LIVROS 5 ESTRELAS - XXIV
CALUANDAS, XARÁS E MAKAS...
E porque hoje é o Dia Mundial do Livro celebremos um, um pequenino de apenas 140 páginas que me chegou emprestado pelas mãos de um chará e que por sua vez o tinha recebido autografado pelo autor também nosso chará, de rápida e fácil leitura a condizer com estes modernos tempos que padecem da doença da pressa, essa pandemia que nos rouba amiúde a descoberta e a felicidade da leitura mas que depois nos recompensa quase até ao infinito... São sete os contos que compõem " O dia em que Charles Bossangwa chegou à América", obra de JOÃO MELO, caluanda, escritor, jornalista, publicitário, professor universitário e consultor nascido em Luanda, poeta e contista premiado e traduzido em várias latitudes e com fortes ligações à Lusitânia, tendo estudado em Coimbra e sendo actualmente, por exemplo, cronista no Diário de Notícias...

Desde a história de Jorge Kalupeteka, um mulherengo intratável num país desgovernado, ao triste epílogo de um triste ministro que tinha apostado toda a sua vida numa carreira política, passando pela saga da Dona Felismina, angolana de gema com uma visceral aversão a tudo o que era chinês ou vindo daquelas amarelas regiões, passando pela desgraçada vida de Ana Maria, uma bela moçoila que acaba a revoltar-se por causa de cuecas e calcinhas, mergulhando na questão existencialista de um homem refém de um torcicolo ou na aversão que um angolano tem em relação ao verbo malhar, tudo é uma onda de inquietação e fino humor perante a política, a economia e as makas por resolver da sociedade angolana, tudo acabando na odisseia de Charles Bossangwa que um dia decidiu abandonar tudo aquilo e rumar à América...
Boa leitura, caluandas e xarás...
João Vírgula
(Leitor de Valmedo)
Meu camba. Toda a história de Angola é forrada de estórias, mitos, lendas e feitiços com muita maka à mistura. "O Dia em que Charles Bossangwa chegou à América", é um pequeno livro com pequenas historietas pitorescas, caracterizadora da actual sociedade angolana, escrita num linguajar cómico e despretencioso, demasiado rococó quanto a mim, mas que nos pendura um permanente sorriso nos lábios. A estória da Ana Maria e das suas calcinhas, então, é desconcertante. Boa leitura sem dúvida.
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