sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 

E A BALEIA POUSOU NA AREIA BRANCA...

Quem, como eu hoje fiz, subir os 115 degraus da escadaria que dá acesso da Praia da Malhada até ao alto da arriba irá decerto parar algumas vezes e olhar com outra atenção para trás em direcção ao mar revolto, é que a subida será inevitavelmente feita por entre ecológicos escritos na parede que alertam para a fragilidade do planeta e para a necessidade de o preservarmos... Não se sabe quem escrevinhou mas ainda bem que o fez, para mim aquele manifesto tem ar de juventude irrequieta e activa e isso alegra-me porque não pode haver melhor sinal e garantia de que o futuro poderá ter ainda alguma viabilidade, afinal serão as gerações mais novas que irão herdar esta casa comum e única que nós, mais velhos, lhes vamos deixar já com muitas doenças e algumas delas incuráveis!

"O planeta não é reciclável" - Jean-Charles Forgeronne

Infelizmente, o curioso é que alguém que não esteja suficientemente informado e alertado para os gravíssimos problemas relacionados com a poluição dos oceanos e mares pode facilmente entrar em negação e  desprezar aquelas chamadas de atenção escritas numa singela escadaria de uma praia pouco frequentada (e ainda bem, acrescento...), é que ao olhar para trás e ao constatar toda aquela beleza e serenidade podemos facilmente duvidar de que algo esteja mal e até convencermo-nos de que tudo não passa de exageros!

"Praia da Malhada" - Jean-Charles Fotgeronne

Mas continuemos a agradável subida, eis que venço o último degrau e chegado ao alto viro à direita e desço pela Alameda do Golfinho e mesmo à entrada da Praia da Areia Branca, defronte da Pousada da Juventude, (e que melhor sítio?, pensei eu depois), ali estava ela, primeiro indefinida porque é transparente ou não fosse feita de arame de malha fina mas depois pujante na sua mensagem, uma BALEIA que deu à costa qual mensagem desesperada numa garrafa lançada de um mar distante... É que esta baleia mostra através da sua transparência o lixo plástico que intoxicam as baleias reais, aqueles monstros marinhos com milhões de anos de história no lombo... No mínimo, dá para pensar um pouco, ou não? 

"A BALEIA" - Jean-Charles Forgeronne
E assim, em que acreditar, ou na praia da Malhada azul e lindíssima, imaculada e eterna, ou na baleia condenada à morte plástica? O melhor, a meu ver, é acreditar nas duas e fazer algo enquanto é tempo, nem que seja escrevinhar numa singela escadaria que dá acesso ao mar azul, por enquanto...

João Green
(Ecologista de Valmedo) 

Sem comentários:

Enviar um comentário