quarta-feira, 10 de outubro de 2018



PEREGRINO...

Pelo longo caminho, sinuoso e duro,
a beleza por longas horas se esconde,
o suor tolda a vista, a garganta secou,
a roda não rola, os teus pés pedem clemência...
Não mudaste ainda, falhaste a mudança agora
que a montanha te espera, cruel e sombria,
partiu-se a corrente que te ligava ao mundo ancestral...


Já sabes agora como é difícil seguires puro,
e essa fé em ti que tanto te orgulha, deixaste-a onde?
"Calma! No pasa nada...", uma voz te falou,
é o Velho da Revolta aconselhando paciência:
"A sabedoria não se alcança num dia ou numa hora,
alivia o teu peso, acalma a dor no regato de água fria,
deixa para trás o que não precisas, daí não virá mal..."


"Bom caminho" - dizes quando te cruzas
com o estranho que regressa de olhos ardentes
e nem reparas que ele és tu, transfigurado,
e por maior que seja o mistério, não fujas,
abençoado serás desde que muito tentes
tornar-te melhor, mais forte, iluminado...

Que demandas tu, solitário peregrino, enfim,
o perdão para o pecado pouco original,
a alma que perdeste algures no frenesim
ou a salvação do que ainda te é sobrenatural?


J.C
(Poeta de Valmedo)



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