terça-feira, 13 de fevereiro de 2018


EFEMÉRIDE # 40


"ÓBVIAMENTE DEMITO-O"...


Os livros de História dizem-nos que HUMBERTO DELGADO foi assassinado pela PIDE no dia 13 de Fevereiro de 1965 e esse é um facto verídico, realmente aconteceu, mas o que os livros por vezes não contam é a forma como aconteceu a história...
O General que afrontou o regime, desafiando-o nas eleições presidenciais de 1958 e das quais saiu derrotado devido a uma monstruosa fraude, vivia desde então exilado na Argélia, fugindo da perseguição política que lhe era movida. Mesmo longe do país, nunca perdera a esperança em derrubar o regime e não o tendo conseguido nas urnas devido a batota, convencera-se que só o caminho da luta armada poderia ter sucesso e por isso liderou o assalto ao Quartel de Beja, em 1962, um golpe fracassado... A partir daí, torna-se novamente o inimigo público número 1 dos fascistas e começa a ser preparada a "OPERAÇÃO OUTONO", um plano orquestrado pela polícia política para atrair  Humberto Delgado para uma cilada.


Os livros dizem que, numa troca de tiros com uma brigada da PIDE, o General, surpreendido porque esperava encontrar-se com oficiais do Exército português anti-situacionistas, é assassinado juntamente com a sua secretária, Arajyr Campos, num local ermo perto de Badajoz... No entanto, muitos anos mais tarde, Rosa Casaco, o inspector que chefiava a operação, numa entrevista ao Expresso em 1998, assegura que a intenção não era matar o General mas sim raptá-lo, levá-lo para Portugal e prendê-lo e vai mais longe: Delgado não estaria armado sequer e teria sido morto à queima-roupa, apesar de terem sido encontradas munições alegadamente da sua pistola pessoal. Qual das versões corresponde à verdade? E se não era para matar, o que correu mal?
Os livros também dizem que os cadáveres do general e da secretária foram regados com cal e ácido sulfúrico e abandonados perto de Villa Nueva del Fresno e que acabariam por ser descobertos passados dois meses, mas não dizem como foram descobertos...!
Isso, quem o diz,numa entrevista à Sábado datada de 2013, é Felipe Porra, o jovem de então 15 anos e que deparou com o macabro achado... Andava ele juntamente com um amigo, de fisga na mão, à caça de pássaros para fritar. Viu uma cabeça no chão mas não ligou muito por pensar tratar-se de um animal e só quando encontrou outra cabeça mais à frente, esta ostentando ouro nos dentes, se convenceu que seriam pessoas que ali estavam parcialmente enterradas.... As cabeças tinham sido comidas pelos cães e faltavam partes dos corpos, levadas por animais. O horror daquela visão haveria de perseguir aqueles jovens pelo resto da vida...




Valem as memórias futuras de um homem corajoso e a quem foi devolvida a dignidade: desde 1990 que os seus restos mortais jazem no Panteão dos heróis da Pátria e o aeroporto da capital ostente o seu nome desde 2016....

João Breve
(Cronologista de Valmedo)

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