sábado, 3 de março de 2018




"Estava ali como nas estampas coloridas, tranquilo e frio como a mãe que o pariu, dando ordens sem se voltar, em voz baixa, com o chapéu enfiado, enquanto marechais, secretários, ordenanças e mensageiros se inclinavam respeitosamente à sua volta. (...) Mas ele não se alterava: continuava imóvel no topo da sua colina como quem está no topo do mundo. Ele lá em cima e nós cá em baixo vendo-as chegar de todas as cores e tamanhos. Le Petit Caporal, o Pequeno Cabo, chamavam-lhe os veteranos da sua Velha Guarda. Nós chamávamo-lo de outra maneira. O Anão Maldito, por exemplo. Ou Le Petit Cabrão.
(...) De repente deteve-se, fixo num ponto. O Anão afastou por momentos o olho da lente, esfregou-o, incrédulo, e voltou a olhar.
   - Alguém pode dizer-me que diacho é aquilo?
E apontou para o vale com um dedo imperioso e imperial, aquele que tinha utilizado para indicar as PIRÂMIDES aquando daquilo dos quarenta séculos..."

in "A Sombra da Águia" ,  Arturo Pérez-Reverte



João Alembradura
(Historiador de Valmedo)

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