IMAGINAR,  DESCREVER,  OBSERVAR...

Júlio Verne não se limitou a inventar o futuro ou a explorar as regiões mais recônditas do planeta, a pesquisar os fundos oceânicos ou o interior da Terra, nem sequer ficou saciado com as viagens siderais, também ousou viajar ao passado longínquo do planeta.. 

Quando, numa viagem ao centro da Terra, decide povoar um mundo perdido no tempo de animais  pré-históricos fabulosos, está ainda a antecipar-se à ciência que um século mais tarde há-de recriar esse mundo sáurio....

Ilustração de "Viagem ao centro da Terra"

"Vejo o olho sangrento do ictiossauro, do tamanho da cabeça de um homem. (...) Foi justamente chamado a "baleia dos sáurios", pois possui a mesma rapidez e as mesmas dimensões. Não mede menos de cem pés, e consigo avaliar o seu tamanho quando ergue acima das vagas as barbatanas verticais da cauda. (...) O plesiossauro, serpente de tronco cilíndrico, de cauda curta, tem as patas dispostas em forma de remo. O corpo é inteiramente revestido por uma carapaça, e o pescoço, flexível como o de um cisne, ergue-se trinta pés acima das vagas. Estes animais atacam com uma fúria indescritível..."

Ilustração de Louis Figuier, 1863

Verne, para a sua recriação do mundo pré-histórico, muito pesquisou, inquiriu e debateu mas, face à incipiente ciência paleontológica da sua época, muito ainda terá saído da sua imaginação....  Terá talvez desesperado algumas vezes por não ter tido acesso a um museu jurássico a céu aberto, inserido no meio ambiente, terá até talvez idealizado um parque temático onde fosse possível ao curioso visitante absorver toda a atmosfera daquele mundo maravilhoso e perdido.... O quanto não adoraria o eterno sonhador estar hoje na inauguração do Parque dos Dinossauros da Lourinhã, quanto mais não fosse para comparar a realidade com as suas fantasias...
Hoje, o espírito de Júlio Verne deambula pelo Oeste....

João Atemboró

(Naturalista de Valmedo)