EFEMÉRIDE #  41


O BARBEIRO DE SEVILHA

Um fracasso! Uma tragédia... Tudo correu da pior maneira possível! Na noite de 20 de Fevereiro de 1816, em Roma, no Teatro Argentina, ocorreu uma das mais azaradas estreias de uma peça erudita! A ópera "O Barbeiro de Sevilha" teve uma monumental saída em falso, um verdadeiro fiasco... Mas apelando ao seu orgulho de genial criador, GIOACHINO  ROSSINI alterou algumas partes da partitura, especialmente a entrada, e aí tudo ficaria diferente, tornar-se-ia  numa das óperas mais idolatradas e famosas de todos os tempos...

Gioachino Rossini

ROSSINI compôs 38 óperas e em todas, excepto uma, esteve presente na sua representação, porque tinha o hábito de melhorar a sua composição enquanto assistia aos ensaios, ajustando a obra aos intérpretes vocais e às vicissitudes instrumentais...
A única ópera da sua autoria a que nunca assistiu à estreia foi "ADINA", composta por encomenda do TEATRO SÃO CARLOS, em Lisboa, corria o ano de 1818, mas que, à boa maneira lusitana e por vicissitudes várias, só viria a ser estreada em 1876, já Rossini tinha morrido há 8 anos...

O compositor teve tanto sucesso ou deleite pessoal que decidiu, incompreensivelmente, abandonar a arte da composição... Ou seja, trabalhou apenas durante 19 anos (1810-1829), até aos 39 anos de idade, e o resto da sua vida, que duraria ainda até aos 76 anos, passou-o em modo de reforma contemplativa....

Consta que o ilustríssimo e adorador RICHARD WAGNER visitou Rossini em 1860, já o mestre estava retirado há muitos anos e lhe terá perguntado porque tinha abandonado a arte há tanto tempo, ao que ele lhe terá respondido que desistiu devido ao desaparecimento dos "castrati", aqueles mutilados que sustentavam o  "cantar que bell'anima", o belo canto italiano...

Ou seja, é tudo uma questão de tomates... E a história de FÍGARO, o barbeiro, não ficaria por aqui...

O Barbeiro de Sevilha

Teatro São Carlos

João Sem Dó

(Musicólogo de Valmedo)