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"Pelotão" de Nuno Vasa, 2017 - Rotunda do Arena, Torres Vedras |
Jean-Charles Forgeronne
Já não pode um pobre fotógrafo sair à rua depois de meses de confinamento e embrenhar-se na natureza selvagem sem apanhar um valente susto, senão reparem naquilo com que me deparei em plena caminhada:
Tenham muito cuidado, eles andam por aí!
"Toda a manifestação artística é política! Vivemos em rede, não somos uma ilha, nada é uma ilha..."
"Há tanto tempo que não me ocupo do jardim
A última vez estava frondoso
A buganvília a tingir-se de vermelho
Trepando o perfume inebriante
E as festas ao cair da tarde
Parece que foram há séculos
Noutra encarnação
Os meus amigos traziam as bebidas
E a jovialidade
O jardim enchia-se de gente, de beijos
Pelos cantos sôfregos de desejo
Inventamos planos de rebelião
Sonhos de transmutação
Passámos horas a inventar
Entre duas carícias
Surgiram ideias puras e inocentes
Como a nossa vontade de tudo abarcar
Era um frenesim constante
Faz-me pena agora
Olhar para ele
Para as suas sebes abandonadas
De ramos retorcidos jaz tombada a grande epícea
E uma enorme cratera
Substitui os belos canteiros de outrora.
Há tanto tempo que não me ocupo do jardim...
Há tanto tempo que não me ocupo do jardim...
como que de repente refreado
na doida correria em que levado
ia em busca da paz, do esquecimento...
como pára um cavalo alucinado
ante um abismo súbito rasgado...
Pára e fica-se e demora um momento.
Pára à beira do abismo e se demora
e mergulha na noite escura e fria
Mas a espora da dor do seu flanco estria
e ele galga e prossegue sob a espora..."
"Não deixes passar uma vida toda
para teres certezas
daquilo que te incomoda,
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Foto: João Andarilho |
"Lagrimas kinsi "Vieram então as lágrimas
I intchi dentru di un korson di mimu e elas transbordaram do meu coração mimado
Alegria prumesa son di momentu A alegria é promessa passageira
Amor livre stau na sangui Está no teu sangue viver livre
Anta gosi gora i kuma i kuma Mas e agora, como é que vai ser?
Pa no fikal sin" Vamos deixar assim?"
"Os sinos da munhuana estão velhos,
tocam nas enrugadas horas da esperança
murcha, o cansaço das lembranças estampadas
nas casas de madeira e zinco.
E no chão cimentado por pântanos
as rãs fazem ajustes de contas com o eco do abandono..."
Há na memória um rio onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
sobre as águas as folhas recurvadas.
Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.
Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta de uma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.
Há um retrato de água e quebranto,
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.
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"José Saramago", Do Carmo Vieira, 2018 |
Ingredientes:
500 grs de camarão cozido
1/2 pimento verde e 1/2 pimento vermelho às tiras
1 cebola roxa picada
3 dentes de alho picados
3 tomates maduros picados
salsa e coentros
leite de coco (200 ml)
azeite de dendê (3 colheres de sopa)
piri-piri (a gosto)
PREPARAÇÃO:
- Refogar em lume brando durante 10 minutos no azeite de dendê a cebola, os alhos, os pimentos e os tomates, mexendo com frequência para não pegar;
- Juntar os camarões cozidos previamente temperados com sal e sumo de limão, a salsa e os coentros e deixar apurar mais 5 minutos;
- Adicionar o leite de coco, mexer bem e cozinhar por mais 5 minutos;