segunda-feira, 9 de julho de 2018


O PONTO, A ESFERA E O ABSURDO... - I


Não foi preciso esperar pelo século XX e pelo advento do foguetão para que o Homem tivesse a certeza de que a Terra é redonda, embora fosse essa a maneira mais fácil de o comprovar, bastava levantar voo e observar do alto o planeta lá em baixo, azul e redondinho...
A ideia da redondeza do planeta nasceu 600 anos (!) antes de Cristo, na Grécia Antiga, pelas contas dos matemáticos gregos, especialmente de PITÁGORAS que, além de filósofo, dedicou-se ao estudo e desenvolvimento da aritmética, da geometria e da astronomia, para além de ser poeta nas horas vagas.... Um revolucionário no seu tempo...
E foi preciso esperar 300 anos para que as suas ideias sofressem um impulso através de outro grande pensador, ARISTÓTELES, o qual apresentou uma série de argumentos que sustentavam a ideia da esfericidade da Terra e que culminou no seu cálculo da circunferência terrestre, errando por pouco...
Mas pelos séculos fora predominaria ainda a ideia da Terra plana, faltavam provas e reinava o modelo criacionista que colocava a Terra imóvel no centro do mundo divino... Foi preciso GALILEU sacrificar-se afirmando que "No entanto, ela move-se..." e outros cientistas e astrónomos morrerem na fogueira para alterar o paradigma da imobilidade!




E quanto à forma da Terra, foi um português que apresentou a prova cabal e indesmentível que ela é bem redonda...  FERNÃO DE MAGALHÃES, com a sua circum-navegação, deu a volta ao globo e chegou em 1521 ao ponto de onde partira, se a Terra fosse plana ainda hoje as suas naus poderiam estar a navegar.... A matemática dos gregos estava certa e se serviu para adivinhar a forma da Terra, porque não aplicá-la a questões mais vastas como, por exemplo, a forma deste misterioso Universo que tanto nos fascina como nos desorienta? E se este COSMOS nos parece infinito tal a sua dimensão, afinal pode não o ser, como também pode ser apenas um de muitos outros, pode ainda ter muitos irmãos gémeos paralelos e pode até um dia morrer... Para complicar mais as coisas parece que as leis pelas quais ele se rege não são nada absolutas mas antes muito relativas e elásticas, quase imprevisíveis, o que implica ser pouco o que sabemos desta vastidão de espaço, energia , densidade e tempo, de tal forma que às vezes damos connosco a pensar no absurdo que é toda esta existência....




João Plutónico
(Astrofísico de Valmedo)

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