à volta desata tudo a lançar foguetes e fogo de artifício como se o mundo fosse acabar amanhã e de facto é bem possível que ele acabe mesmo em breve mas para mim, tal o alvoroço em que já me encontro, há dois dias que perdi o apetite e não tenho dormido lá muito bem, acreditam que já cheguei ao ponto de acordar madrugada cerrada com aqueles medonhos barulhos das explosões e depois vai-se a ver e foi tudo obra do meu subconsciente, uma partida da minha imaginação porque só hoje à noite, último dia do ano para os humanoides, é que a coisa vai mesmo acontecer? Sofro por antecipação, é o que é!
-James, o que se passa? Não me digas que já te estás a esconder dos foguetes, calma, sua bicheza, vai correr tudo bem, afinal vou cá ficar contigo e vamos fazer os dois uma festa bem fixe... - ouvi para meu espanto o J.C. dizer quando me descobriu enroscadinho bem debaixo da lareira do grelhador, um dos meus esconderijos de eleição porque aí os sons chegam abafados...
E de facto, amigos caninos, disse-me o J.C., todo este stress que nos é causado pelo fogo de artificio resulta do nosso apurado instinto de sobrevivência, afinal quem não relaciona estrondos e barulhos intensos repetidos como uma ameaça, um perigo iminente? E sabem vocês que nós temos uma audição muito mais sensível que as pessoas e que conseguimos identificar barulhos a distâncias muito maiores, antecipando o perigo?
E não menos importante, amigos caninos, nem todos nós sofremos de igual modo com os foguetórios mas sabiam que há muito cão que sofre mesmo muito com isso, desde vómitos, diarreia e incontinência a casos mais graves como episódios de pânico e até ataques cardíacos fatais? E eu que vos diga, já passei muito mal em anos anteriores...
Mas agora não ides acreditar, o J.C. chama por mim e entro em casa, tenha a minha caminha pronta em plena sala, mesmo ao lado da televisão e da iluminada árvore de natal, portas e janelas fechadas para não ver relâmpagos nem ouvir explosões, uns biscoitinhos para me alegrar e uma música ambiente para relaxar...
E enquanto penso o que fiz eu para merecer todas estas mordomias o J.C., descendo do primeiro andar depois de ter espreitado o fogo pirotécnico na Areia Branca, esclarece:
- Sabes, bicho, já não vais para novo e tive medo que o teu coração não aguentasse...
E não aguentei, elevei-me o mais que pude e dei-lhe um abracinho...
Um bom ano novo para todos vós, queridos amigos caninos...
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"Areia Branca" |
James
(Cão de Valmedo)
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