O PONTO, A ESFERA E O ABSURDO... - II
Sabe-se, ou antes, pensa-se saber já muita coisa acerca do Universo e dúvidas não existem de que são dados mirabolantes, por exemplo o facto de ter surgido há 14 mil milhões de anos ou o de estimar-se que contém 100 mil milhões de galáxias, muitas delas bem maiores que a nossa VIA LÁCTEA! Respiremos fundo, são apenas números, mas assustam se pensarmos em nós e no nosso cantinho terreno, aqui escondidos num insignificante Sistema Solar: a TERRA foi formada já o Universo era velho de 9000 milhões de anos, o nosso SOL é uma estrela entre biliões de outras, com morte anunciada e apenas faltando a data do funeral e nós, seres humanos que nos julgamos especiais e divinos nesta imensidão absurda somos uma criação de última hora, talvez um acaso.... Carl Sagan teve a brilhante ideia de nos apresentar estes números incompreensiveis de um modo sedutor e simples: representou a história do Cosmos num ano terrestre e assim, o BIG BANG deu inicio a tudo a 1 de Janeiro, a formação do Sistema Solar terá acontecido a 24 de Agosto enquanto o aparecimento do Homo sapiens apenas teve lugar a 4 minutos do final do ano, às 23:56 horas do dia 31 de Dezembro. Pergunta-se: tanto tempo para quê? O que terá acontecido entretanto? Se a ideia foi o nosso aparecimento, que desperdício de tempo e matéria!
Mas a curiosidade humana não tem limites e ainda bem que assim é. Podíamos baixar a cabeça e limitar-nos ao nosso quotidiano, não perder tempo com a extravagância universal, mas queremos descobrir, a ânsia de saber domina-nos e bem aventurados sejam aqueles que continuam a ousar sair da nossa pequenez e compreender as coisas infinitas. EINSTEIN e outros revolucionaram o nosso conforto ao desvendarem um Universo em constante transformação, relativizando tudo, espaço, tempo, matéria e dimensão, e até ameaças como os buracos negros, mas para que todas estas variáveis ganhem sentido, há uma questão essencial: "qual a forma, a geometria, do Universo?"
Será possível a nós, civilização evoluída do século XXI, repetirmos o feito que os antigos gregos conseguiram em relação à forma da Terra e conseguirmos, apenas pelos cálculos, descobrir qual a forma deste Universo? Eles nunca viram a Terra do espaço e nós nunca veremos este Universo do lado de fora mas se eles conseguiram porque não tentarmos também? Foi o que pensou HENRI DE POINCARÉ, matemático, físico e filósofo, ao apresentar a sua celebérrima conjectura, um dos maiores problemas matemáticos apresentados e que demorou 100 anos a ser resolvido por um obscuro e anti-social matemático russo...
Observatório do CCV de Constância |
João Plutónico
(Astrofísico de Valmedo)
Sem comentários:
Enviar um comentário