terça-feira, 3 de outubro de 2017


Em 1654, há 363 anos portanto, já alguém pensava assim:



"Falando dos peixes, Aristóteles diz que só eles, entre todos os animais, se não domam nem domesticam. Dos animais terrestres o cão é tão doméstico, o cavalo tão sujeito, o boi tão serviçal, o bugio tão amigo ou tão lisonjeiro, e até os leões e os tigres com arte e benefícios se amansam. Dos animais do ar, afora aquelas aves que se criam e vivem connosco, o papagaio nos fala, o rouxinol nos canta, o açor nos ajuda e nos recreia; e até as grandes aves de rapina, encolhendo as unhas, reconhecem a mão de quem recebem sustento. Os peixes, pelo contrário, lá se vivem nos seus mares e rios, lá se mergulham nos seus pegos, lá se escondem nas suas grutas, e não há nenhum tão grande que se fie do homem, nem tão pequeno que não fuja dele. 
(...) PEIXES! Quanto mais longe dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com eles, Deus vos livre!
(...) Ao menos têm os peixes  duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam!"



"Sermão de Santo António", Padre António Vieira   


Tanto tempo passou e o mundo dos peixes e dos humanos continua igual....






João das Boas Regras

(Sociólogo de Valmedo)

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